sábado, 29 de março de 2008

Errando onde é para se acertar


Plantão de sábado, na redação. Chega release do glorioso piloto Raphael Matos, da Indy Lights. Pois é, ela ainda existe. O brasileiro largou na pole mas terminou apenas em oitavo lugar na primeira etapa da temporada, no oval de Homestead, em Miami (foto). "Erramos no acerto", justificou o brazuca. Então, tá.

domingo, 16 de março de 2008

As vozes que ouvimos por aí

Na linha do que o reportariado ouve no dia a dia, o amigo Eduardo Knapp, colega de Folha, me soltou uma hilária.

Voltávamos acho que do Engenhão, durante a cobertura do Pan-Americano do Rio, em julho passado, quando ele lançou as frases-chavão dos taxistas (na época tínhamos que aturar um dos motoristas mais malas da história da Cidade Maravilhosa em nossos deslocamentos pan-americanos).

Sempre pedi para ele me mandar elas escritas, e finalmente recebi hoje. Vão abaixo...

-Agora você me pegou.

-Agora você me apertou. (variação da primeira frase)

- Vou ficar te devendo.

- O que eu ganho com isso!?

- É doutor....Não tá (sic) fácil para ninguém...

- Assim você me quebra as pernas!

- Na medida do possível a gente faz o que pode.

(Aposto que você, que já tenha passado por alguma redação, já ouviu alguma delas!)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Trauma da bola

Um episódio de violência pode traumatizar a pessoa. E, em um elenco de futebol, pode tirar o time dos eixos nos campeonatos que disputa.

Preocupados com isso, o Cienciano, equipe do Peru, divulgou que irá contratar um psicólogo para superar o trauma de seus jogadores após terem seus salários roubados. Os cartolas estão preocupados com uma queda de rendimento no torneio Apertura do Peruano e na Taça Libertadores.

"Os jogadores estão um pouco traumatizados pelo roubo. Por isso, colocarei um psicólogo para que superem esse mal momento que passaram", informou o presidente do clube, Juvenal Silva.

Na terça-feira, os jogadores do Cienciano foram ameaçados com armas de fogo e mantidos presos no clube por quatro ladrões, que roubaram US$ 90 mil, referente ao pagamento do elenco.

O volante Juan Carlos Bazalar admitiu sofrer problemas emocionais desde o acontecimento, a ponto de não conseguir dormir.

"Quando nos prenderam e disseram para sentarmos no chão, pensei no pior", relatou o traumatizado jogador.

Já outro volante, Edson Uribe, contou que pensou primeiro que era uma piada de mal gosto. "Mas quando nos puseram as armas na cabeça entendi que de fato estavam nos roubando."

Após o roubo, o Cienciano mergulhou em crise financeira, afirmou o dirigente, sem garantir se haverá ressarcimento ao grupo.

Males da profissão

Recebi hoje de uma coleguinha esse textinho que fala da maldição que se abateu sobre a classe jornalística. Como tudo isso é verdade na profissão, transcrevo abaixo (não sei quem foi o gênio que escreveu)...

Contam os alfarrábios que quando Deus liberou para os homens o conhecimento sobre a informação, determinou que aquele "privilégio" iria ficar restrito a um grupo muito pequeno de pessoas. Mas neste pequeno grupo, onde todos se acham "semideuses", já havia aquele que iria trair as determinações divinas. Aí aconteceu o pior! Deus, bravo com a traição, resolveu fazer valer alguns dos mandamentos do jornalista:

1º) Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.

2º) Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.

3º) Estarás condenado ao eterno cansaço físico e mental.

4º) Terás gastrite, se tiveres sorte. Se fores como a maioria, terás úlcera, pressão alta, princípios de enfarte, estresse e depressão. E, perto de se aposentar, terás câncer.

5º) A pressa será tua sombra e tuas refeições principais serão o lanche da padaria da esquina, a pizza do pescoção ou uma coxinha comprada no buteco mais próximo do local onde realizarás as reportagens.

6º) Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo; se te sobrarem cabelos.

7º) Tua sanidade mental será posta em xeque antes de completares cinco anos de trabalho.

8º) Ganharás muito pouco, não terás promoção, não terás perspectiva de melhoria e não receberás elogios de seus superiores e leitores. Porém, as cobranças serão duras, cruéis e implacáveis.

9º) Trabalho será teu assunto preferido; talvez o único.

10º) A máquina de café será tua melhor colega de trabalho; a cafeína, porém, não fará mais efeito.

11º) Os butecos que ficam abertos de madrugada serão tua única diversão e somente neles poderás encontrar malucos iguais a ti.

12º) Terás pesadelos freqüentes com horários de fechamento, palavras escritas erradas, reclamações de leitores, matérias intermináveis, processos, gritos ao telefone... E, não raro, isso acontecerá durante o período de férias.

13º) Tuas olheiras e mau humor serão teus troféus de guerra.

14º) Por mais que sejas um profissional ético, serás visto na rua como um canalha.

15º) E, apesar de tudo isso, haverá uma legião de “focas” querendo ocupar o seu lugar

Já recebi de coleguinha de "O Globo" até um novo ítem aos padecimentos da profissão:

16º) Conviverás com colegas que farão odes a si próprios.

Conheces algum ítem que não entrou nessa listinha? Mande aí.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Desvantagem numérica

Tem tanto atleta que deserta em Cuba que dizem, algum dia, a delegação da ilha caribenha não teria atletas suficientes para participar de alguma competição.

Pois isso ocorreu ontem. No Pré-Olímpico de futebol, em Tampa (Flórida), a seleção cubana foi obrigada a entrar em campo com só dez jogadores. Não havia 11 disponíveis para formar a equipe.

A situação caótica ocorreu porque o selecionado já havia viajado com 18 jogadores, dois a menos do que o país poderia inscrever no torneio.

A situação começou a se complicar após a deserção de cinco atletas, seguida pela fuga de mais dois. Os primeiros a fugir foram o goleiro José Manuel Miranda, os defensores Erlys García Barón, Yenier Bermúdez e Loanni Cartaya Prieto e o meio-campo Yordan Álvarez. Em seguida, também desapareceram mais dois, o zagueiro Yendry Díaz e outro meia, Éder Roldán. Para tornar a situação ainda mais difícil, seu artilheiro, Roberto Linares, havia sido expulso na estréia, contra os EUA (empate em 1 a 1).

Com tanto contratempo, Cuba só tinha dez atletas disponíveis para enfrentar Honduras ontem, no estádio Raymond James. E não havia nenhum jogador no banco em que se aboletava o técnico Raúl González Triana.

Mesmo assim, o time agüentou até os 24min do segundo tempo, quando tomou o primeiro gol, do meia Marvin Sánchez. Levaria outro, de Hendry Thomas, outro meia, aos 32min.

Aos 37min, o atacante Yasnier Rosales ainda se lesionou. Com dois jogadores a menos, sem possibilidade de alterar taticamente o time com alguma substituição e já cansada diante do esforço, a seleção de Cuba apenas esperou o tempo regulamentar passar para que o resultado não fosse vergonhoso. Por sorte, Honduras também não quis mais nada com o jogo.

Na alegria e na tristeza

Quando as agências não mandam nenhum despacho bacana para a gente comentar no blog, acho interessante lembrar causos que vivenciei nesses pouco mais de dez anos em redações. Vamos a dois deles, ambos ocorridos em coberturas de basquete.

Era repórter ainda do Lance! e já tinha desenvolvido várias fontes pelo fato de, na época, freqüentar mais os ginásios e ter contato próximo com técnicos, jogadores e cartolas.

Uma delas era o Cláudio Binotto. Supervisor do Barueri, tornou-se chapinha. Certo dia, o dirigente me ligou para contar novidade.

"Quer um furo?", perguntou.

Putz, que repórter não está à caça deles? "Lógico!", respondi.

"Pois então, contratamos o Flor Meléndez para dirigir a equipe."

O porto-riquenho era um dos treinadores mais badalados do Campeonato Nacional de basquete. Ex-técnico da seleção de Porto Rico, tinha passado por alguns dos principais times do Brasil. Dirigia, na época, o Vasco, pelo qual não vinha acumulando muitos bons resultados.

A tramóia é que o Vasco, na época megalomaníaco com a parceria com o Bank of America, também mantinha o time de Barueri, que atuava igualmente com a camisa do Vasco. A estratégia, então, para se livrar do porto-riquenho sem a necessidade de pagar multa rescisória foi enviá-lo à filial paulista.

O problema é que o Barueri já tinha treinador, o Carlos Alberto Rodrigues, o Carlão, que apesar de não ser um nome tão famoso, vinha fazendo um bom trabalho. Essa foi minha questão ao Binotto.

"Beleza, vou ligar para o Carlão para falar com ele."

"Não, liga depois das 18h, depois do treino, que eu ainda não falei com ele", respondeu o Binotto.

Embora fosse até certo ponto surreal, acatei a sugestão. Às 18h, quando o treino da tarde já devia ter acabado e o Carlão já havia sido informado das más-novas, liguei para o treinador.

"Oi, Carlão. Tudo bem?"

"Tudo ótimo. Acabei de terminar o treino. O time está muito bem. Acho que a tendência é continuar evoluindo no Nacional", respondeu todo animado.

"Mas, fiquei sabendo que você estaria saindo do time... Parece que o Flor Meléndez inclusive já foi contratado", questionei, meio sem jeito.

"Não estou sabendo de nada. Acabei de dirigir o treino", respondeu surpreso.

"Ah, então deve ser boato", tentei me corrigir, em vão, da gafe.

Quis desligar logo em seguida, mas ainda ouvi a voz do Carlão, já em outro tom. "Puxa, Adalberto, espero que, na próxima vez que você me ligar, não seja para eu saber que perdi o emprego."

*

Era 2000, e os EUA vinham ao Brasil para uma série de amistosos. Um deles seria contra a seleção brasileira. Outro contra a seleção paulista.

O problema é que, para armar aquela equipe, a técnica Laís Elena, do Santo André, vinha se desdobrando. Afinal, a maioria das atletas de ponta já havia sido chamada pelo técnico Barbosa para a seleção nacional. Sobrava muito pouco para fazer frente às norte-americanas, que vinham com um time fortíssimo. Discutia esse problema com a treinadora.

"Para os arremessos de três pontos tenho poucas opções. O Barbosa já chamou todo mundo", queixou-se.

Intrigado por Laís não ter chamado a Lílian, que vinha se destacando no Osasco (integraria a seleção brasileira medalha de bronze na Olimpíada de Sydney, naquele ano), questionei a ausência da ala-armadora.

"Ela não foi convocada pelo Barbosa?", espantou-se Laís.

"Não. Ficou de fora", respondi.

"Foi você ter me lembrado. Vou ligar agora para o pessoal do Osasco para chamar ela."

Pois é, depois de ter demitido um técnico, convoquei uma jogadora.

terça-feira, 11 de março de 2008

Fim da linha

Com o tempo algumas palavras e siglas perdem o sentido. É o caso de orelhão. Creio que daqui alguns anos as pessoas não mais farão associação óbvia entre o telefone público e o formato do aparelho (já repararam como, paulatinamente, os orelhões originais têm desaparecido das ruas?).

É o que deverá ocorrer com a BM&F. Foi lá que vivi um dos maiores apertos de minha curta carreira jornalística, mas ao mesmo tempo um dos episódios mais divertidos dela, como já relatei aqui. O problema é que a Bolsa de Mercadorias & Futuros já anunciou que irá se fundir com a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Com a fusão, o nome BM&F irá desaparecer.

Ou seja, daqui alguns anos, terei que explicar que tal história aconteceu na BM&F, que, como me definiu uma coleguinha de Dinheiro (como já admiti, entendo pouquíssimo de economia), era "uma bolsa que negociava derivativos".

Será impressão minha, mas quanto mais apostos explicativos (perdoe a redundância) a gente coloca em nossas historinhas, mais nos sentimos velhos?

terça-feira, 4 de março de 2008

Meu pé esquerdo

O filme "Meu pé esquerdo" causou grande comoção quando foi lançado. A brilhante interpretação de Daniel Day-Lewis (que levou o Oscar deste ano por "Sangue Negro") da história real do jovem Christy Brown, que sofria de paralisia cerebral e descobriu talento para a literatura e a pintura, emocionou muita gente. Uma das cenas mais impressionantes é quando Day-Lewis começa a fazer pinturas com o pé esquerdo, normalmente associado aos maus augúrios.

Por que lembro de um filme de 1989 para falar de esporte? Pelo simples fato que pés esquerdos andaram emocionando muita gente nas arenas.

Causou comoção na China a contusão do superpivô Yao Ming. O jogador do Houston Rockets, maior ídolo do esporte da China, sede em agosto da Olimpíada, sofreu fratura por estresse no pé esquerdo. Após o infortúnio, confessou que se não puder defender sua seleção em Pequim seria "a maior frustração da carreira".

Hoje, Yao Ming passou por uma cirurgia no pé esquerdo, realizada no Memorial Hermann-Texas Medical Center. "Ele se sente muito bem e está se recuperando satisfatoriamente depois da cirurgia", afirmou Tom Clanton, chefe da equipe médica responsável pela operação.

Na terça da semana passada, o Houston anunciou que a lesão impossibilitaria Ming de atuar no resto da temporada e pôs em risco sua participação na Olimpíada.

Enquanto esteve em quadra, Ming ajutou o time texano a conquistar uma boa campanha na temporada. Com 39 vitórias e 20 derrotas, a franquia é a quinta colocada da forte Conferência Oeste. O chinês contribuiu para isso com 22 pontos e 10,8 rebotes por jogo, em média.

Mas o drama do chinês parece fichinha perto da desgraça que abateu sobre o esquiador Mathias Lanzinger. O austríaco, 27, sofreu grave acidente no domingo, na etapa de Kvitfjell da Copa do Mundo de supergigante.

"Desgraçadamente, não conseguimos restabelecer a circulação sanguínea em seu pé. Teremos que amputá-lo", declarou o médico Lars Engebretsen, do Hospital Ullevall de Oslo, onde o esquiador está internado.

Engebretsen assinalou que a operação se realizará em 24 horas. Os médicos do hospital de Oslo realizaram uma nova intervenção para salvar a perna do esquiador, mas constataram que a circulação sanguínea era insuficiente para salvar o membro.

O primeiro exame em Lanzinger após o acidente constatou uma tripla fratura na perna esquerda. O austríaco estreou no supergigante na etapa da Copa do Mundo de Lake Louise (Canadá), em 28 de novembro de 2004. Acabou em 12º.

Em quatro anos como profissional, não havia obtido grande destaque. Em 36 provas disputadas, havia conseguido um mero terceiro posto na etapa de Beaver Creeknos Estados Unidos, em 1ºde dezembro de 2005.

Nascido em 9 de dezembro de 1980, em Abtenau, Lanzinger, além do esqui, praticava futebol, motociclismo e tênis. Seu pé esquerdo e seu drama podem servir de inspiração para futuras películas.