quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Só de sacanagem!

Mais uma das milhares de histórias engraçadas recolhidas no livro sobre o João Saldanha, ao qual já me referi em texto anterior. No final da vida, o jornalista teimou em ir cobrir a Copa da Itália-1990. Seu estado era caquético. Mesmo assim, conseguiu convencer médico e família. Infelizmente não voltaria vivo da cobertura.

No Aeroporto Internacional do Rio, Saldanha, ainda no embarque, era empurrado, em cadeira de rodas, por seu filho, João Viotti. Foi quando viu o jornalista Sebastião Nery, seu velho conhecido, mas pelo qual no momento não gozava de grande simpatia por nutrir simpatia por Fernando Collor (Saldanha era um notório comunista).

Ao ver Saldanha naquele estado, Nery tentou ser simpático: "Oi, Saldanha. Tudo bem?"

"Tudo. Estou nessa cadeira de rodas só de sacanagem!", respondeu ele.

Embriaguez olímpica

Os atletas que forem aos Jogos de Pequim, em agosto, terão a oportunidade de experimentar a comida típica chinesa na Vila Olímpica. O menu terá desde cozinha internacional até iguarias locais.

Quem gosta de provar a bebida da terra também terá a oportunidade. Isso porque constará do cardápio o baijiu, tradicional bebida local de alta graduação alcoólica. A informação é do jornal "Beijing Daily".

Os atletas poderão escolher entre três tipos de baijiu: maotai, erguotou e wuliangye, que podem ser destilados de arroz, sorgo ou outro cereal. Sua ingestão inadvertida dá origem a ressacas memoráveis.

O grupo Er Shang de Pequim, principal fornecedor de alimentos para os Jogos Olímpicos, escolheu mil tipos de comidas e bebidas que seriam servidos aos atletas, segundo o presidente da companhia, Sun Jie. Ele afirmou que todos os alimentos que serão consumidos pelos esportistas durante os Jogos serão entregues diariamente na primeira hora da manhã para assegurar que estejam frescos.

Os atletas que desejarem, terão a chance de comprar lotes de alimentos tradicionais, cuja embalagem terá etiquetada seu conteúdo nutricional.

Como nem todos os ocidentais toleram bem as delícias chinesas, que incluem espetinhos de escorpião, há previsão de que o restaurante ofereça pratos mais consagrados internacionalmente.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O mentor de uma turma especial

Morreu na segunda-feira, dia 21, o jornalista Paulo de Carvalho Patarra, 74. Conheci o Patarra em 1994, quando estava no terceiro ano do curso de jornalismo da PUC. Certa noite ele foi fazer uma palestra aos alunos do Serginho Pinto de Almeida. Falou sobre a revista Realidade, sua principal criação e orgulho.

Na hora tive a idéia de utilizar a revista como objeto de trabalho de História Contemporânea que teria que tocar na USP, onde cursava o segundo ano. Falei com o Patarra e marcamos uma entrevista sobre a revista.

Esse trabalho de graduação virou uma pesquisa de iniciação científica e, alguns anos depois, minha dissertação de mestrado.

Patarra era o representante tradicional do jornalismo boêmio. Bebia todos os dias. Fumou por 60 anos. Quando conversamos, já mostrava alguns sinais do câncer de garganta que acabaria derrubando-o. Tossia em alguns momentos.

Foi ele quem dirigiu ai melhor revista de reportagem da história de nossa imprensa. Realidade mapeava, mês a mês, os principais temas do momento em grandes reportagens. Grandes mesmo. chegavam a ter dez páginas, com textos imensos para os padrões atuais.

Patarra me deu uma cópia do projeto da revista. Guardo até hoje comigo. Nele já dizia, em linhas gerais, o que seria a publicação. Até algumas pautas que seriam feitas na revista, surgida em abril de 1966, já eram citadas no projeto.

Diretor da publicação até o final de sua melhor fase (dezembro de 1968), Patarra pouco escrevia na revista. Era o artífice de uma equipe de excelentes repórteres como José Carlos Marão, José Hamilton Ribeiro, Carlos Azevedo, Luiz Fernando Mercadante, Eurico Andrade e Roberto Freire, entre outros. Tive o prazer de conhecer todos eles. Era uma turma especial, que mantinha amizade próxima após tantos anos em redações variadas.

Patarra, porém, foi o autor de uma das capas mais impactantes da história da revista, justamente a última sob sua responsabilidade. Nela, narrava aventura quase épica para entrevistar Luís Carlos Prestes. O líder comunista vivia no Brasil, durante a ditadura militar, na mais absoluta clandestinidade. Considero o título da capa ("Este rosto não existe mais", sobre um desenho de Prestes) um dos melhores da época da ditadura.

Servia para dizer que vivíamos sob um regime que ignorava certos personagens que seriam importantes na esfera política, se o país gozasse de liberdade de pensamento. E também ajudava a segurança do Velho, sugerindo que ele teria passado por cirurgia plástica na União Soviética que alterou-lhe as feições, sendo difícil seu reconhecimento.

Após a aventura de Realidade, Patarra dirigiu a revista Quatro Rodas, passou pela TV Globo e chegou até a ser ghost-writer de best-sellers. Não, ele nunca me confidenciou quais livros seria autor.

No final do ano passado, o Carlos Azevedo me ligou para convidar para lançamento de livro com algumas das principais reportagens de sua carreira. Infelizmente deveres na redação não me permitiram ir ao evento.

Azevedo me contou que Patarra padecia de câncer de garganta. Havia retirado as cordas vocais. Também disse que o Mylton Severiano da Silva, o Myltainho, outro companheiro da época de Realidade, o ajudava a redigir seu livro de memórias. Patarra sempre prometeu que escreveria suas histórias, mas adiava constantemente a empreitada.

Fiquei triste por sua situação. Mas senti que enfim ele nos deixaria sua experiência tão rica na imprensa. Ao saber de sua morte, ontem, por um amigo, fiquei mais chateado ainda por provavelmente esse projeto não ter sido concluído.

Hoje, soube por outro coleguinha, que Patarra conseguiu narrar sua história aos companheiros Sérgio Gomes, Sérgio de Souza e Lana, Ana Moulatlet, Ivo Patarra, Sérgio Kalili e Cláudio Júlio Tognolli. O grupo esteve com ele no Hospital do Servidor Público no último dia 24. Filmaram mais de duas horas de entrevista. Quem diria, Patarra, um ateu, conseguiu sua redenção na véspera do Natal.

"Era desejo dele contar sua vida no jornalismo, aos detalhes. Hoje ele se foi", escreveu o Tognolli. Já nos deixaram outros grandes nomes daquela turma: Narciso Kalili, Eurico Andrade, João Antônio, Luigi Manprim... Felizmente a história desse grupo tem sido resgatada.

Jornalismo mitômano

Estou lendo "João Saldanha, uma vida em jogo", do André Iki Siqueira. Confesso que iniciei o livro meio cético. Andei lendo muitas biografias picaretas, chatas mesmo. Além disso, nunca tinha ouvido falar do autor.

Felizmente minha primeira impressão há muito já foi para escanteio. Afora algumas passagens em que há tantas versões que o livro torna-se repetitivo, a obra contém o que mais procurava em uma biografia sobre personagem tão rico: histórias bacanas.

É sabido que Saldanha, assim como boa parte da classe dos coleguinhas, era um tanto mitômano. Algumas das histórias que ele asseverava serem verdadeiras, provavelmente não passam de lendas. Outras, ninguém conseguirá nunca comprovar.

Ele garantia ter tirado foto dando tapinha no ombro do líder chinês Mao Tsé-Tung. As fotos comprometedoras teriam sido destruídas pela filha Ruthinha durante a ditadura militar. Outra famosa de Saldanha era que ele teria viajado à Itália e, aos 16 anos e quase por acaso, presenciado a Copa de 1934, a primeira de sua carreira. Vai saber...

Uma das mais saborosas ocorreu na redação do Jornal do Brasil. Marcelo Rezende, sim, aquele dos telejornais da Rede TV!, era repórter iniciante e escrevia texto sobre a venda, pelo Botafogo, da sede do clube, em General Severiano, área nobre do Rio. Era 1977 e o então presidente, Cecil Borer, tentava aplacar dívidas.

Com intenção de enriquecer ainda mais o texto, Saldanha contou ao repórter que, em 1912, quando o clube teve o terreno doado, havia um português que mantinha um barraco no local. E passavam-se os dias e nada de o portuga deixar aquele lugar. Foi então que Saldanha e alguns amigos foram até lá e incendiaram o barraco, expulsando o galego.

"Você pode perguntar com o Sandro Moreyra [outro conhecido repórter botafoguense, hoje infelizmente meio esquecido], que estava lá", afirmou Saldanha.

Rezende foi então até a mesa de Moreyra atrás de comprovar a história. Novato, o repórter estava meio receoso em publicar aquilo, já que Saldanha era conhecido por inventar passagens em que aparecia como protagonista. Sandro Moreyra não ficava atrás. É de sua lavra a maioria das histórias folclóricas de Mané Guarrincha, muitas sem comprovação.

"Sandro, é verdade que você e o Saldanha ajudaram a expulsar esse português do terreno do Botafogo?"

"Meu filho, eu sou de 1919. O Saldanha nasceu em 1917. Você acha que em 1912 a gente estava incendiando barraco?", questionou Moreyra.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os resultados de uma má assessoria de imprensa, parte II

As trapalhadas da assessoria parecem não ter fim. Hoje, o site da revista Época divulgou que o tumor retirado de Nenê era maligno. Em outras palavras, constatou-se câncer no jogador. Por sorte, o tumor foi retirado ainda em sua fase inicial e não foi configurada nenhuma metástase.

Em suma, o comunicado produzido pela sua assessoria de imprensa MENTIA. Sim, meus caros, foi isso o que aconteceu. Emitiram um comunicado que provocou uma estranheza entre os repórteres que procuraram checar a informação. O Denver jamais confirmou que o tumor fosse benigno, afirmando que o resultado dos exames ainda não haviam sido divulgados.

Sim, concordo que é dever do repórter checar com diversas fontes se a informação é correta. Mas, por outro lado, fico pensando que deveria haver um órgão regulador para fiscalizar o trabalho das assessorias de imprensa. Mentir já é demais.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Os resultados de uma má assessoria de imprensa

Nos últimos dias, foram gastos toneladas de papel e litros de tinta para que os jornais publicassem notícias sobre um assunto que, no fundo, não tinha notícia. O mistério que o jogador de basquete Nenê fez em torno de sua "doença" só serviu para atiçar a curiosidade da mídia e criar um estardalhaço em torno de algo que, no fundo, não atrapalha em nada a carreira dele.

Para quem não sabe, Nenê pediu sigilo às pessoas próximas a ele em relação à doença constatada em um de seus exames. Depoimentos de apoio dos colegas dos Nuggets levaram a crer que a doença era grave. Palpiteiros de plantão logo arriscaram: deve ser câncer ou AIDS. No final, nem uma coisa, nem outra.

Se tivesse sido mais bem orientado, Nenê entenderia que, por ser uma pessoa pública e atleta, seu estado de saúde é objeto de acompanhamento do público em geral. (Vide o caso Magic Jonhson e Lance Armstrong). Sendo assim, trataria, via assessoria de imprensa, de emitir notas relacionadas ao andamento dos exames e cirurgia, sem provocar falsas suspeitas na mídia, que tende a ser fatalista na maior parte das vezes.

Cirurgia encerrada, biópsia feita, constatou-se que o tumor, retirado do testículo, era (ainda bem!) benigno. Sendo assim, a recuperação é rápida e, em semanas, o jogador poderá retornar às quadras.

Em suma, muita gritaria para um assunto que merecia ser tratado com mais comedimento. Lição para os jornalistas e, principalmente, para quem assessora o jogador.

Os leads que gostaria de escrever

A notícia era sobre a morte prematura do enxadrista Bob Fischer. Mas o redator da Agência Efe pariu um primor de sublead, que me deixou morrendo de inveja: "A los 64 años, exactamente el número de casillas del tablero, Bobby Fischer ha muerto casi en el olvido..."

Procurei o nome do redator: Rodrigo Zuleta. Tentei encontrar no google um email no qual pudesse mandar um elogio direto à idéia de associar os poucos anos de vida do gênio do xadrez ao número de casas do tabuleiro.

Não me lembro o jornalista que teve a sacada de homenagear o saudoso sambista Bezerra da Silva em um lead que destacava ter ele morrido em 17 de janeiro de 2005. Ou seja, foi 171 até na morte. Ponto pro redator.

Confesso que, afora alguns títulos excêntricos, alguns já citados aqui, não me lembro de ter feito sacadas dessa magnitude em leads.

Lembro de duas de meu amigo Alessandro Lucchetti, do Diário de S.Paulo. Certa vez, ele escreveu um perfil da nadadora-musa Mariana Brochado destacando os treinos árduos de uma atleta de alto nível.

No lead tascou algo como: "Com ela não tem tempo ruim e cara feia. Até porque, mesmo que ela quisesse fazer, não conseguiria."

Mas a melhor ainda acho a que escreveu em uma materinha sobre casos folclóricos de uma edição do Paulista masculino de basquete. Não me lembro qual foi o ano.

Naquele torneio, a Federação Paulista de Basquete resolveu unir as séries A-1 e A-2 para mostrar a força do Estado. O problema é que várias equipes contavam com orçamentos de segunda divisão e, de repente, se viram alçadas ao campeonato de elite.

Um desses times, o São Bernardo, terminou o campeonato de forma vergonhosa, tendo perdido todos seus jogos. Ouvido, o treinador da equipe disse algo como: "Pelo menos demos trabalho aos nossos adversários".

"Por trabalho leia-se o trânsito caótico até o ABC paulista", escreveu o Lucchetti após aspa dessa monta.

Contra o imperialismo

Esportistas normalmente são criticados por seu baixo envolvimento em questões políticas. Essa acusação não pode ser feita ao tenista Marcos Baghdatis, que ontem avançou à terceira rodada do Aberto da Austrália depois de eliminar o russo Marat Safin.

O cipriota participou, em 2007, de um protesto contra a ocupação de parte de seu país pela Turquia. O víceo em que o atleta grita contra o imperialismo turco foi postado no youtube.

"Houve grande cobertura sobre minha presença na filmagem difundida pelo youtube. Nela apareço apoiando o interesse político de meu país, o Chipre, enquanto protestava contra uma situação que não é reconhecida pela ONU", afirmou Baghdatis.

No vídeo, ele e outros manifestantes cantavam: "Turcos, fora do Chipre".

"Agora quero me concentrar no Aberto da Austrália e peço a todos que respeitem a minha decisão. Amo o Aberto da Austrália e quero ter uma boa atuação aqui", concluiu.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Cada um come o que acha melhor

Não é todo mundo que irá se divertir com a Olimpíada de Pequim. As minhoquinhas, por exemplo, terão um trabalho bastante árduo pela frente.

Segundo os organizadores, foi comprado um carregamento de 80 milhões de minhocas da terra para serem usadas nos estábulos de Hong Kong, local das provas de hipismo dos Jogos Olímpicos. As coitadas terão como nobre tarefa deglutir os excrementos dos cavalos que ficarão alojados no local.

O esterco produzido pelas minhoquinhas constitui excelente adubo orgânico e sua voracidade em engolir merda permite reciclar os dejetos das montarias, além de proteger o meio ambiente.

Segundo fontes do Jóquei Clube de Hong Kong, citadas pela agência Xinhua, até agora, os dejetos que foram produzidos nas instalações, principalmente esterco, restos de pasto e jornais velhos utilizados para cobrir o piso, vão diretamente ao lixo.

Essa prática só acelera a saturação dos depósitos e gera gases tóxicos e contaminantes, como metano, problema que começa a solucionar as minhocas nos testes pré-olímpicos da hípica. O Jóquei Clube de Hong Kong colabora com uma empresa australiana de tecnologia biológica e estabeleceu centros de tratamento de dejetos em Jintian e Yuanlang, dois locais próximos a Hong Kong.

Os excrementos dos cavalos olímpicos são transportados diariamente a estes centros de tratamento e, após dez dias, serão o repasto -argh!- para as minhocas, cujos dejetos, por sua vez, servirão para fazendas de Hong Kong e para a exportação como adubo orgânico de alta qualidade.

As provas olímpicas da hípica serão realizadas na ex-colônia britânica entre 9 e 21 de agosto e terão a presença de 200 cavalos para produzir a deliciosa refeição das minhoquinhas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Treino para sorrir

Já abordei em outro texto o árduo processo de seleção das voluntárias chinesas que irão atuar durante os Jogos de Pequim. E as privilegiadas, que foram selecionadas, terão trabalho duro pela frente até o início dos jogos, dia 8 de agosto.

As afortunadas chinesas encarregadas de participar das cerimônias de premiação têm um árduo treinamento pela frente, em busca do sorriso perfeito. Na preparação são utilizados palitos, cadernos e blocos.

Ainda que o sorriso pareça sincero, as 380 voluntárias passam por algumas privações para mostrar essa naturalidade. As jovens, a maioria universitárias entre 18 e 25 anos e entre 1,68 m e 1,78 m de altura, têm que ser capazes de manter um sorriso em que seja possível ver de oito a dez dentes durante ao menos dez minutos seguidos.

O grande desafio é fazer essa careta com naturalidade, algo que as meninas só alcançam depois de horas e horas de treinamento. Para isso, colocam palitos de forma horizontal entre os dentes.

"No final da aula, ficamos com os lábios dormentes. Mas logo o sorriso aparece de forma natural", festeja Hao Jingyu, uma das escolhidas que participa desse Pré-Olímpico do sorriso, em entrevista ao site do Bocog (Comitê Organizador dos Jogos de Pequim).

Mas nem só de sorrisos vivem as recepcionistas, já que o Bocog exige elegância e graça das garotas. Para isso, elas são obrigadas a andar com postura reta equilibrando um bloco de notas sobre a cabeça e um caderno entre os joelhos.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Fé e tatuagens

O sérvio Mateja Kezman, ex-jogador de Atlético de Madri e Chelsea, revelou ter uma fé pouco comum ao badalado mundo milionário do futebol. O atacante disse, em entrevista ao diário "Press", de Belgrado, que é atraído pela vida de monge por que assim "poderia servir melhor ao Senhor", com quem sente profunda conexão.

Kezman, que foi afastado pelo técnico da Sérvia, Javier Clemente, descobriu a religiosidade recentemente.

"Antes, quando visitava monastérios, sentia pena dos monges. Mas agora invejo seu estilo de vida. É o máximo de servidão ao Senhor. É muito difícil viver neste mundo e respeitar a todos os mandamentos de Deus", afirmou, na ocasião do Natal na Sérvia, celebrado em 7 de janeiro, segundo o calendário juliano, seguido pela Igreja Cristã Ortodoxa.

Atualmente no Fenerbahce da Turquia, disse que passou o Natal em um hotel "só com o Senhor, rezando. Queria ter estado com a minha família, mas tive compromissos com a equipe."

O artilheiro, de 28 anos, conta que jejua regularmente todas as quartas e sextas e que sua fé só o tem fortalecido. "Tento passar o maior tempo possível pensando em Deus e visito monastérios sempre que posso. Estou agradecido a Deus por ter me permitido conhecer a fé e estar na companhia de pessoas que o servem."

Contraditoriamente, Kezman revela ter um defeito: fazer tatuagens. "Sim, é meu vício. Outros têm o vício do álcool, fumo ou mulheres. Já no meu caso, são as tatuagens. Apesar disso, sinto que tenho essa obsessão é cada vez menor, graças à ajuda de Deus", afirmou o jogador mais caro da história do Fenerbahce, que desembolsou 15 milhões de euros (R$ 39 milhões) para contratá-lo do Atlético de Madri em 2006.

Invasão polaca

Muito antes de os brasileiros invadirem Londres, foram os poloneses que descobriram a capital britânica. De fato, não é difícil encontrar poloneses pelas ruas, mercados com produtos típicos e até festas e festivais de cultura polaca. em Londres, os trabalhadores de lá concorrem com brasileiros em empregos na construção civil, cujo maior símbolo é o encanador polonês.

Até aí tudo bem. Mas a projeção do diário polonês "Polska" me parece um tanto exagerada. Segundo o jornal, a celebração dos Jogos Olímpicos em Londres, em 2012, irá atrair milhares de poloneses para trabalhar nas obras de infra-estrutura. Com isso, o país ficará sem mão-de-obra disponível para tocar a construção e reforma de estádios para a Eurocopa do mesmo ano, que será na Polônia.

Os poloneses ainda olham com suspeita para a realização da Eurocopa. De acordo com o senso comum, as obras seguem em ritmo vagaroso e dificilmente estarão prontas para contemplar os critérios da Uefa.

O "Polska" noticia que hoje já faltam na Polônia 20 mil trabalhadores, entre operários e mão-de-obra qualificada, para construir estádios, estradas, ferrovias e hotéis necessarios para acolher o evento. A situação só tende a agravar, já que os organizadores de Londres-2012 já admitiram vários atrasos. Com isso, deve haver nova fuga de trabalhadores ao país. Calcula-se que hoje vivam por lá cerca de 1 milhão de poloneses.

Com tanta carência de operários, o governo local já estuda utilizar presidiários para acelerar um ao menos um pouco os trabalhos.

Flagrado pela webcam

A tecnologia, às vezes, pode ser perigosa. O argentino Ever Banega levou broncas públicas do Valencia pelo técnico Ronald Koeman por não prestar muita atenção com a vigilância da internet.

"Já temos bastantes problemas para fazer mais comentários", afirmou Joaquín, dirigente do Valencia, ao ser questionado sobre o que motivou a dispensa de Banega.

Segundo o diário "El Mundo", o meia foi flagrado por uma webcam se masturbando. Além disso, ele estava entre os jogadores que destruíram as instalações de um hotel no Canadá depois de ganhar o Mundial sub-20 do ano passado.

O Valencia chegou na semana passada a um acordo com o Boca Juniors para a transferência de Banega, 19, que já está na Espanha e treina com a nova equipe. Ele ainda não pode jogar porque sua documentação não foi enviada pela federação argentina.

Apesar da mancada, o jovem foi convocado por Koeman para viajar com a equipe a Sevilha, onde o clube enfrenta o Betis, pelas oitavas-de-final da Copa do Rei.

O Valencia atravessa grave crise após a decisão de Koeman de dispensar várias estrelas da equipe, como Cañizares, Albelda e Angulo. O time está em sétimo no Espanhol, fora da zona de classificação às copas européias e a 17 pontos do líder Real Madrid.

Geopolítica em quadra

A geopolítica do esporte às vezes é surpreendente. Por problemas de segurança, várias seleções de Israel são obrigadas a disputar classificatórios na Europa.

Ontem, mais um fato inusitado ocorreu. A Romênia irá organizar o Pré-Olímpico asiático de handebol para os Jogos de Pequim, em agosto. A disputa será do dia 28 a 3 de fevereiro, em bucareste (masculino) e Oradea, no noroeste do país (feminino). Cada torneio terá a participação de quatro a seis seleções.

O anúncio foi feito depois que a federação internacional decidiu anular os torneios classificatórios de 2007, que haviam sido vencidos por Cazaquistão (feminino) e Kuwait (masculino). Tudo motivado por reclamações da Coréia do Sul. O país é o único a desafiar a hegemonia européia em Olimpíadas. Os sul-coreanos já arrebataram 2 ouros e 4 pratas em Jogos Olímpicos. Subiram ao pódio tanto no masculino como no feminino, feito que poucos países alcançaram.

Se os resultados do ano passado fossem mantidos, a Coréia do Sul ficaria de fora de Pequim, depois de conquistar o vice-campeonato em Atenas-04. Mas os cartolas conseguiram provar, através de vídeos, que a arbitragem favoreceu, escandalosamente, os campeões.

Para garantir a lisura da competição, a solução encontrada pela federação internacional foi programar a disputa para longe do continente (e da influência) da cartolagem asiática.

A ironia da história é que esses torneios servirão como compensação à Romênia, candidata a organizar o Mundial masculino de 2009, que acabou programado para a Croácia.

O Schumacher errado

Às vezes as manchetes servem só para isso mesmo: chamar a atenção, apesar de não haver notícia. Ontem vi um exemplo disso nas agências internacionais.

Despacho da AP dizia: "Schumacher tem detectado anfetamina em teste de sangue durante prisão por dirigir embriagado". Notícia impactante: o ex-campeão mundial de F-1 Michael Schumacher pego no doping e ainda por cima preso por dirigir bêbado.

É só ler o lead para descobrir que o texto dava bem menos do que o título da notícia prometia. O Schumacher do despacho, na verdade, era o quase desconhecido Stefan Schumacher, 26, detido em Stuttgart no já longínquo dia 7 de outubro de 2007. Anticlímax total.

Segundo seu advogado, o ciclista nada tem a ver com doping.

"Ele só festejava seu sucesso no campeonato mundial com amigos em uma casa noturna de Stuttgart. Foi encontrado uma presença mínima de anfetamina, abaixo do limite [estabelecido pelo Código Mundial Antidoping]. Não está claro como a anfetamina foi parar em seu corpo", disse o advogado Michael Lehner.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Correndo contra o tempo

Pois é, falei aqui que meu objetivo era melhorar minha marca pessoal na São Silvestre. Não consegui. Aliás, fiquei bem longe disso. Pior: cheguei arrebentado em 1h35min30s.

Contando os três anos em que participei da prova (2004, 2006 e 2007), foi a pior edição em termos de temperatura. O calor chegou a 32 graus na largada e só deu uma aliviada já no Largo do Paissandu, por volta do km 11 da corrida. E os postos de água, instalados a cada 3 ou 4 km, não davam conta nem do volume de pessoas, nem da imensa sede dos corredores após tanto tempo sem se refrescar.

Larguei com um ex-colega de Folha, mas só consegui acompanhá-lo nos três primeiros quilômetros, que fizemos em 15 minutos, antes de ele me deixar para trás.

Fui me arrastando até a Rio Branco, quando acertei meu ritmo. No trecho do Centrão ainda dava para ambicionar alguma coisa. Iniciei a subida da Brigadeiro em 1h17min. Até que não estava mal, diante das condições de temperatura e umidade. Mas senti o esforço do início da prova e a maltratada panturrilha diante de tantos sobes e desces (tive cãibra logo após a chegada). No final das contas, até que não fui mal, em 7.046o lugar entre os homens em um total de 20 mil atletas.

Para animar, um corredor trajado com uniforme do Bope ordenava a todos, ainda na Consolação: "Pede pra sair" e chamava os concorrentes de "fanfarrões". Vi muitos torcedores com a camisa do Palmeiras (espantosamente nenhum corintiano nas ruas!) e, no final, presença maior da torcida são-paulina. Um fanático até correu a prova inteira com uma enorme bandeira do Tricolor. Chegou alguns metros à minha frente.

O pior foi outro maluco, que cumpriu os 15 km com um vaso na cabeça. Assisti à sua chegada quando já estava indo embora para pegar o metrô (devia ter umas duas horas de prova). Depois vi na TV que ele também fez flexão antes da corrida equilibrando o apetrecho. Depois de alguns quilômetros, seguramente, o vaso estaria pesando uns 50 quilos.