terça-feira, 25 de dezembro de 2007

No reino das perguntas-chavão

Há algumas semanas postei um texto sobre uma das principais frias que me meti em minha curta carreira jornalística: ter me tornado protagonista, mesmo que de forma involuntária, de uma coletiva de economia, assunto do qual entendo pouco.

A saída foi utilizar o que chamaria de pergunta-chavão para me livrar do enrosco em que havia me metido.

Em um exercício livre feito outro dia desses com uma coleguinha de outra editoria, chegamos a algumas perguntas-chavão, a serem utilizadas em qualquer coletiva, de acordo com o caderno em que o jornalista trabalha. Em uma coletiva, nunca deixe de ter sua pergunta-chavão engatilhada, para se livrar de qualquer contratempo.

Deliciem-se com as questões (mostram que temos sido um tanto repetitivos):

Brasil
Para o deputado: O partido fechou com o governo na questão da CPMF/da reforma tributária/do aborto (ou qualquer tema polêmico do momento)?

Para o presidente: As estatísticas de melhora do IDH não escondem um avanço social ainda tímido do país?

Para o senador: O sr. é a favor da cassação?

Para o ministro do STF: Essa medida é inconstitucional?

Para o ministro de qualquer pasta: Como o ministério fará para se adequar ao novo orçamento?

Mundo
Para intelectual de Harvard: Na opinião do sr., o que falta para que árabes e judeus (ou tustis e hutus ou qualquer grupos em conflito no planeta naquela semana) assinem novo acordo de paz?

Para intelectual da Sorbonne: O que falta para que a democracia seja expandida a todo o mundo?

Para líder europeu: Como políticas de redistribuição de renda podem beneficiar países da África?

Para algum líder do G-8: As leis migratórias de EUA/União Européia podem tornar-se novo foco de tensão social?

Para ativista ambiental: A ausência de EUA e China tornam o Protocolo de Kioto inócuo?

Cotidiano
Para o vereador: O sr. é a favor do novo plano diretor?

Para o comerciante: Qual é a expectativa de aumento das vendas com o natal/dia dos pais/mães/namorados?

Para o desabrigado: O sr. vai cobrar uma solução das autoridades?

Para o prefeito: Quais são os principais desafios da nova gestão/novo ano/novo mandato?
Que alternativas a prefeitura estuda para os desabrigados do Jardim Pantanal/Capão Redondo/Parelheiros (ou qualquer outro local em que tenha havido enchente, incêndio ou retomada de terreno pela PM)?

Esporte
Para o técnico: O sr. vai promover alguma alteração tática em função do adversário (ou da ausência do fulano, ou da volta do sicrano)?

Para o jogador (após vitória): Qual foi o segredo da equipe para o triunfo de hoje?

Para o jogador (após derrota): O que achou da arbitragem?

Para o atleta brasileiro (após ganhar medalha): Para quem você dedica o ouro?

Para o atleta brasileiro (após perder medalha): O que faltou hoje?

Dinheiro
Para o empresário: Qual é a análise do sr. a respeito da taxa de juros?
É possível o Brasil conseguir preços competitivos diante da concorrência dos produtos chineses?

Para economista do governo: Como será a política tributária do governo sem a CPMF?

Para qualquer um: A alta/queda do dólar/euro irá influenciar o desempenho da bolsa?
A alta/queda do dólar/euro vai ajudar/prejudicar as exportações brasileiras?

Ilustrada
Para qualquer personagem: Qual é a análise do sr. a respeito da política cultural do governo?
O sr. acredita que os patrocínios do governo federal são dirigidos?

Para o cineasta: Sobre o que trata seu novo filme?
Que diálogo ele faz com sua obra anterior?

Para o escritor: O romance morreu?
Seu novo livro é baseado em sua experiência de vida?

Para o diretor de teatro: O objetivo de sua nova peça é subverter com a passividade do público?
Shakespeare (ou Artaud ou Pasolini ou Ibsen ou Becket, dependendo do grau de loucura do sujeito) te influenciou?

Faltou alguma? Aceito sugestões.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Afogando em números

De forma iniesperada consegui folga da redação para disputar a São Silvestre pelo segundo ano consecutivo. Será minha terceira participação na corrida. E, neste ano, venho respaldado por ter corrido minha primeira meia-maratona (a de São Paulo, em 11/3: 2h17min25s), minha primeira prova fora de SP (o revezamento Bertioga-Maresias, em 7/10) e batido minhas marcas pessoais nos 10 km (Corrida Santos Dumont, em 12/10: 50min58s; o recorde de 52min28s durava três anos) e 15 km (Sargento Gonzaguinha, dia 16/12: 1h23min11s, marca anterior, 1h28min25s era da São Silvestre-2006).

Mas não é sobre a satisfação de correr a prova que quero falar. E sim dos números extraordinários da maior corrida de São Silvestre da história. Seremos 20 mil atletas largando da Paulista às 16h45.

Para esse batalhão de gente (a prova só é menor em SP do que a Nike 10k, que teve 25 mil amadores anunciados), haverá, de acordo com os organizadores, um exército de 4.500 pessoas trabalhando. Desses, 3.000 são membros da PM e da Guarda Civil Metropolitana para garantir a segurança (um para cada pouco mais de 6 atletas). Haverá cerca de 250 médicos e enfermeiros de plantão (um para cada 80 atletas) em 15 ambulâncias postadas pelo percurso de 15 km (uma por km).

Além da medalha, os kits que serão distribuídos após a prova conterão um sanduíche, uma garrafa de isotônico e uma barrinha de cereal. Nada mal para repor as energias.

Agora, o dado que me causou mais estranheza foi a respeito da água que será servida aos participantes. De acordo com a divulgação da prova, serão 450 mil copos. Como seremos 20 mil corredores, dá 22,5 copinhos para cada um. Isso porque não contei aqueles que desistirão no meio do caminho, os inscritos que acabam não correndo por lesão ou viagens de Réveillon de última hora e aqueles (como eu e tantos), que não pegam copos em todas as paradas.

Considerando que a média nas corridas é ter uma barraca de água a cada 3 km de prova, e que devo beber mais um na chegada, são seis copinhos. A pergunta que não consigo responder é a seguinte: onde irão parar meus outros 16,5 copos?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Fé e futebol

Frédéric Kanouté não é só o jogador com mais acentos em seu nome. O malinês, que defende o Sevilla e atua pela seleção francesa, também é um "investidor" religioso.

Muçulmano, Kanouté comprou uma mesquita localizada na Praça Ponce de León, na capital da Andaluzia. O local iria fechar. Pelo mimo, doado à comunidade islâmica, pagou 510.860 euros (cerca de R$ 1,324 milhão).

Com a iniciativa, o jogador pretende favorecer a comunidade de argelinos e senegaleses da cidade, que compartilham de sua fé.

Além do investimento na mesquita, Kanouté também mantém fundação no Mali em benefício de crianças órfãs. Ele foi revelado pelo Lyon (França) e chegou ao Sevilla há dois anos.

"Trabalhamos pela educação. A idéia é também criar um povo de crianças, com várias casas individuais e um grande bloco de edifícios", contou à agência France Presse.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Malandragem mongol

Destituído de número um do sumô, o mongol Asashoryu, regressou ontem ao Japão tentando resgatar seu prestígio. Ele terminou suspensão de alguns meses, devido a atitude tomada no último verão japonês, considerada incompatível com as regras do tradicional esporte japonês.

O yokozuna (grande campeão) Asashoryu, 27, cujo verdadeiro nome é Dolgorsuren Dagvadorj, chegou ao aeroporto de Narita (próximo a Tóquio) onde foi cercado por uma centena de jornalistas.

Após triunfar em um torneio em julho, Asashoryu justificou a ausência de uma jornada de caridade, com a presença de oito lutadores, por estar lesionado. Esse torneio é considerado uma obrigação, e todos os campeões são obrigados a participar.

Mas, logo após regressar à Mongólia, Asashoryu foi flagrado pela TV disputando animadas peladas de futebol com seus compatriotas.

Isso irritou os japoneses.A federação local o suspendeu, então, por quatro meses, deixando-o de fora de dois torneios profissionais.

"Sei que causei muitos problemas durante esse período e queria apresentar minhas sinceras desculpas", afirmou.

"Gosto muito de sumô", acrescentou Asashoryu, quando questionado se havia pensado em deixar o tradicional esporte nipônico.

"Houve um momento em que não podia controlar meus sentimentos e estava com a cabeça instável", desculpou-se, acrescentando que "sinto-me mais tranqüilo após haver estado com meus pais, minha mulher e filhos. Quero me sentir como se estivesse começando do zero."

O campeão deve agora participar de um giro pelo Japão, que começa no domingo, em Oita, na ilha de Kyushu (sudoeste do país).

Asashoryu deve também testemunhar ante os membros do Conselho de Promoção do Yokozuna. Alguns dos membros do conselho haviam pedido que o mongol abandonasse o sumô por conta de seu mau exemplo.

Minha aventura no fabuloso mundo econômico

Era uma dessas coletivas da BM&F de começo de ano, quando tradicionalmente a bolsa premia alguns esportistas patrocinados, que ganharam alguma medalha importante no ano anterior, com barrinhas de ouro.

Após o evento, convidaram os repórteres de Esporte para uma almoço, que teria a participação também dos jornalistas de Economia, que estavam por lá à cata de informações sobre o balanço da bolsa naquele ano. Não, não me lembro quando isso ocorreu, talvez em 2005 ou 2006.

Foi uma das raras experiências em que adentrei ao glorioso mundinho do jornalismo econômico. Confesso não entender bulhufas do assunto.

O próprio ambiente da "coletiva" me pareceu por demais incomum. Como tempo é dinheiro, as questões eram feitas no mesmo momento em que todo mundo almoçava. Os repórteres, distribuídos pelas mesas, e os dirigentes da BM&F, Manoel Félix Cintra, presidente da bolsa, à frente, num mesão central.

Os jornalistas deixavam o prato por alguns instantes de lado, faziam suas questões, anotavam no bloquinho para em seguida voltar à refeição.

Alheio aos assuntos discutidos, só ficava impressionado com o extraoordinário nível de segmentação do jornalismo de Economia. As perguntas se sucediam, mas as identificações das repórteres (sim, a imensa maioria era de mulheres, ao contrário do que convivo na editoria de Esporte) eram o aspecto mais pitoresco do acontecimento.

"Aqui é a Taís, do Canal do Boi."

"Eu sou a Roberta, da revista Soja News."

"Gostaria de fazer uma pergunta ao sr. Manoel. Fernanda, do site do milho."

E por aí seguia o evento. Já preocupado em regressar à redação, e finalizando o rango, liguei para o setor de transporte do jornal. O celular pegava muito mal por ali. Por isso, deixei o refeitório para dar as coordenadas de local e horário em que precisaria de carro.

Ao retornar à mesa, vi que a sobremesa, uma deliciosa torta holandesa, já havia sido servida. Infelizmente sou uma formiga. E formigas, assim como os peixes, morrem pela boca. Vi um garçom por perto e ergui a mão. Talvez tenha sido a pior decisão de minha ainda curta trajetória profissional.

"Antes de encerrar a coletiva, estou vendo que aquele rapazinho tem uma pergunta", apontou um dos dirigentes da bolsa. Nunca me senti tão mal ao ouvir alguém subestimar minha idade.

Prontamente, uma funcionária bem apessoada me trouxe um microfone. E num instante, estar naquela mesa lateral equivaleu ao silêncio do atacante que vai bater o pênalti na final do campeonato, com o Morumbi lotado.

Como algum sexto sentido me protege nas horas de aperto, improvisei.

"Aqui é o Adalberto, da Folha, gostaria de saber qual é a análise da BM&F a respeito da taxa de juros."

Na época, a única coisa que ouvia sobre economia, nos telejornais, era a ladainha sobre a alta taxa do Brasil, que era um absurdo, prejudicava o setor produtivo e não gerava empregos etc e tal. Muita tinta e papel eram gastos nos jornais para discutir o tema (não, nunca avancei além de um lead de uma matéria sobre isso).

"É uma boa pergunta", iniciou um dos engravatados e prosseguiu: "Nós aqui na bolsa temos como meta neste ano"...

Meu suspiro de alívio de ter deixado de ser o centro das atenções da platéia equivaleu a um grito de gol. Até esqueci da sobremesa.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Governo gasta a saliva em Pequim

Apesar de leis rígidas estabelecidas pelas autoridades, que prevêem inclusive multa a quem for flagrado, não morreu o velho costume chinês de cuspir em vias públicas (segundo uma amiga que esteve por lá, de preferência em alto e bom som).

A intenção do governo, faltando poucos meses para os Jogos Olímicos de Pequim, era mostrar uma boa imagem do país para o mundo. Ao menos neste setor, a iniciativa não obteve sucesso.
Na porta de uma estação de trem da capital, Guo Guiyu, responsável por um estacionamento de bicicletas, emite aquele ruído característico de uma boa cusparada.

"Cuspir é muito bom para a saúde", assegura o homem, completamente insensível aos apelos governamentais por bons modos ocidentais.

Para acabar com o mau costume, as autoridades estabeleceram multa de 50 yuans (cerca de R$ 15) aos flagrados pelos guardas nas ruas. A medida, por enquanto é inócua.

"A maioria das vezes, ninguém nos vê", desdenha Guiyu, escondendo discretamente o resultado de sua cusparada com a sola do pé.

O hábito é muito forte no país, como é possível vislumbrar, a olho nu, ao andar por qualquer rua em Pequim. No inverno, como agora, os cuspes acabam congelados.

Para muitos chineses, cuspir é uma necessidade física tão natural como assoar o nariz. Por isso, os pequineses cospem sem a menor cerimônia, ante o olhar de nojo de estrangeiros.

"Não posso cuspir dentro do carro, né?", justifica um motorista de táxi, após abaixar o vidro da janela e lançar outra cusparada à calçada. "De qualquer maneira, não atiro em ninguém", justifica.

Segundo médicos, as mucosas se irritam quando a pessoa sofre problemas respiratórios, mas também quando os pulmões estão irritados por contaminação, cigarro ou uma alimentação inadequada. E o ar de Pequi não é dos melhores...

Para Li Yan, pneumologista do Hospital Xuanwu, em Pequim, o hábito de cuspir se deve à contaminação e à falta de consciência da população sobre hábitos de higiene.

"Em várias cidades, o clima seco e a má qualidade do ar provocam uma acumulação de mucosidade nas vias respiratórias, o que gera o fenômeno", explica.

Li acrescenta, além disso, que a saliva de uma pessoa enferma pode propagar doenças como tuberculose, pneumonia e gripe.

"Para a maioria, é só um mau costume. Há gente que cospe quando nem seguer tem nada nas vias respiratórias e expulsam só saliva", afirma Wang Jidong, professor da Universidade de Medicina de Pequim.

"Mas a saliva faz parte de nossa secreção normal e facilita a digestão. Portanto, as pessoas têm uma idéia errada das coisas."

As autoridades reconhecem que terminar com este hábito antes dos Jogos Olímpicos, que começam em 8 de agosto de 2008, será muito mais complicado do que construir estádios para as competições.

"Não podemos negar que, atualmente, uma das dificuldades para popularizar os Jogos Olímpicos civilizados [um dos lemas do governo local] é a maneira como se comporta a população", preocupa-se Zhang Faqiang, vice-presidente do Comitê Olímpico Chinês.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Nem por milagre

O Obradoiro, de Santiago de Compostela, finalmente conseguiu, no tapetão, retornar à elite do basquete espanhol. O clube irá integrar em 2008 a ACB, uma das ligas mais fortes do planeta. E, para quem reclama da lentidão da Justiça brazuca, um alento: a batalha judicial do Obradoiro durou 17 anos.

A equipe foi eliminada da promoção à ACB na temporada 1989-90 pelo Júver, de Murcia. No entanto, o clube apresentou denúncia ante a federação espanhola alegando que o Júver havia escalado um jogador argentino, Esteban Daniel Pérez, como se fosse espanhol.

O clube da Galícia chegou inclusive a se servir de detetives privados na Argentina para obter provas da verdadeira nacionalidade de Pérez.

No entanto, 17 anos depois, a situação do Obradoiro é bem diversa. O time joga atualmente em um campeonato regional da Galícia e seu orçamento é de apenas 22 mil euros (R$ 60,4 mil) anuais. Resta saber se terá condições de enfrentar a elite do basquete do país, que é o atual campeão mundial.

Sonho do Ícaro

Foi minha primeira experiência de voar de Varig desde que a companhia quase faliu e acabou abocanhada pela Gol. Bate e volta para Brasília, a trabalho.

Em tempos de apagão aéreo, o prazer de voar tem sido superado pelos receios que acompanham o caos do setor. Há tantas perguntas envolvidas em um vôo que mais parece lead jornalístico: Será que o avião vai sair no horário? Será que vai voar? Será que terá autorização de pouso? Será que vai pousar?

Pego a revista de bordo para esquecer um pouco todo o temor que me acompanha. Nela se anuncia uma nova era na Varig. Editoriais tecem loas à nova companhia. Em um deles, destaca-se a nova pintura dos aviões, o novo logotipo, a elegância do uniforme das aeromoças e o "menu de qualidade, sem excessos". E eu que havia comido pouco no café da manhã! Será que ficarei com fome até chegar à capital?

Mais à frente, um colunista destaca o "sonho do vôo honesto". Bom, quem lá quer saber de desonestidade, em qualquer setor da vida que seja?

Mais uma vez é recheada de elogios, desta vez mais velados, à nova companhia, que "deve sempre se preocupar em oferecer aparelhos modernos a seus passageiros, com seus motores avaros em consumo de combustível". Como assim, "avaros em consumo de combustível"? Os caras estão economizando nisso? E se faltar diesel no meio da viagem? Vamos arremeter?

Uma reportagem destaca o evento preparado para anunciar os novos tempos: "Foi uma festa e, possivelmente, histórica." Possivelmente? Se até a revista de bordo tem dúvidas da importância da data, é provável que eu terei certeza de que ela não ficará nos anais (sem trocadilho!).

Lembrei-me de certa marca de cerveja, que patrocinou o Liverpool, cujo slogan muito popular na Inglaterra era algo assim: "Probably, the best beer in the world". Oras bolas, até a própria empresa não se comprometia sobre a qualidade de seu produto.

Na chegada, o comandante parece aliviado pelo sucesso de mais um pouso honesto (só para usar a terminologia deles). "Tenham todos uma boa estadia em Brasília, um bom dia. E juízo." Minha mãe não daria conselho mais sensato.

Como diriam aqueles bugueiros de Natal, a volta foi "com emoção". O avião até que saiu mais cedo _dez minutos!_, mas a chegada não seria antecipada. Durante o trajeto, o comandante deu o recado de que sobrevoávamos Barretos e ainda não tinha autorização de pouso em Congonhas.

Minutos depois, mais um recado. Desta vez mais incisivo. Iríamos dar um rolê por Rio Preto e Araraquara, porque Congonhas continuava atribulado. Pensei comigo que até que não seria má idéia parar em Rio Preto. É a cidade paulista que conheço com mais mulher bonita por metro quadrado. Ri da situação.

Mas o comandante prosseguiu dizendo que a solução poderia ser o desembarque em "Cumbica ou Viracopos". Desta vez não achei graça nenhuma. Chegada em Campinas implicaria ao menos mais umas duas horas até meu lar doce lar.

Pouco depois veio o aviso: Congonhas havia fechado. Já estávamos atrasados. O avião pousaria em Cumbica. De lá, fizemos translado de ônibus até Congonhas. Passava da meia-noite. Mais um táxi e, sem mais contratempos, pude ir para a minha honesta cama. Felizmente ela não é avara.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Gigante adormecido

Ao contrário do que ocorre no resto do mundo, os chineses não estão nem aí para o futebol. O pouco caso se traduz em uma queda galopante no número de atletas federados e vislumbra um futuro nebuloso do esporte bretão no país que mais cresce no mundo.

As cifras falam por si: atualmente só há 30 mil jovens registrados na Associação Chinesa de Futebol. Muito? Nada, para uma população de 1,3 bilhão de habitantes, a maior da Terra. Além disso, há pouco mais de dez anos havia 650 mil federados, indicando que o futuro poderia ter sido bem mais brilhante do que os tempos vividos agora. As informações foram publicadas ontem pelo diário "South China Morning Post". O número de escolas de futebol, seja de propriedade estatal ou privada (entre elas alguns empreendimentos do inglês David Beckham) passaram de 4.200 para 20 nesse período.

A China estuda a possibilidade de apresentar candidatura à sede da Copa do Mundo de 2018 (a de 2010 será na África do Sul, e a de 2014, no Brasil). Contudo, com o nível de interesse atual que o futebol tem despertado no país, seria muito difícil emplacar uma sede, ao contrário do que o gigante asiático conseguiu com a Olimpíada, que irá organizar no ano que vem.

O grande responsável por isso parecer ser a ascensão de uma geração talentosa de jogadores de basquete, capitaneados pelo astro do Houston Rockets Yao Ming. O mais recente astro é Yi Jianlian, do Milwaukee Bucks.

Além disso, há o entusiasmo que parece despertar no público em geral com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e com a possibilidade de a China superar os Estados Unidos no quadro geral de medalhas.

"Se não fizermos o suficiente para reverter essa situação, o problema deixará de ser uma mera fonte de preocupação convencional", teme Yang Yimin, vice-presidente da federação local, em entrevista ao diário.

Yang assume a responsabilidade da entidade e assegura que não soube canalizar suficientemente o apoio dos clubes. O futebol local só tem obtido visibilidade na imprensa internacional em escândalos de apostas ilegais, partidas armadas ou árbitros comprados. Isso se traduziu em uma deserção em massa da torcida chinesa. O público do Campeonato Chinês de 2006 caiu para uma média de 10.600 pessoas.

Também não ajuda a má trajetória da seleção nacional, que não dá alegria aos chineses desde que se classificou para o Mundial de 2002.

A memória é falha

Costuma se dizer que brasileiro não tem memória. Nem jornalistas. Muito menos e leitores, diria um coleguinha mal-humorado. É frustrante, às vezes, como fatos históricos não são valorizados.

Há uma frase famosa (e irônica), de Rudyard Kipling, que dizia mais ou menos assim: "O jornalismo consiste em lembrar que mister Jones morreu para um leitor que não sabia que mister Jones havia nascido".

Toda essa peroração para relembrar um texto que escrevi há alguns dias aqui. O vidente Edgar Fernández previu resultado surpreendente no jogo entre Argentina e Bolívia, em Buenos Aires, pelas eliminatórias da Copa-2010, no último domingo. Segundo boliviano, sua seleção derrotaria os hermanos por 2 a 1.

Seria uma grande previsão. Afinal seria a maior zebra das eliminatórias até aqui. Se tivesse dado certo. Mas deu a lógica. A Argentina venceu por 3 a 0 e segue líder das eliminatórias com 100% de aproveitamento (escrevo esse texto durante Colômbia x Argentina e até aqui os visitantes empatam em 1 a 1).

Será que o tal Fernández irá apregoar em seu currículo essa grave falha? Ou fará a fórmula fácil de todo vidente que é dizer que previu um montão de tragédias que já aconteceram? Quem tiver memória, que cheque isso no futuro.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Jogo roubado

Mesmo seguindo medidas de segurança severas, o Godoy Cruz, de Mendoza, foi vítima da violência pouco antes de enfrentar o Independiente Rivadavia, pelo Argentino.

Os 13 mil torcedores do Godoy Cruz que foram ao estádio Feliciano Gambarte para incentivar sua equipe na vitória por 3 a 2 mal sabiam dos apuros enfrentados pelo elenco. Para evitar incidentes violentos, só foi permitida a torcida do clube mandante.

Tanta segurança não foi suficiente para evitar contratempos. Horas antes de os jogadores ascenderem ao gramado a equipe teve seus uniformes roubados. Por isso, a diretoria foi obrigada a agir rapidamente.

Pouco antes da peleja, entre três e cinco desconhecidos arrombaram as dependências do estádio. Levaram camisas, calções, meias, caneleiras e chuteiras. Um guarda do clube, que estava no local, foi atacado e amordaçado.

Diante da iminência da partida, os dirigentes levaram os 19 jogadores que estavam concentrados até um shopping da cidade para comprar chuteiras. Além disso, tiveram que adquirir novas calças e caneleiras. Felizmente havia um jogo de uniforme velho que foi resgatado do depósito do estádio.

Tanto apuro valeu a pena. David Fernández (2) e Leopoldo Gutiérrez fizeram os gols do Godoy Cruz. Com isso, a equipe se reabilitou da derrota para o Talleres, de Córdoba, na última rodada. O time, porém, acabou de ser rebaixado. Para o Independiente marcaram Walter Ledesma e Martín Gómez.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O melhor e o pior da Mostra

Depois de ter pego 13 dias de folgas acumuladas só para acompanhar in loco a Mostra de Cinema de SP, ter comprado uma permanente integral e assistido 61 filmes, devo dizer que acabei a maratona um pouco frustrado. Não vi nenhum dos premiados por público e crítica. Alguns nem estavam na minha lista. Outros, sim, mas foi impossível assistir à tudo o que queria. Do que vi, indico abaixo os meus melhores da Mostra.

O Passado (Hector Babenco) - história envolvente do casal Rimini e Sofia, que rende DRs bacanas (se é que as existem). Parece que o romande do Alan Pauls é mais complexo do que o filme. Não li. Mas se depender do filme e da indicação de amigos, entra na minha listinha de prioridades.

Desejo e reparação (Joe Wright) - O diretor mostra de novo a que veio, fazendo outra bela adaptação literária, depois de "Orgulho e Preconceito" (2005). Dessa vez embrenha-se no universo de um autor contemporâneo, Ian McEwan, e é interesante reflexão como certos erros do passado não podem mais ser corrigidos.

A última hora (Leila Conners Petersen e Nadia Conners) - Produzido pelo Leonardo di Caprio, é uma espécie de "Uma verdade inconveniente - parte 2". Há uma série de depoimentos, de autoridades científicas, caso de Stephen Hawking, a políticos, como Mikhail Gobatchov, alertando sobre aquecimento global, poluição e outros problemas que afetam o meio ambiente e podem determinar a extinção do homem na Terra.

Dever cívico (Jeff Renfroe) - Filme cujo enredo cresce de tensão até o fim e é encerrado com fina ironia. É, lembra Hitchcock, num ano em que Brian de Palma decepcionou. Um contador desempregado espiona seu vizinho, um estudante islâmico, e alucinado pelo noticiário da CNN pós-11 de Setembro, começa a desconfiar que mora ao lado de um terrorista. A ironia final lembra o mestre do suspense.

O clube da leitura de Jane Austen (Robin Swicord) - Um grupo de mulheres da atualidade decide ler toda a obra de Jane Austen e aplicá-la às suas vidas. Dá para lembrar de clássicos da juventude, como "Razão e sensibilidade" e "Orgulho e preconceito".

XXY (Lucia Puenzo) - Filme sensível, o melhor da safra argentina da Mostra (que não foi das melhores). Explora os dilemas vividos por uma menina hermafrodita em uma comunidade provinciana. A diretora tem pedigree: é filha de Luis Puenzo, do ótimo "A história oficial".

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quem foi Alfredo Pujol?

Aliei o curso de história junto com a faculdade de jornalismo. Como pouca atividade acadêmica havia no primeiro, consegui conciliar com o segundo, em que sofria com excesso de leituras e trabalhos (não foi muito fácil). Durante a maior parte do tempo fiz os dois cursos juntos. Estudei só jornalismo apenas no primeiro ano da PUC e fiz só história em meu último semestre na USP.

Essa introdução é para lembrar da chateação que acomete todos que se embrenham no estudo da evolução política do país.

Lembro que as pessoas vinham me perguntar, com aquela curiosidade desnecessária, sobre personagens célebres (e desconhecidos) ou dias famosos (mas misteriosos) hoje rememorados graças às vias urbanas da capital paulista.

"Mas quem foi Alfredo Pujol?"

"O que fez o Domingos de Moraes?"

"Quais foram os feitos de Bernadino de Campos?"

"O que aconteceu no dia 11 de junho?"

Diante de minha confessa ignorância, a resposta, invariavelmente era a mesma.

"Mas você não faz história?"

Irritante. Como se o curso de história fosse uma decoreba de nomes e datas.

Percebi que no Brasil é meio vergonhoso dizer que não sabe. Ainda mais tendo título universitário. É só sair perguntando algum caminho no trânsito. 90% das pessoas não sabem onde fica tal rua, mas mesmo assim, dão um jeito de "ensinar" um caminho.

Perto do Ibirapuera me perdi certa vez. Perguntei por uma praça, onde havia marcado um encontro, ao porteiro de um edifício. O cara disse que não conhecia pelo nome. "Mas tá com cara de ser depois do farol, na segunda à direita." Na verdade era a praça em frente ao prédio em que o sujeito trabalhava.

Tal solução me incentivou a fazer o mesmo com os feitos históricos. A partir daí, quando me perguntavam sobre Barão de Itapetininga dizia que fora um senador no império. José Maria Lisboa? Um deputado na Era Vargas. 25 de março? Foi o dia do Fico. As pessoas ficavam satisfeitíssimas.

Vitória histórica

Há louco no mundo para tudo. O vidente boliviano Edgar Fernández assegura que sua seleção nacional irá derrotar a Argentina, por 2 a 1, em Buenos Aires, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. O jogo está programado para o dia 17.

"O resultado veio em termos de presságio favorável à Bolívia. Insistentemente me aparece um placar de 2 a 1 a favor da Bolívia", afirmou Fernández.

Segundo o vidente, haverá distúrbios entre a torcida e jogadores sairão lesionados. O vidente, porém, eximiu-se de apontar nomes.

O otimismo do vidente não faz jus à campanha boliviana até aqui nas eliminatórias para a Copa da África do Sul, em 2010. A seleção foi goleada pelo Uruguai por 5 a 0, em Montevidéu. Na segunda rodada, em casa, não passou de um empate em 0 a 0 com a Colômbia.

Fernández, que é conhecido como Ramsés, também prognosticou que o técnico da seleção, Erwin 'Platini' Sánchez, receberá amplo apoio de cartolas e torcedores após a façanha na Argentina. No entanto, a equipe pode enfrentar dificuldades nas rodadas seguintes.

De acordo com Ramsés, os próximos quatro meses serão decisivos para o treinador, que pode alegar problemas familiares ou de saúde para deixar a seleção.

O vidente afirmou ter observado o futuro de seleções tradicionais, como Argentina e... Brasil. Segundo ele, os arqui-rivais conseguirão passaporte para 2010 com facilidade. Fernández disse também que seleções de pouca tradição, como Peru, Bolívia e Venezuela, deverão completar as vagas sul-americanas.

"A Bolívia tem uma grande chance, mas terá que lutar bastante. Provavelmente só alcançará a vaga na última rodada", previu.

domingo, 4 de novembro de 2007

Gafe em Madri

Serena Williams demonstrou hoje que não entende absolutamente nada de futebol. Em Madri, onde disputa o Masters Series local, a tenista foi inquirida a dar dicas a Ronaldinho para recuperar sua melhor forma física.

Ao menos a norte-americana reconheceu não ser a pessoa mais adequada a aconselhá-lo, mas saiu-se com essa: "Ronaldinho é meu jogador favorito. Ele joga no Real Madrid, não?", disse a campeã do Aberto da Austrália.

Alheio aos conselhos da mais jovem das irmãs Williams, o brasileiro deu um grande passo ontem para espantar a má fase: fez dois gols na vitória do Barcelona sobre o Betis por 3 a 0. Em uma rodada em que o Real Madrid perdeu, por 2 a 0, para o outro time de Sevilha, até que não foi mal. O Barça agora tem 24 pontos e está a um do líder.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Maratona visual

Fiquei alguns dias sem escrever por aqui. Cabe uma explicação. Tirei duas semanas de folga, peguei uma credencial permanente e fiquei por conta da Mostra de Cinema. E, como diria Luis Noriega nas saudosas transmissões de futebol, como "Esporte também é Cultura", farei um texto com o melhor (e pior) do que vi na Mostra. Foram até agora 48 filmes. Até o final do evento, devo ver uns 63 (cinco por dia nos últimos três dias). Ainda é pouco diante do total, se não me engano 370 filmes disponíveis. Não dá para ver tudo.

Bando de moleques

Darrick Martin, armador do Toronto, é quem conta o causo. O norte-americano aproveitou o período de férias da NBA para ganhar alguns trocados no CSKA Moscou, da Rússia.

Certo dia, durante o jantar, o armador pediu um copo de vinho ao garçom. Foi interpelado pelos companheiros de time. "Você pediu autorização ao treinador?", quiseram saber.

"Sou um homem de 36 anos. Não sou mais um garoto. E eu quero um copo de vinho."

Diante do estranhamento de todo o elenco, Martin pensou melhor. "Ok. Estou no ambiente deles, na cultura deles." Levantou-se e pediu autorização ao técnico Ettore Messina, considerado hoje um dos melhores do mundo na função.

Messina, conhecido como "ditador das quatro linhas" aquiesceu. Martin pôde, finalmente, tomar seu copo de vinho sossegado.

Será que a lição européia pode servir para nossa combalida seleção brasileira?

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Droga de competição

Que o ciclismo anda uma bagunça, todo mundo sabe. Os escândalos de doping pululam a cada dia, também. Se não, que outro esporte teve seus principais nomes manchados, nos últimos anos, com acusações de uso de substâncias proibidas?

Houve respingos da Operação Porto, que desbaratou verdadeira quadrilha que agia na Espanha fornecendo drogas a ciclistas, em nomes como Iván Basso, campeão do Giro da Itália de 2006.

Floyd Landis tornou-se o primeiro campeão da Volta da França, a perder o troféu nos tribunais, também por doping. O pior é que o vice-campeão, Oscar Pereiro, também já sofreu denúncia de que teria tido dois exames positivos para salbutamol na mesma Volta da França.

Nem o maior nome da modalidade, Lance Armstrong, hexacampeão da Volta da França, que abandonou as estradas, se viu imune de acusações desse tipo.

Agora, a história que li hoje, de que Amsterdã se candidatou a dar partida para o Giro da Itália e 2010, achei um pouco demais. Isso mesmo. Contrariando todas as divisões geográficas, o prefeito da cidade, Alderman Carolien Gehrels, apresentou a candidatura da cidade. Além da capital, Haia também solicitou abrigar uma das etapas.

Se o pedido for aceito, seria a segunda vez que a tradicional prova de estrada da Itália (teve início em 1909), começaria fora da bota. Em 2002, o campeonato teve partida em Groningen, também na Holanda.

É sabido que os holandeses têm verdadeira paixão por bicicletas, mas tal iniciativa foge à tradição da modalidade. Se bem que, pensando na situação atual do ciclismo, até que não seria má idéia começar a competição em Amsterdã.

Pisando em ovos

Não sei qual o grau de precisão desses testes de pisadas que pululam nas corridas de rua. Mas desconfio que não é muito alto. Comecei a correr em 2004, com um tênis Reebok que, descobri depois, não era próprio para corridas de rua.

Passei para um Nike naquele mesmo ano, após fazer meu primeiro teste de pisada em um estande da empresa de material esportivo montado em alguma corrida. Como resultado, deu que tinha uma pronação acentuada. Ou seja, minha pisada girava muito para dentro, concentrando a tensão no calcanhar e na região do dedão.

Meu segundo grau de especialização ocorreu após esse teste: passei a usar tênis de pronador. Passei por Adidas (o pior que já usei para corridas de rua) e novamente Nike.

No final do ano passado, decidi repetir o teste no Circuito das Estações da Adidas. Passei por ele meio que por acaso. Dois amigos meus estavam na fila para fazerem o teste pela primeira vez. Fiquei conversando com ambos e acabei participando também. O resultado foi uma pronação leve. Continuei usando tênis para pronador. Ainda Nike.

Há alguns meses, porém, namorava um Mizuno Wave, que todos que correm afirmam ser o melhor para a modalidade junto com o Asics Nimbus (os japoneses dominam!). Acho que, para quem decidiu começar a se aventurar em distâncias maiores (corri meia-maratona neste ano e quebrei no final), já era necessário pensar num tênis mais de ponta.

No entanto, há alguns dias, um vendedor me disse que o Wave não era o mais adequado para quem é pronador. Resolvi então me submeter a mais um teste de pisada, dessa vez na maquininha da Mizuno. Pois bem: deu pisada neutra. Era o argumento que faltava para cometer a insanidade de entrar na tecnologia das ondinhas. Vamos ver se me dou bem com ela.

sábado, 13 de outubro de 2007

Voando como Santos Dumont

Passados seis dias da Bertioga-Maresias, mais uma corrida. Agora a Corrida Santos Dumont, em homenagem ao pai da aviação. São 10 km no Campo de Marte, na zona norte, na sexta feriado de dia das crianças e nossa senhora (mas trabalhei). Mais uma prova que fiz pela primeira vez.

Percurso bom, plano, passando pelo Sambódromo e por avenidas largas. Um pouco de muvuca só na saída. Nada que prejudicasse um bom tempo (fiz em 51min29s, meu recorde para os 10 km). O sol foi um pouco escaldante, mas a organização da prova colocou bastantes postos de água para refrescar e hidratar os corredores.

Foi a 11a prova que fiz em 2007. Muito provavelmente supero as (acho que) 12 que fiz no ano passado. Até o fim deste ano pretendo correr mais umas quatro ou cinco.

O que me leva a chegar a conclusão de que, com a febre de corridas de rua em São Paulo, fica cada vez mais difícil conseguir participar de todas as provas que gostaríamos. Aliás, não consegui neste ano. E que, se é interessante fugir da mesmice Ibirapuera-USP, também é bom não exagerar. Competições na marginal Pinheiros ou no Minhocão não deixaram saudades. Há alguns lugares em São Paulo que o ar fica irrespirável para os corredores.

No alto e na ponta

O suíço Roger Federer, número um do mundo, e o diretor do Masters Series de Madri, Manolo Santana, não chegaram a jogar nos céus da capital espanhola. Os dois fariam uma partida de demonstração na cobertura da Torre Mutua, de 250 metros de altura, maior arranha-céu da cidade.

O evento seria algo similar ao que o próprio Federer havia feito com o norte-americano Andre Agassi, no heliporto do hotel de luxo Burg Al Arab, em Dubai, a 320 metros de altura.

Apesar da expectativa criada, o evento não foi realizado por dificuldades logísticas. Os elevadores só alcançavam 230 metros. Para chegar ao topo do edifício, era necessário subir por um setor em reforma, passando por escadas cheias de pó e terra. Depois, teriam que passar por baixo de andaimes e vigas, algumas situadas a um metro do chão. Finalmente teriam que subir até o topo por uma escada vertical, presa por arames, de cinco metro de altura.

Ao chegar no alto, depois desse quase exercício de Le Parkour, havia pouco espaço para os tenistas se moverem. Foi um risco considerado exageradamente alto para realizar a partida promocional.

Federer se contentou em ficar alguns andares abaixo e posar junto a uma estátua sua, imitando um guerreiro de Terracota. Nas mãos, sua arma: uma raquete de tênis.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Insanidade jornalística

As pequenas loucuras é que adoçam a vida. Não me lembro onde li isso, mas é bem verdade. Sem umas insensatez de vez em quando a rotina não tem graça. Fizemos uma no último sábado.

Há alguns meses recebi e-mail chamando para uma corrida que parecia bacana, o Revezamento Bertioga-Maresias. São 75 km a serem percorridos em equipes de três, seis ou nove atletas. Alguns malucos correm a prova individual. A maioria do percurso é pela praia, dando a chance de admirar a paisagem e respirar um ar puro, que não costumamos encontrar por aqui. A galera da editoria de Esporte da Folha -de forma até surpreendente para mim- se animou a correr. Arregimentamos seis elementos, sendo quatro do caderno, e montamos o time.

O primeiro problema encontrado é que a competição seria num sábado pela manhã, com largada em Bertioga. E quatro dos seis corredores -eu incluso- iriam fazer pescoção (para quem não conhece o jargão jornalístico é a dobra de plantão às sextas-feiras para adiantar a edição de domingo). Nada muito animador, mas nada que nos fizesse desistir da empreitada.

Tentamos adiantar ao máximo o pescoção, para podermos deixar São Paulo em um horário razoável. Partimos da Barão de Limeiras por volta das 1h30 da madruga (a largada seria às 8h). Às 3h chegamos à casa de praia do primo de um dos integrantes do time. Alguns ainda tiveram ânimo de assistir ao treino do GP da China de F-1. Eu caí na cama. Desmaiei.

Acordei quando o primeiro integrante do time já havia largado. Deixamos a "concentração", mas não conseguimos chegar a tempo de pegarmos nosso chefe -que havia sido o primeiro a largar- no posto de troca. Foi um dilema: como achá-lo? A última equipe já havia passado pelo posto de troca. Havia duas perspectivas: ou ficaríamos em último ou poderíamos até ser eliminados.

Por sorte, após alguns minutos de aflição, o segundo corredor do revezamento o encontrou, pegou o chip e aí é que conseguimos efetivamente entrar na prova e nos organizar. Fui o terceiro do revezamento e consegui ultrapassar seis equipes (pegara o chip em último lugar). Começamos aí uma corrida de recuperação. O atleta seguinte ultrapassou mais seis, o seguinte mais 11 e assim sucessivamente, até o final.

Acabamos finalizando o percurso em 266o lugar, entre 311 times. Mas o principal foi ter terminado, ganhado as medalhas e, muito mais do que técnicas de motivação infantilóides impostas por departamentos de RH, unido naturalmente o grupo. Acabamos a prova animados a participar de novo no ano que vem. Que venham novos pescoções!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Trapaça na maratona

A desclassificação de Roberto Madrazo da Maratona de Berlim, no dia 30 de setembro foi objeto de várias piadinhas dos jornais mexicanos. O ex-candidato à presidência do país, pelo PRI (Partido Revolucionário Institucional) atingiu a linha de chegada em 2h40min57s. O resultado serviu para o mexicano ganhar na categoria entre 55 e 59 anos.

Apesar disso, os organizadores descobriram que ele não havia coberto o trajeto completo e acabou desclassificado. Segundo os registros divulgados pela rede Televisa, o mexicano, que estampou no peito o número 33751, "deixou a prova no quilômetro 20 e apareceu 21 minutos mais tarde no quilômetro 35. Se tivesse corrido esse percurso, Madrazo teria feito um tempo parcial melhor inclusive do que o de Haile Gebrselassie. O etíope não só venceu a prova, como bateu o recorde mundial da maratona em 2h04min26s.

A Maratona de Berlim é uma das preferidas pelos mexicanos, que nos últimos anos conseguiram alguns bons resultados, como o recorde mundial master Andrés Espinosa em 2003 e o segundo lugar na categoria absoluta de Adriana Fernández em 2002. Apesar disso, nenhum desses triunfos tenha sido tão divulgado quanto a trapaça de Madrazo.

Para reforçar as gozações sobre ele, uma rádio local comparou os passos de Madrazo com os de Gebrselassie ao fazer uma crônica cômica da corrida. Já o diário "Milênio" divulgou uma fotomontagem em que o político exclama, à frente do portão de Brandemburgo: "Sim, eu posso! Primeiro colocado na categoria atalho livre". Atrás dele, os corredores gritam: "Herr fraude, herr fraude".

A suposta irregularidade no desempenho de Madrazo encobrem seu indiscutível mérito como corredor. Aos 55 anos, o político mantém uma excelente forma física que o permite correr os 42,195 km da maratona em cerca de 3h45min, uma média de pouco mais de 5 minutos por quilômetro.

Nascido em 1952, Madrazo desenvolveu carreira política marcada por polêmicas e altos e baixos. Em 1994, seu grupo político venceu acirrada eleição, e ele tornou-se governador de Tabasco, seu Estado natal. Aqueles comícios geraram um forte conflito pré-eleitoral com seu rival, Andrés Manuel López Obrador, que detonou protestos que chegaram até Cidade do México, a capital do país.

López Obrador o enfrentou novamente nas eleições presidenciais de 2006, na qual Madrazo acabou em terceiro, atrás do anterior e atual presidente do país, Felipe Calderón.

Palhaço no circo do futebol

Para fugir da ira da torcida vale realmente tudo. O goleiro Gianluigi Buffon, da Juventus de Turim, tido por muitos o melhor de sua posição no mundo, revelou que já usou tudo quanto é estratagema para deixar um estádio às escondidas.

No último domingo, mais uma vez Buffon deixou o gramado às escondidas, após a Juventus empatar com a Fiorentina por 1 a 1, no campo do adversário.

"Não é a primeira vez que invento um truque para sair daquele estádio. Na primeira vez, para não ser reconhecido pelos torcedores rivais, saí com uma máscara de palhaço", contou o arqueiro, na concentração da Itália, que se prepara para enfrentar a Geórgia em Coverciano (Florença).

Buffon afirma que também já deixou o estádio no porta-malas de um carro.

Há animosidade grande entre as torcidas de Juventus e Fiorentina. Para evitar distúrbios no último domingo, a polícia impediu que fossem vendidas entradas para torcedores da Juventus.

"A vez que coloquei uma máscara de palhaço foi na final da Copa da Itália que ganhei com o Parma. Havia levado uma máscara de palhaço de circo. A coloquei para caminhar tranqüilo entre torcedores fiorentinos. Eu era jovem", rememora.

A partida a que se refere o goleiro ocorreu em 5 de maio de 1999, com empate entre Parma e Fiorentina em 2 a 2. Com o resultado, os visitantes ficaram com o título, já que haviam empatado em casa em 1 a 1, tendo se beneficiado de ter marcado mais gols fora de casa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Sexo e futebol

O técnico do Dínamo de Kiev, Jozsef Szabo, "aprisionou" seus jogadores na concentração da equipe para inviabilizar qualquer contato desses com suas mulheres. Segundo o treinador, elas "não compreendem que seus homens têm que trabalhar duro". A notícia foi veiculada na página do clube.

"Nos atrincheiramos na concentração porque as mulheres são um grande desastre para o futebol. Não compreendem que seus homens devem trabalhar e que seu trabalho é muito duro", acrescentou Szabo.

O treinador do Dínamo, nomeado para o cargo em 20 de setembro, fez essa declaração à noite, em entrevista coletiva, após o final da partida pelo Ucraniano, em que sua equipe derrotou como visitante o Zariá Lugansk por 2 a 1.

"Temos bons jogadores, mas não temos equipe. Temos que trabalhar duro para conseguirmos que esses jogadores se apresentem no campo como um punho inteiro. Isso é que estamos tentando", afirmou Szabo, 67, que entre 1993 e 2005 já havia sido técnico do Dínamo.

O também ex-treinador da seleção da Ucrânia foi nomeado após a derrota do clube para a Roma, por 2 a 0, pela Copa dos Campeões.

A decisão de convidar Szabo para o cargo também se deveu à insatisfatória condição do clube no
Ucraniano. O time é o terceiro colocado, com 24 pontos em 12 rodadas. Está dez atrás do líder do campeonato, o Shakhtar Donetsk, e um a menos que o segundo colocado, o Dnipro Dnepropetrovsk.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Desculpem a nossa falha

O que uma tradução feita às pressas, baseada em noticiário das agências de notícias não pode fazer com a gente. Pois o texto Uma pena que ninguém viu que postei há alguns dias está repleto de erros. Paul Smith, goleiro do Nottingham Forest, não avançou ao ataque ao ficar sem opção de passar a bola. Ele simplesmente seguiu até o gol adversário, conforme já havia sido combinado entre as duas equipes. Foi uma maneira de o Leicester agradecer ao rival, que paralisou a partida após Clive Clarke, defensor do Leicester (e não do Nottingham), sofrer parada cardíaca.

Quando não é o dia do repórter, não tem jeito. Lembro-me certa vez que escrevi leganda de uma foto, de uma final de Mundial de xadrez, que tal enxadrista comemorava a vitória, enquanto o outro lamentava a derrota. A foto mostrava de um lado um contendor com os braços levantados, em sinal de triunfo. Do outro lado o rival aparecia cabisbaixo.

Pois teve leitor que mandou carta reclamando algo como "qualquer analfabeto percebia que fulano não festejava a vitória, mas sim a movimentação errada do adversário na jogada 15". Foi prontamente corrigido.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Esportistas desnudas

O time de handebol do Orsán Elda Prestigio apelou para maneira no mínimo inusual para angariar recursos. Apesar de vice-líder do Espanhol, a equipe está sem patrocínio. Por isso, por iniciativa própria, 12 das 14 jogadoras decidiram posar como vieram ao mundo. O objetivo é amealhar 300 mil euros, suficientes para cobrir as despesas até o final da temporada.

As fotos saíram na revista espanhola Interviú. Entre as jogadoras que participaram da sessão está a ponta-direita Viviane Jacques, 30, artilheira da seleção brasileira na Olimpíada de Atenas. Pelo Brasil, ela também foi tricampeã pan-americana, em julho, no Rio.

O convite partiu da revista, mas não houve pressão da diretoria para que elas aceitassem a proposta. O cenário escolhido para as fotos foi uma quadra de handebol e o vestiário.

Não é a primeira vez que atletas se aventuram no mundo do "nu artístico". Em 2000, como forma de promover a Olimpíada de Sydney, várias estrelas da delegação australiana, como Tatiana Grigorieva, Grant Hackett e Lauren Jackson, posaram nuas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Feliz aniversário

Dayro Moreno não esquecerá tão fácil seu último aniversário. Um dos goleadores da liga colombiana, o atacante do Once Caldas recebeu de aniversário, em vez de um presente, uma multa de US$ 2.500.

A multa foi estipulada porque o jogador não compareceu ao treino no dia seguinte à festa de aniversário em que comemorou seus 22 anos.
"Não podemos castigar a equipe deixando-o fora do time titular. Sua presença é vital para buscar a vitória contra o América de Cali", disse o presidente do clube, Jairo Quintero.

Moreno e Carlos Hidalgo, do Pasto, são os líderes da tabela de artilheiros do Campeonato Colombiano. O Once Caldas ocupa a oitava posição na tabela, com 14 pontos. La Equidad é o líder, com 21.

No último jogo da equipe, o Once Caldas empatou em 2 a 2 com o Pereira. Na próxima rodada, pega o América de Cali.

Uma pena que ninguém viu

Um fato incomum aconteceu na noite de terça, no jogo entre o Nottingham Forest e o Leicester. Sem opção alguma entre seus companheiros de equipe para repor a bola, o goleiro do Nottingham deu um chutão para frente. Acabou acertando o gol adversário. Eram jogados só 23 segundos de partida. Mas quase ninguém viu. O jogo foi disputado com portões fechados.

Tudo começou há três semanas, quando a partida da segunda rodada da Carling Cup, entre os dois clubes, teve que ser suspensa quando o defensor do Nottingham Forest, Clive Clarke sofreu uma parada cardíaca e o jogo acabou suspenso por medo de que o jogador havia morrido. Nesse instante, o jogo estava 1 a 0 para o time do zagueiro.

Por esse motivo, o Leicester achou por bem retornar à campo. Dessa forma, Paul Smith, goleiro do Nottingham Forest avançou ao ataque, sem encontrar combate, e anotou um gol inédito. Foi o primeiro de sua carreira.

"O gol foi um presente do Leicester ao Forest pela magnífica forma com que reagiu ao incidente de Clarke e voltou aos treinos", afirmou o presidente do clube rival. O Leicester recebeu hoje a felicidação da Liga de Futebol por esse ato de esportividade.

Em tempo, o Leicester venceu a partida por 3 a 2, avançando à terceira rodada do torneio, quando enfrentará o Aston Villa.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Rio ou Baku?

Se o sonho olímpico do Rio virar pó novamente, ao menos o Brasil deve ganhar de uma das sete concorrentes aos Jogos de 2016. Convenhamos, o Rio tem mais chances de avançar do que Baku. Onde fica Baku? No Azerbaijão, país quase vizinho (o Mar Cáspio os separa) ao folclórico Cazaquistão, imortalizado pelo divertido repórter Borat.

O simples fato de a candidatura da capital azerbaijana ter sido aceita pelo COI, já encheu de orgulho o vice-presidente do Comitê Olímpico local, Chingiz Gusseín-zadé. O cartola disse estar "satisfeito". Segundo dele, a cidade está "orgulhosa" com a decisão e disposta a fazer "todo o possível para acolher os Jogos Olímpicos", disse ele à agência Efe.

O dirigente destacou que "existe vontade política e potencial econômico" para organizar esse evento no pequeno país, de 7,8 milhões de habitantes. Ele estima que seriam necessários US$ 20 bilhões (cerca de R$ 38 bilhões ou dez Pans do Rio-07). O grosso dessse investimento seria na construção de arenas. Um estádio para 70 mil pessoas, que seria palco das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, e outro para 45 mil pessoas. Os planos de Baku prevêem a construção uma Vila Olímpica a 50 km da capital, às margens do Mar Cáspio.

Também está em estudo a ampliação e modernização do aeroporto internacional da capital azerbaijana.

O projeto é apoiado amplamente pelo presidente Ilham Alíev, que também é o chefe do Comitê Olímpico Azerbaijano. Ele já anunciara a candidatura no final de 2006. No poder desde 2003, Alíev reconheceu que tem que ser "realista", já que dificilmente as candidaturas têm êxito em sua primeira tentativa. Por essa razão, adiantou que se não obter o direito de acolher a Olimpíada, Baku voltará a apresentar postulação para 2020. A cidade tem 2,2 milhões de habitantes e viveu seu apogeu no final do século 19 e início do 20, quando os irmãos Nobel construíram sua fortuna com o petróleo.

O Azerbaijão, independente da ex-União Soviética desde 1991, possui uma das maiores reservas mundiais do ouro negro e tiveram crescimento econômico de 30% nos últimos anos. Além de Baku e Rio, Madri, Chicago, Doha, Praga e Tóquio, todas com maiores chances, se candidataram aos Jogos de 2016. A eleição será em 2 de outubro de 2009, em Copenhague (Dinamarca).

De volta às origens

Acho que foi em 1999 que uma conjunção de fatores me ajudou a emplacar mais um título infame de trocadilho no Lance! O veterano pivô Israel, que integrou a histórica seleção brasileira medalha de ouro no Pan de Indianápolis-87, estava em fim de carreira. Acabou contratado pela Hebraica. Com isso, finalmente pude emplacar o título: "Israel é da Hebraica".

Por que me lembrei disso? Porque nesta semana, o Brasília, atual campeão nacional, em sua busca por repatriar jogadores originários do Distrito Federal, resolveu contratar outro veterano, o pivô Cláudio Clemente, mais conhecido pelo apelido que é o mesmo da cidade em que nasceu. Daí, daria para emplacar, nos tempos atuais, um "Brasília é do Brasília".

Eliminatórias esvaziadas

O Butão anunciou desistências das eliminatórias da Copa do Mundo da África do Sul-2010. A informação foi confirmada pela Fifa. Com isso, o Kwait, presente na Copa de 1982, conquista vaga direta à fase seguinte do classificatório asiático.

A deserção do Butão não é a primeira nas eliminatórias. Ela chega menos de duas semanas depois que São Tomé e Príncipe e República Centro-Americana anunciaram o mesmo em relação às seletivas africanas.

Outra potência dos gramados que desfalca as eliminatórias é Guam, primeira baixa na zona asiática. A Indonésia foi a grande beneficiada, e também passa à fase seguinte, sem necessidade de entrar em campo.

Tão longe, tão perto

Não é só o Brasil que vive má fase no basquete masculino. País que será a sede do Mundial de 2010, a Turquia passa por profunda crise após o fiasco no último Pré-Olímpico. Considerada uma das forças da Europa, a Turquia não venceu nenhum jogo na segunda fase, tendo sido eliminada até da disputa por vaga no Pré-Olimpico Mundial.

O técnico, o antes estrategista Bogdan Tanjevic, que levou Oscar e Marcel para a Itália nos anos 80, agora é visto com reservas. Suas táticas estão sendo mais questionadas do que as seguidas pelo técnico Lula no Pré-Olímpico de Las Vegas.

Com um time recheado de estrelas e comandado pelo veterano Turkoglu, a expectativa local era que a equipe estivesse entre os favoritos ao título, ao lado de Espanha, Grécia e Lituânia.

No entanto, sem um armador de destaque e um líder em quadra (olha aí mais uma semelhança com a seleção brasileira!) o time só conseguiu bater a frágil República Tcheca e perdeu uma seqüência de cinco jogos, sempre jogando mal. A exceção foi contra a Itália, quando Turkoglu se destacou, marcou 34 pontos e conduziu o time até uma prorrogação. Mas a apatia voltou a contagiar o elenco no tempo-extra, e o ala, sozinho, não salvou o time.

Segundo jornalistas especializados locais, Tanjevic parece adotar táticas confusas, substituindo os jogadores independentemente de suas performances em quadra (parece alguém?). Ele retirou de quadra, contra a Itália, Kaya Peker, que vinha fazendo uma grande partida. Após o jogo, admitiu que havia cometido um grande erro (aí as semelhanças acabam!). Não havia nenhuma química entre os jogadores, e as desavenças podiam ser notadas em quadra (ops, eu falei que as semelhanças haviam acabado?).

O basquete europeu atual é característicamente forte, rápido e atlético. A Turquia mostrou não ser suficientemente forte, trocava bolas lentamente e não mostrou muitas opções em quadra (ops, estamos na Turquia?). A maioria dos jogadores temem fazer infiltrações e acabam arriscando, atabalhoadamente, arremessos de longe (ops, onde é isso?).

Os armadores à disposição de Tanjevic, Engin Atsür, Hakan Demirel e Ender Arslan não podem ser comparados com Calderón (Espanha), Diamantidis (Grécia), Papaloukas (Grécia) e Tony Parker (França), Jasikevicius (Lituânia), Lakovic (Eslovênia) ou Holden (Rússia), destaques do classificatório europeu.

À Turquia só resta esperar uma performance melhor no Mundial de 2010. Mas, até lá, precisará se reestruturar e tomar algumas duras decisões para o futuro da equipe, sob o risco de ser mera organizadora do Mundial. Nosso tormento continua no ano que vem.

Um concorrente a menos

Essa punição pode beneficiar diretamente o Brasil no Pré-Olímpico Mundial masculino de basquete, que será em julho, às vésperas dos Jogos de Pequim, em local a ser determinado.

Tudo porque a Fiba África, entidade que controla o esporte no continente negro, delibera se irá punir a seleção feminina de Camarões.

Investigação conduzida em Yaoundé, capital de Camarões, indica que o time nacional ainda não iniciou preparativos para o Pré-Olímpico da África, que começa no dia 21. Sem apoio governamental, a federação local só nomeou o técnico Angouan'd John e a assistente Elizabeth Wanko.

"Não sabemos o que poderá acontecer ao nosso time, nem o que a federação nacional está planejando. Corremos riscos porque se não disputarmos o torneio no Senegal e houver alguma punição, isso poderá prejudicar a seleção masculina, que ainda tentará lugar na Olimpíada de Pequim. Esperamos que a situação seja resolvida", afirmou um dirigente local, que pediu anonimato.

A penalidade por desistir do campoenato de última hora é severa. Camarões está sujeito a levar pesada multa ou a sofrer suspensão de alguns anos em competições internacionais.

Sem Camarões no Pré-Olímpico Mundial-08, restariam 11 concorrentes (incluindo o Brasil) por três vagas em Pequim.

Enquanto isso, a seleção brasileira permanece sem treinador.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Braçadas para o futuro

Como tenho apreço por notícias inusitadas, vai essa aí: Weimar Torres nadou 24 horas seguidas sem ingerir alimentos ou líquidos para chamar atenção para a sua modalidade na Bolívia. A façanha aconteceu entre segunda e terça em uma piscina de 25 metros (semi-olímpica). Haja motivação, já que o nadador bateu por 1230 vezes a borda da piscina. Ele percorreu, ao todo, 3.075 metros.

Ele assegurou que poderia continuar a proeza por mais umas cinco ou seis horas esperando a visita do presidente do país, Evo Morales. Decidiu sair da piscina ao avistar o vice, Álvaro García Linera.

Como cansaço pouco é bobagem, Torres nadou estilo borboleta. Saiu da piscina ao completar 24h12min12s. Foi cumprimentar García Linera, enviado por Morales para expressar o apoio presidencial ao esporte.

O nadador assegurou que não havia feito nenhum treinamento especial para a façanha.
"Nadei para que os bolivianos deixem seus complexos e comecem a bater recordes mundiais", afirmou o esportista.

Torres também é dono de um outro recorde local, esse longe da piscina. ele caminhou por 25 horas seguidas. Seus próximos objetivos, ele garante, são bater o recorde mundial dos 5.000 m, hoje em poder do etíope Kenenisa Bekele, e disputar a Olimpíada de Pequim, em 2008.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Marcha da insensatez

Essa aconteceu no Mundial de atletismo de Osaka, encerrado há duas semanas, mas vale a pena ser relembrado. Mostra que, mesmo na era da tecnologia, casos inusitados continuam, felizmente, acontecendo no esporte.

O japonês Yuki Yamazaki disputava a marcha de 50 km, talvez a prova mais extenuante do atletismo por durar mais de quatro horas. Autorizado pelos fiscais, realizou sua última volta e adentrou ao estádio de Osaka. O problema é que, após atingir a linha de chegada, foi comunicado de que seu resultado não constaria na classificação.

Por um erro de contagem da arbitragem, Yamazaki percorreu uma volta a menos, tendo encerrado a prova após marchar apenas 48 km. Na marcha, sete fiscais são posicionados em um percurso de 2 km para constatar se os atletas não cometeram nenhuma irregularidade.

Para o japonês, o problema é que, se ele tivesse chegado entre os oito primeiros colocados da prova, e provavelmente chegaria, teria garantido classificação para a Olimpíada de Pequim, em 2008. Oficialmente, Yamazaki constará dos registros como atleta que não finalizou a prova.

"Foi muito estranho. Estava exausto e não entendia nada. Poderia não haver terminado entre os oito primeiros, mas não constar nos registros é como se houvesse sido desclassificado", lamentou o japonês.

Na marcha, se um atleta comete três irregularidades (retirar os dois pés do chão ou dobrar o joelho) é desclassificado da prova.

Cachorro faz mal a menina

Esse título é um dos clássicos que ouvimos na faculdade de jornalismo. Pelo menos quando estava lá. Saiu, parece, em algum jornal popular do Rio nos idos dos anos 70/80. A reportagem simplesmente noticiava a história de uma garota que havia passado mal após comer um cachorro-quente estragado.

Me lembrei disso outro dia, quando um coleguinha me lembrou dos títulos curiosos que inventava para minhas matérias no Lance!. Eles eram a diversão da equipe, e o pesadelo de certo editor.

Um deles particularmente entrou para o folclore da redação. Era a Copa de 1998 e a chefia dividiu a equipe em grupos. Cada três repórteres era responsável por uma chave da Copa. Coube-me a responsabilidade de cuidar, dentre outras seleções, da Croácia.

O país, que estreava em Mundiais, tinha como trunfo o atacante Suker. Na época, eu estava escutando muito Chico Buarque. Por conta disso, queria, de qualquer maneira, render uma homenagem inusitada à música "Com açúcar e com afeto", uma de minhas preferidas, em alguma manchete.

O problema é que respondia diretamente a esse editor durante a Copa, que vetou veementemente o título que bolei. Suker fazia gol quase todos os jogos (acabou artilheiro da Copa), mas a chefia sempre vetava minhas invenções.

A saída foi já na despedida da Copa, quando a Croácia venceu a decisão do terceiro lugar, com gol do atacante novamente. Por sorte, naquele dia o editor estava de folga. Na surdina, fiz o título na arte e mandei para diretamente para outro chefe, mais aberto a trocadilhos. Mesmo sabendo dos vetos anteriores, esse decidiu publicar.

Qual não foi a surpresa do Laguna quando recebeu, pela manhã o Lance! em sua casa e estava lá, estampado: "Com o Suker e com afeto". Admito, não foi dos títulos mais felizes, mas valeu pela teimosia.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Alguém se habilita?

Sei que os protestos da torcida freqüentemente extrapolam. Achei um exagero, por exemplo, quando certa torcida organizada fez campanha para derrubar o técnico que não quis recebê-la em reunião. Acho que essa não é função do treinador.

Mas um cartola da Bulgária exagerou. Nikolay Banev, proprietário e presidente do Beroe, da primeira divisão local, decidiu colocar todas as ações do clube à venda ao preço de... 0,50 euros (cerca de R$ 1,3).

A decisão do empresário foi uma resposta às ofensas dirigidas a ele pelas arquibancadas no jogo de sábado, contra o Lokomotiv Plovdiv, que terminou empatado em 0 a 0.

Banev se dirigiu ao alto-falante do estádio para declarar que havia investido mais de 5 milhões de euros (R$ 13,3 mihões) e que havia ficado surpreso com as ofensas. Ele é dono do clube da cidade de Stara Zagora desde abril de 2003. A agremiação foi fundada há 91 anos e contabiliza um título do Campeonato Búlgaro, em 1986.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Minha mini-maratona

Cabe aqui uma explicaçãozinha: descobri as corridas de rua em 2003. Desde então foram quase 30 provas disputadas em São Paulo. Neste ano corri uma meia-maratona e junto com essa experiência do último fim de semana, me motivam a arriscar uma maratona no futuro. Esse texto já publiquei no blog de corridas de rua do Rodolfo, na Folha Online. Vale uma reprise aqui no blog...

Quando voltei da cobertura do Pan, um dos desejos mais prementes, depois de rever família e amigos, era retomar as provas de rua.

Por isso me inscrevi atabalhoadamente para todas as corridas bacanas que pintaram no meu e-mail. Mal notei que duas delas eram em dias seguidos. Quando percebi que correria a Reebok Night Run, no sábado à noite, e largaria na Corrida do Centro Histórico Corpore, no domingo pela manhã, já era tarde.

Em menos de 12 horas cobriria um percurso de 19 km. Para completar, tinha pouco mais de uma semana para a preparação (havia ficado parado durante a maior parte do Pan). Por sorte, tive companhia de um amigo nas duas empreitadas.

Encarei a minimaratona como se estivesse me preparando para a São Silvestre. Reforcei a dieta com carboidratos, fugi das bebedeiras de confraternização, enchi a cara de chá verde (li outro dia que faz bem a corredores e não custa nada experimentar) e principalmente, corri todos os dias, mas sem forçar.

Gostei de participar da prova da Reebok (ainda não havia disputado esse circuito). É bem organizada, o pessoal é animado e há um clima de balada entre os participantes.
O ruim foi se aquecer: a temperatura na largada era de 10 C. Em quatro anos em corridas de rua, foi a prova mais "fria" que participei.

O percurso foi plano em sua maior parte. Mesmo assim, não forcei o ritmo. Tanto por minha inatividade quanto pensando em me preservar. No final, uma subidinha mais íngreme. Nada que quebrasse os participantes. Forcei na reta final e terminei em 56min28s. Mas o principal foi ter chegado bem.

Não fiquei muito tempo no evento. A preocupação era voltar para casa o mais rápido possível e repor a energia perdida. Devorei um pratão de macarronada ao pesto que havia deixado pré-pronto. Tomei quase um litro de água de coco. Fui dormir pouco antes da meia-noite.

Acordei às 6h. Pela manhã, mais meio litro de água de coco, vitamina C, dois croissants grandes recheados e frutas.

A Corrida do Centro Histórico teve um pouco de muvuca na saída. A largada da Líbero Badaró é por demais estreita. Por conta da multidão, diminuí bastante o ritmo na largada. Isso não foi de todo ruim, já que guardava energia para terminar. Larguei com dois amigos, mas logo nos perdemos na multidão.

O charme dessa prova é, sem dúvida, o passeio rápido pelo Centrão, passando por Teatro Municipal, Praça da Sé, Viaduto do Chá, Largo São Bento... O percurso, cheio de idas e vindas, subidas e descidas, viradas e retas, não deixa ninguém enfadado.

Dessa vez só forcei o ritmo quando vi o sinal de que faltavam 200 m para a chegada. A bateria já estava quase toda descarregada. A idéia inicial, de terminar em 50 minutos, foi logo superada pelos fatos. Ultrapassei a linha de chegada em 53min58s. Havia cumprido os 19 km em pouco mais de 1h50min. E, afora leves dores musculares, sobrevivi à experiência.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Os furos que não dei

Passei um tempo sem escrever nesse espaço por um motivo dos mais fortuitos. Fui para o Rio, para a cobertura do Pan, mas esqueci minha senha e não consegui acessar o blog. Acontece.

Motivos acidentais me colocaram muito perto de duas historinhas empolgantes do Pan. Mas, como não temos uma bolinha de cristal para saber qual será noticiário no dia seguinte, perdi boas histórias.

Vamos começar pelo início. Estava um dia sem muita história e fui para a Vila Pan-Americana para ver o que ia rolar. Na zona internacional, pelo jeito, havia muita gente sem pauta. Vários coleguinhas papeavam, meio enfastiados, por um plantão que não era dos mais promissores.

Vi um cubano deixar a Vila e passear pela zona internacional. Sozinho. Passou por nós, sumiu pelo corredor que dava para a saída. Brinquei com o Bertolotto, colega do UOL, que ele estava procurando alguma rota de fuga.

Quando ele voltou, pedi para o Bertô, que é chileno e tem um espanhol melhor que o meu, entabular conversa com o cubano. Começamos a papear, mas o jogador de handebol, de 19 anos, não rendeu muita coisa. Disse apenas que havia gostado da Vila e que não teve problema com as camas. Deu apenas um sorriso quando questionamos sobre o que havia achado do membro do Comitê Olímpico dos EUA que comparou o Rio ao Congo (era a polêmica dos primeiros dias do Pan). Outro sorriso sem graça quando perguntamos sobre a ajuda dada por Hugo Chávez ao esporte cubano.

Sem mais assunto, deixamos o jogador seguir adiante, de volta para os alojamentos. Dois dias depois, Rafael Acosta fugiu da Vila. Era o primeiro desertor do Pan.

Vais achar que foi uma coincidência. Realmente foi. Talvez ele tivesse de fato sondando o terreno e tenha se assustado com os guardas da Força Nacional, armados de metralhadora. Fugiu por outro lugar.

Passou uma semana. Sem assunto, voltei à Vila. Naquele dia, o Sérgio Rangel, colega da Folha, havia conseguido um salvo-conduto para dar um rolé (como dizem os cariocas) pelos alojamentos. Enquanto aguardava a autorização e eu caçava algum assunto, sentamos em uns pufes do estande da Oi.

Ao nosso lado estavam dois cubanos. Perguntei a um deles que esporte faziam. Surpresa: foram receptivos. Eram pugilistas. Fiquei impressionado com os implantes dentários de um deles. "Sim, são de ouro", respondeu, com certo ar de orgulho. Um dia depois, Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara deixavam da Vila, na fuga mais polêmica do Pan.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

China veta o tchan olímpico

A China, mais uma vez, mostra que é um país tradicionalista e pudico. A seleção para voluntárias que irão participar das cerimônias de premiação na Olimpíada de Pequim, em 2008, segue critérios um pouco esdrúxulos, para dizer o mínimo.

Foram vetadas moças com traseiros grandes, tatuagens e piercings. Além disso, as voluntárias devem ter um odor agradável. Isso mesmo. As fedidas e com mau hálito estão vetadas.

Os testes ainda não começaram, mas as candidatas já irão atuar nas dezenas de eventos-teste, que serão realizados a partir do mês que vem até o início de 2008.

"As moças não podem cheirar mal porque provocariam mal-estar nos esportistas", explicou Li Ning, especialista em formação de voluntários olímpicos, sem se lembrar que após uma estafante competição os atletas não estarão, assim, tão cheirosos.

Não bastasse isso, as moçoilas também terão que ter a pele boa e brilhante e possuir boa visão. "Há garotas que colocam vários brincos na orelha, o que fere nossos critérios", afirma Li.

Pequim já selecionou 208 mulheres para os 23 testes pré-olímpicos programados.

Por outro lado, Li Ning contou que não há rapazes selecionados para a função. Mas pedirá ao Bocog (Comitê Organizador dos Jogos de Pequim), que também escale homens para as premiações. "Os homens são mais solenes e melhorariam o ambiente das cerimônias de entrega de medalhas. Além disso, atrairiam mais mulheres aos Jogos Olímpicos", acredita.

Fontes ligadas ao Bocog afirmaram que o COI não estipula que não se possa utilizar rapazes na cerimônia e deram como exemplo a Olimpíada de Atenas, em 2004, no qual eles fizeram essa função. As meninas do pódio estão sendo selecionadas em cinco escolas de etiqueta, mas os organizadores pretendem abrir concorrência pública a quem quiser participar.

Demissão por justa causa

Uma despedida de solteiro causou a demissão do goleiro Jamie Langfield, 27, do Aberdeen, um dos principais times da primeira divisão da Escócia.

O clube retirou sua oferta para renovar o contrato do arqueiro depois que os dirigentes souberam dos festejos feitos na Espanha pelo jogador, que se casa hoje.

"Ele já tinha dado dois ou três deslizes semelhantes durante a temporada. Agora, passou um pouco dos limites", reclamou Jimmy Calderwood, técnico da equipe, em entrevista à BBC.

Langfield, por sua vez, disse estar arrependido pelos excessos cometidos. "Era minha despedida de solteiro e estava bêbado. Acredito que todo mundo já passou por situação parecida e se arrependeu em seguida do que fez", afirmou, sem entrar em maiores detalhesm ao diário "Daily Mail".

Langfield, que recentemente recusou proposta do Glasgow Rangers, pediu desculpas públicas. "Pedi perdão. Mas se já decidiram isso [demiti-lo], terei que seguir com minha vida."

Verdinhas em campo

Enquanto ainda ninguém sabe se o Pan do Rio será um escoadouro de dinheiro público, sem grande lucro para o país, os organizadores da Copa da Alemanha-2006 anunciaram que a competição rendeu 2,9 bilhões de euros ao país. O estudo foi encomendado pela Federação Alemã de Futebol.

A pesquisa, feita pelo Instituto Federal de Ciências do Esporte, estimou em 1,3 milhão o número de estrangeiros que visitaram o país durante o Mundial (de 9 de junho a 9 de julho). Desses, 390 mil assistiram aos jogos. O evento criou 38 mil empregos.

Nossos desejos e esperanças antes do Mundial foram realizados: melhoramos a infra-estrutura do país, mudamos a imagem da Alemanha e modernizamos nossos estádios", destacou Horst Schmidt, secretário-geral da federação alemã.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Virandu espanhol


É impossível não se emocionar ou se intimidar com um estádio inteiro entoando um hino nacional. As más línguas dizem inclusive que na Copa de 98, os brasileiros amarelaram antes mesmo de o jogo começar, quando os franceses cantaram a plenos pulmões a Marselhesa.

Até que ponto o hino influi na intimidação ou no estímulo de uma equipe antes de entrar em jogo não se sabe. O fato é que a Espanha, cujo hino não tem letra, coleciona fracassos na esfera esportiva. A melhor colocação de uma seleção espanhola, por exemplo, em uma Copa do Mundo foi em 1950, quando a Fúria alcançou as semifinais. Nada satisfatório dado que a Espanha mantém uma longa tradição no futebol e uma das melhores ligas do mundo.

No esporte olímpico, não é diferente. Em Atenas, os espanhóis ficaram em 20º lugar no quadro de medalhas com somente (pasmem!) três ouros. Nós, aqui, tupiniquins do terceiro mundo, amealhamos cinco primeiros lugares. E durante cinco vezes, ouvimos e cantarolamos o hino nacional ou Virandu, como preferem alguns.

Atento a essa “desvantagem”, o presidente do Comitê Olímpico Espanhol, Alejandro Blanco, iniciou uma campanha para que se crie uma letra para a Marcha Real, como é conhecido o hino nacional espanhol.

"Se há oito milhões de pessoas te assistindo pela TV em uma Copa do Mundo, 60 mil no estádio e todos cantam ao mesmo tempo, isso dá uma sensação de união, inclusive de intimidação ao rival”, argumenta Blanco.

A proposta de Blanco, motivada por queixas de atletas, já ganhou força política e, nesta semana, deve ser apresentado um projeto de lei no congresso espanhol para que se crie uma comissão para compôr a letra.

Se o projeto for levado a cabo, os atletas espanhóis não precisarão passar mais pelo constrangimento de ficarem apenas no lalalalarilalá ou com as bocas fechadas, como na foto aí em cima.

sábado, 2 de junho de 2007

Confissão premiada no ciclismo

A situação do ciclismo anda tão caótica que a UCI (União Ciclística Internacional) pensa em instituir uma novidade nos meandros jurídicos: a confissão premiada. A entidade pretende incentivar que mais estrelas se auto-denunciem, diante dos controles precários que eram feitos até 1998, quando a modalidade começou a ser enlameada por escândalos periódicos.

Nas últimas semanas, dois ex-campeões da Volta da França, principal evento de ciclismo de estrada, tiveram as carreiras postas em cheque pelo uso de EPO (eritropoietina): o dinamarquês Bjarne Riis (campeão em 1996), que confessou o delito e o alemão Jan Ullrich (vencedor no ano seguinte), cujo massagista disse publicamente que lhe aplicava injeções da droga.

"Para criar um novo futuro, temos que admitir o passado e aprender com ele. Só assim poderemos limpar nosso esporte", disse Anne Gripper, diretora de antidoping da UCI. "Esperamos que as confissões na Alemanha e na Dinamarca sirvam de exemplo para outros ciclista e países. Espero que haja novas confissões."

Enrico Carpani, porta-voz da UCI, admitiu a possibilidade de confissão premiada. "Mas precisamos de algum tempo para decidir."

Além dos casos de Riis e Ullrich, dezenas de outros ciclistas foram implicados na Operação Porto, na Espanha, que desbaratou grupo que fornecia drogas a atletas.

Alguns já foram beneficiados por decurso de prazo. É o caso de Erik Zabel, ciclista na ativa, que confessou doping, mas não pôde ser punido. Ele admitiu o uso de EPO em 1996, mas garantir estar limpo desde então.

A expiação lhe fez bem. Na quinta-feira, ele venceu a segunda etapa da Volta da Bavaria, na Alemanha.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Sobre cueca e meio ambiente

Hoje vou me dar ao luxo de não falar sobre esporte, embora não deixe de abordar um pouco o jornalismo esportivo. Quem vai dizer que repórter do caderno de Esporte não se diverte? Fica a dica aos ecologicamente corretos...

Zorba inova e lança cueca de fibra de bambu


A Zorba Bambu será comercializada com exclusividade pelo Wal-Mart por três meses e foi criada para consumidores que desejam conforto e que estão preocupados com meio ambiente

A Hanesbrands, a maior empresa têxtil do mundo, lança esta semana no Brasil a última novidade em cueca. Batizada como Zorba Bambu, o produto é fabricado com 100% de fibra de bambu, gramínea renovável e de rápido crescimento, que se transforma em malha nobre com aspecto de algodão. Além disso, possui características únicas e destaca-se por ser mais macia, fácil de secar e por desbotar menos do que qualquer outro tecido.

"A Zorba sai à frente mais uma vez ao lançar uma cueca feita para os consumidores que se preocupam não apenas com o seu próprio bem-estar, mas também com o meio ambiente", comenta a gerente da Hanesbrands, Márcia Castelo Branco. A executiva ressalta que a nova cueca é composta por 94% de bambu e 6% de elastano, proporcionando melhor ajuste ao corpo e uma maior sensação de conforto.

A cueca Zorba Bambu tem propriedades bacteriostática e desodorante, que dificultam a proliferação de bactérias. A fibra de bambu possui propriedades termodinâmicas, que mantêm a temperatura do corpo. Por isso, a cueca absorve melhor a umidade e facilita a transpiração, tornando-se a peça ideal para homens que realizam exercícios físicos.

O produto é Made in Brazil, planejado e concebido pela equipe brasileira da Hanesbrands. É resultado de um ano de desenvolvimento. Para tornar seu projeto uma realidade, a Hanesbrands trabalhou em conjunto com a malharia Marles, fabricante da malha BAMBOOÒ (marca registrada e exclusiva da empresa), totalmente produzida no Brasil e com fibra que veio da China.

A malha BAMBOOÒ recebeu recentemente o certificado de qualidade Öko-Tex Standard 100, principal rótulo ecológico do mundo para têxteis sem substâncias nocivas, sendo indicada em primeira categoria, que permite o uso da malha BAMBOOÒ em bebês recém-nascidos que necessitam de proteção reforçada.

"O novo produto será um grande sucesso entre brasileiros", diz Márcia, destacando que a campanha no varejo terá grande apelo feminino, uma vez que pesquisas comprovam que 75% das compras de cuecas são feitas no Brasil por mulheres. A marca Zorba responde por 53% das vendas totais de cuecas no País.

A Zorba Bambu estará disponível em 2 modelos (slip e Boxer), 3 cores (branca, verde bambu e cacau) e em 4 tamanhos (P, M, G e GG). O preço sugerido nos pontos-de-venda é R$ 15,98 para o modelo Slip e R$ 19,98 para o modelo Boxer. O novo produto será comercializado com exclusividade durante três meses na rede Wal-Mart, uma das maiores redes varejistas do Brasil e que também controla os Hipermercados e supermercados com as bandeiras Bompreço e BIG.
PS: se desejar, temos fotos em alta resolução.

Ficha técnica – Zorba Bambu
Produto: Zorba Bambu
Fabricante: Hanesbrands Inc
Material: malha com fibra de bambu
Composição: 94% fibra de bambu e 6% de elastano
Fabricante da malha: Marles
Modelos: Dois modelos - Slip e Boxer
Tamanhos: Quatro tamanhos - P, M, G e GG
Cores: Três cores - branca, verde bambu e cacau
Preços sugeridos: Slip – R$ 15,98 e Boxer – R$ 19,98
Pontos de Vendas: Em todos os hipermercados do grupo (Wal-Mart / Hiper Bompreço / BIG)

terça-feira, 29 de maio de 2007

Doente do pé

Por essa Laure Manaudou, medalhista olímpica e mundial, não esperava. A nadadora, que se mudou para a Itália recentemente, para estar próxima do namorado, o também nadador Luca Marin, ficará um mês sem poder treinar por causa de brincadeira de mau gosto feita por amigos.

Explico: dois nadadores de sua nova equipe, o La Prese, Nicola Febbraro e Leonardo Tumiotto, agarraram a atleta para festejar o título italiano obtido pelo clube. Manaudou foi atirada à piscina do Foro Itálico, de Roma, mas caiu de mau jeito. Tocou o pé esquerdo na borda e sentiu dor lancinante.

O exame acusou fratura do quarto metatarso do pé esquerdo. Segundo os médicos, ela terá que ficar fora da água por quatro semanas. Com isso, desfalca seu clube e a França em eventos em Modena (2 e 3 de junho), Canet-en-Roussillon (9 e 10 de junho) e Montecarlo (16 e 17 de junho).

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Futebol na mira do doping

A Fifa, pelo jeito está mesmo enquadrada pelo Código Mundial Antidoping. Tanto é que o futebol teve agora seu primeiro caso de banimento do esporte. O feito (nada glorioso) ficou com o mexicano José Salvador Carmona Álvarez.

Ele havia sido flagrado pelos controles durante a Copa das Confederações, em junho de 2005. Seu exame acusou a presença de estanozolol, esteróide anabólico que, de tão fácil detecção, praticamente desapareceu de casos positivos.

Na ocasião, Álvarez levou suspensão de um ano. Em janeiro de 2006, o jogador deve novo teste positivo para a mesma droga. Sua defesa alegou erro de procedimento para conseguir sua absolvição no tribunal mexicano. A Fifa recorreu, então, à Corte de Arbitragem do Esporte, última instância de julgamento. O tribunal suíço deliberou, em 16 de maio, a expulsão do atleta.

Pelo jeito, dos esportes olímpicos, só o ciclismo (imerso em novo escândalo de doping) permanece como o calcanhar-de-aquiles dos controles. Revelações dos últimos dias já mancham a reputação dos campeões das últimas 12 edições da Volta da França, sua principal competição de estrada. O último vencedor da tradicional prova que não teve sua reputação manchada foi o espanhol Miguel Induráin, campeão de 1991 a 1995. Pelo menos ainda não.

domingo, 27 de maio de 2007

Prêmio para obesos

O México não seguiu o exemplo francês e entregou ontem prêmio para o campeão japonês de sumô. Miguel Ruiz-Cabañas, embaixador mexicano no Japão, ofereceu banquete a Hakuho, o novo campeão do esporte nipônico por excelência.

O prêmio oferecido pelo país americano teve início em 1981, por iniciativa do então presidente José López Portillo, que se encantou com uma demonstração de japoneses na Cidade do México. A TV japonesa NHK transmite todos os anos sete torneios de sumô, nos quais além de México, são oferecidos prêmios por República Tcheca, Mongólia, Bulgária, Hungria, China e Emirados Árabes.

A França esteve presente neste seleto grupo até o ano passado. Mas, por iniciativa do novo presidente Nicolas Sarkozy, abriu mão de participar da festa. O prêmio francês fora criado pelo ex-presidente Jacques Chirac, um fã confesso do sumô. Sarkozy, por sua vez, já confessou não entender tal apreço pela modalidade, "um esporte de gordos e não para intelectuais".

Satisfeito com a boa repercussão após a saída à francesa, o embaixador do México ofereceu farto rega-bofe. Nos jardins da embaixada, os lutadores puderam experimentar apimentadas iguarias mexicanas.

Mas o prêmio mais apreciado pelos lutadores não é o troféu oferecido pelo país. São as 365 garrafas de cerveja Corona, para o campeão se lembrar do México em cada dia do ano.

De mesário ao banco de reservas

O Atlético de Madri quase foi privado de ter seu técnico no banco de reservas ontem, na partida contra o Gimnastic, pelo Campeonato Espanhol.

Tudo porque o mexicano Javier Aguirre foi convocado para atuar como mesário nas eleições municipais de La Encina de Somosaguas. Aguirre era um mero reserva no pleito eleitoral. O treinador foi chamado para ser o segundo vogal.

Com isso, o treinador se viu impedido de viajar com a equipe a Tarragona, local da partida. Ele se apresentou às 8h na escola em que fora convocado, quando descobriu que não precisaria participar das atividades.

Partiu então, de forma desembestada, ao aeroporto, para se reunir com sua equipe. Afoito, chegou até a derrubar alguns cartazes, colocados para organizar as eleições. Não falou com repórteres.

Com Aguirre no banco, o Atlético de Madri marcou 2 a 0 no Gimnastic.

Sexo em Roland Garros

Escândalo sexual em Roland Garros: a tenista Aravane Reza, de origem iraniana, acusa o técnico da equipe feminina da França, Georges Goven, de ser um "estuprador de garotinhas". A polêmica, da qual também participou o explosivo Arsalan, o pai da tenista, ocorreu em fevereiro. Como resposta, Goven processou a tenista por "difamação pública" e exige uma indenização de 100 mil euros (R$ 262 mil).

A denúncia é o capítulo mais recente no duelo entre o clã Reza e a Federação Francesa de Tênis. O pai foi proibido de ter acesso às instalações de Roland Garros pelos próximos dois anos. Já sua filha só pode fazê-lo durante o Aberto da França _ela alcançou as oitavas-de-final do Grand Slam francês em 2006.

Arsalan considera que a FFT deixou sua filha marginalizada. No ano passado, mesmo despontando no circuito internacional, a tenista não recebeu convite para disputar o Torneio de Roland Garros e teve que disputar a fase prévia de classificação.

Em 9 de fevereiro, ele trocou insultos com técnicos da federação, entre os quais estava o capitão francês da Fed Cup. Pediu desculpas no dia seguinte. Christian Bimes, presidente da FFT tinha dado o caso por encerrado.

Ledo engano. Arsalan pediu que sua filha, em protesto, boicotasse Roland Garros neste ano. Não foi atendido por Aravane, que agora é treinada por Patrick Mouratoglou. O novo técnico afirma só querer paz para trabalhar com a nova pupila. Não deve ter.

sábado, 26 de maio de 2007

Cestas previsíveis

Não resta dúvida que as finais da NBA, ao contrário de 2006, parecem mais que previsíveis neste ano. Dificilmente Detroit e San Antonio deixarão escapar os títulos de suas respectivas conferências.

Agora, o duelo protagonizado pelo time de Michigan com o Cleveland, nas finais do Leste, está mais que repetitivo. Dois jogos com o mesmo placar (79 a 76 para o Detroit) me parece um pouco demais. Não bastasse isso, um marcador baixo para finais de NBA. Saudades de times que não ganharam nada, mas deram que empolgaram nos últimos anos: Dallas, Phoenix e o meu azarado Sacramento (que derrota frustrante para o LA Lakers na final do Oeste de 2002!).

Confesso que gostei mais da temporada passada, com a surpreendente decisão entre Miami e Dallas, que ao menos representavam novidade (ambas as equipes nunca haviam chegado a essa fase antes).

Em uma temporada tão sem-graça como a deste ano, não é surpresa que os prováveis finalistas também também contem com as duas melhores defesas. Mas infelizmente, Detroit e San Antonio abriram mão do jogo ofensivo. O time do Leste é o décimo melhor ataque. O San Antonio, o 17º.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Esporte para gordinhos

Aos poucos, o novo presidente da França, Nicolas Sarkozy, mostra o que muda no país com sua eleição. No meio esportivo, a primeira medida tomada foi o cancelamento de premiação dada ao vencedor do Campeonato Japonês de sumô.

O troféu fora instituído em 2000 pelo último ocupante do cargo, Jacques Chirac, um fã confesso da modalidade. Segundo um porta-voz da embaixada francesa em Tóquio, o prêmio não será entregue "pelo menos por enquanto". Com isso, a França deixa uma lista (das mais exóticas) de países que já criaram premiação semelhante: República Tcheca, México, Mongólia, Bulgária, Hungria, China e Emirados Árabes.

A imprensa nipônica condenou a atitude de Sarkozy e a atribuiu ao conhecido desprezo do novo presidente pelo esporte em geral e pelo sumô em particular. Em 2004, o semanário "Paris Match" publicou que, durante visita à China, o então ministro do Interior confessou não entender "como alguém pode ficar fascinado por essas lutas entre gordos com trajes engomados". Não satisfeito, qualificou Tóquio como uma cidade "fria" e classificou os jardins típicos de Quioto como "deprimentes".

Na ocasião, para não pegar mal, Sarkozy convidou o embaixador japonês em Paris para um almoço. Desementiu tudo. Agora, nem cogita voltar atrás.

YouTube de vídeo a vidraça

Milhões de libras estão em jogo quando a Premier League e o YouTube iniciarem luta na Justiça. Os dirigentes reivindicam que o site de compartilhamento de vídeos violou direitos de imagem e esperam uma lucrativa vitória legal. Já o YouTube diz que a Premier League faz uma interpretação enviesada da lei.

Na internet, é possível acessar jogos e gols históricos de uma das principais ligas de futebol do planeta. Atualmente, ela é transmitida a 204 países e possui audiência estimada de 2,59 bilhões de pessoas. Por conta disso, licenciamentos ligados a ela geram altos lucros aos clubes.

De olho nisso, os cartolas decidiram juntar forças com a Bourne Co, uma produtora de música, e processar o YouTube por infringir direitos autorais. As empresas entraram com a ação em Nova York, local da sede do site de compartilhamento de vídeos.

O Google, que comprou o YouTube em novembro de 2006, argumenta que, caso perca na Justiça, criará uma jurisprudência perigosa de ataque ao direito de "expressão artística" na internet.

Febre entre internautas, o YouTube pode se tornar uma tremenda dor de cabeça a seus novos donos. Após uma onda de assinatura de acordos, entre eles com a NBA (basquete) e NHL (hóquei), o YouTube tem recebido processos milionários. A Viacom (comunicações) identificou 150 mil casos de infração a direitos autorais no YouTube e decidiu processá-lo. O pedido de indenização pode bater o bilhão de dólares.

Esse parece ser o caminho seguido pela Premier League, que chegou a comparar a ação do YouTube a da máfia, pelo fato de várias companhias terem cedido seus direitos a seus próprios infratores concordando em tratá-los como parceiros.

Chico elimina o Botafogo

Tenho certa simpatia pelo Botafogo do Rio. Achei emocionante o fim da fila botafoguense no Estadual do Rio de 1989. Talvez porque eu, palmeirense, vivia na mesma época fila semelhante, que só acabaria alguns anos depois.

Ontem, não vi o jogo do Botafogo, pela semifinal da Copa do Brasil. Mas, revendo os lances, claramente, o alvinegro foi prejudicado pela arbitragem. Poderia ter feito um 5 a 1. Se classificado. Ganhado os R$ 2,5 milhões que a diretoria anunciou de prejuízo. Amealhado boas rendas em uma final carioca com o Fluminense. Ponto.

Entendo a ira do diretor de futebol do clube, Carlos Augusto Montenegro. Mas chamar a bandeirinha Ana Paula Oliveira, protagonista dos erros que eliminaram seu time, de "piranha" e que ela deveria estar "em um daqueles dias" é lamentável.

O mesmo Montenegro presidia o Botafogo quando o clube conquistou o Brasileiro de 1995. Na ocasião, foi beneficiado por erros do árbitro Márcio Rezende de Freitas na final contra o Santos. Há duas semanas, seu time foi beneficiado novamente, quando o Símon não marcou pênalti nos minutos finais a favor do Atlético-MG.

Nosso mundo é machista. O esporte reflete isso. Desde os primórdios, o futebol sempre foi um local restrito aos homens. Não apenas dentro de campo. Fora dele também. Nos estádios, conversas de bar, confraternização com os amigos, peladas de rua.

Ultimamente elas têm "invadido" todos os setores da vida social. O futebol não ficou imune. O esporte ainda é um dos setores em que mais temos dificuldade de lidar com essas novas personagens (que de resto trouxeram mais alegria ao sisudo mundo do esporte). Esses episódios servem de aprendizado para julgarmos erros e acertos não pelo sexo, mas pela competência. Espero que sirvam de lição.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Big Brother do tênis

Na ausência atual de um grande ídolo do tênis nacional do porte de Agassi e Sampras, os marqueteiros dos EUA já arrumaram uma solução para promover os maiores torneios realizados em solo americano. A Lever 2000 realizará um reality show cujo objetivo é desenvolver as habilidades com a raquete de oito participantes.

Uma pesquisa nacional feita entre os amantes do tênis escolherá quatro duplas mistas que serão orientadas, a partir de então, pelos ex-tenistas Mary Joe Fernandez e Murphy Jensen.

Após alguns treinos, a competição terá início em Indianápolis e a primeira eliminação será em agosto, no Masters Series de Cincinnati. Outra dupla será eliminada em New Heaven. A final será disputada na quadra central de Flushing Meadows, local que abriga a partida decisiva do US Open, e terá Patrick McEnroe, capitão dos EUA na Copa Davis como mestre de cerimônias.

Gafe histórica

Desde pequeno, todo mundo aprende que cantar vitória antes do tempo não traz boa sorte. Parece que essa lição não foi aprendida pelos conterrâneos dos Beatles.

A homepage do Liverpool anunciou antecipadamente que o time vermelho seria campeão da Copa dos Campeões. O site trazia um texto cujo título era "Reds win in Athens!" (Vermelhos vencem em Atenas). O seguinte trecho estampava a auto-confiança excessiva: "Os heróis vermelhos de Rafa (Benítez, o técnico) estão comemorando outro memorável triunfo europeu depois da vitória sobre o Milan".

O jornal "La Reppublica" descobriu a gafe, copiou a página e, assim que o juiz encerrou a partida decretando o Milan como campeão europeu, colocou-a no ar para o deleite dos italianos.

Após a derrota por 2 a 1 para os italianos, a página foi obviamente alterada e o título passou a ser "Desapontamento em Atenas"

terça-feira, 22 de maio de 2007

Como o futebol explica a Europa

O futebol contribuiu para o processo de integração da Europa ou somente acirrou os nacionalismos e regionalismos europeus?

Promover esse debate foi o que motivou o lançamento hoje da exposição "Apenas um jogo?" em Bruxelas. A mostra faz parte de uma série de eventos para celebrar os 50 anos do Tratado de Roma, que lançou as bases da União Européia.

Um dos destaques é um totó (ou pebolim, se vc é paulista) em escala humana, no qual estão representados os jogadores mais emblemáticos para o processo de integração européia, como Zinedine Zidane, Raymond Kopa, Johan Cruyff, Luis Suárez e Ferenc Puskas. Para cada um dos jogadores do totó, foi elaborado um perfil que o relaciona a um feito histórico da União Européia.

O visitante terá acesso também a uma "caixa de sons", através da qual é possível escutar os cantos de torcedores de todas as partes de Europa, e telões onde são reproduzidas imagens de momentos de alegria e tristeza provocadas por jogos inesquecíveis.

A idéia pareceu tão interessante que Barcelona e Liverpool pretendem levar a mostra para seus respectivos países.

Se vc tiver a sorte de estar na Europa, vá lá e depois me conta:
Ingressos: 4 euros (R$ 10,45)
Local: Musées Royaux d'Art et d'Histoire, em Bruxelas
Horário: terça-sexta, 9h30 às 17h; sábado, domingo e feriados, 10h às 17h

Fair Play

O Bayern de Munique não poupou para mostrar quão elegante um clube de futebol pode ser. O clube bávaro, 20 vezes campeão nacional, desembolsou 20 mil euros (mais de R$ 52 mil) para publicar um anúncio no qual parabeniza o Stuttgart por ter levado o caneco alemão neste ano.

O anúncio, publicado em dois jornais de Stuttgart, dizia "Nós os felicitamos pelo títuto e prometemos uma grande luta pelo troféu na próxima temporada"

Lig Lig Lig Lé

A Uefa está mais atenta ao gigante mercado do Oriente do que a Fifa. Prova disso é que, a partir de hoje, é possível encontrar informações no site da entidade européia (www.uefa.com) também em mandarim.

Japonês e coreano já constavam na lista de idiomas disponiveis no site, que conta também com versões em inglês, francês, alemão, espanhol, italiano, português e russo.

Já a Fifa, que se gaba tanto por de ter mais países associados do que a ONU, tem um site (www.fifa.com) com apenas quatro idiomas disponíveis: inglês, espanhol, francês e alemão

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Em português nos entendemos

Certa vez saiu um "tranquilo" na capa do Lance! (ainda trabalhava lá). Não cabe aqui entregar o autor da proeza, basta apenas dizer que o trema, amado por uns, odiado por outros, ignorado pela maioria, tem seus dias contados.

Deu no JT de sexta (confesso que não sabia): o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que irá entrar em vigor a partir do ano que vem, prevê a mudança de grafia de cerca de 300 palavras. Ele foi assinado pelos sete países que formam a comunidade lusófona: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Pois é, teremos que conviver, a partir de janeiro, com esquisitices como abençoo, enjoo, voo, assembleia, ideia, heroica e jiboia, entre outras. As letras K, W e Y voltam a constar de nosso alfabeto. Sua expulsão fora um absurdo. Mas para quem já foi alfabetizado há algum tempo e tem que conviver com a escrita todos os dias (é, nós jornalistas), é um novo aprendizado.

A boa notícia (para a maioria das pessoas) é que o trema vai acabar. Passaremos a escrever coisas como linguiça, sequência, frequência e tranquilo. Pois é, como podemos ficar "tranquilos" se vamos nos assemelhar, ao menos na escrita, à fala dos hermanos argentinos?

Sinceramente lamento a morte do trema, que ainda sobrevive em línguas como alemão, grego e francês. Como agüentar tantas mudanças?