segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Maratona visual

Fiquei alguns dias sem escrever por aqui. Cabe uma explicação. Tirei duas semanas de folga, peguei uma credencial permanente e fiquei por conta da Mostra de Cinema. E, como diria Luis Noriega nas saudosas transmissões de futebol, como "Esporte também é Cultura", farei um texto com o melhor (e pior) do que vi na Mostra. Foram até agora 48 filmes. Até o final do evento, devo ver uns 63 (cinco por dia nos últimos três dias). Ainda é pouco diante do total, se não me engano 370 filmes disponíveis. Não dá para ver tudo.

Bando de moleques

Darrick Martin, armador do Toronto, é quem conta o causo. O norte-americano aproveitou o período de férias da NBA para ganhar alguns trocados no CSKA Moscou, da Rússia.

Certo dia, durante o jantar, o armador pediu um copo de vinho ao garçom. Foi interpelado pelos companheiros de time. "Você pediu autorização ao treinador?", quiseram saber.

"Sou um homem de 36 anos. Não sou mais um garoto. E eu quero um copo de vinho."

Diante do estranhamento de todo o elenco, Martin pensou melhor. "Ok. Estou no ambiente deles, na cultura deles." Levantou-se e pediu autorização ao técnico Ettore Messina, considerado hoje um dos melhores do mundo na função.

Messina, conhecido como "ditador das quatro linhas" aquiesceu. Martin pôde, finalmente, tomar seu copo de vinho sossegado.

Será que a lição européia pode servir para nossa combalida seleção brasileira?

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Droga de competição

Que o ciclismo anda uma bagunça, todo mundo sabe. Os escândalos de doping pululam a cada dia, também. Se não, que outro esporte teve seus principais nomes manchados, nos últimos anos, com acusações de uso de substâncias proibidas?

Houve respingos da Operação Porto, que desbaratou verdadeira quadrilha que agia na Espanha fornecendo drogas a ciclistas, em nomes como Iván Basso, campeão do Giro da Itália de 2006.

Floyd Landis tornou-se o primeiro campeão da Volta da França, a perder o troféu nos tribunais, também por doping. O pior é que o vice-campeão, Oscar Pereiro, também já sofreu denúncia de que teria tido dois exames positivos para salbutamol na mesma Volta da França.

Nem o maior nome da modalidade, Lance Armstrong, hexacampeão da Volta da França, que abandonou as estradas, se viu imune de acusações desse tipo.

Agora, a história que li hoje, de que Amsterdã se candidatou a dar partida para o Giro da Itália e 2010, achei um pouco demais. Isso mesmo. Contrariando todas as divisões geográficas, o prefeito da cidade, Alderman Carolien Gehrels, apresentou a candidatura da cidade. Além da capital, Haia também solicitou abrigar uma das etapas.

Se o pedido for aceito, seria a segunda vez que a tradicional prova de estrada da Itália (teve início em 1909), começaria fora da bota. Em 2002, o campeonato teve partida em Groningen, também na Holanda.

É sabido que os holandeses têm verdadeira paixão por bicicletas, mas tal iniciativa foge à tradição da modalidade. Se bem que, pensando na situação atual do ciclismo, até que não seria má idéia começar a competição em Amsterdã.

Pisando em ovos

Não sei qual o grau de precisão desses testes de pisadas que pululam nas corridas de rua. Mas desconfio que não é muito alto. Comecei a correr em 2004, com um tênis Reebok que, descobri depois, não era próprio para corridas de rua.

Passei para um Nike naquele mesmo ano, após fazer meu primeiro teste de pisada em um estande da empresa de material esportivo montado em alguma corrida. Como resultado, deu que tinha uma pronação acentuada. Ou seja, minha pisada girava muito para dentro, concentrando a tensão no calcanhar e na região do dedão.

Meu segundo grau de especialização ocorreu após esse teste: passei a usar tênis de pronador. Passei por Adidas (o pior que já usei para corridas de rua) e novamente Nike.

No final do ano passado, decidi repetir o teste no Circuito das Estações da Adidas. Passei por ele meio que por acaso. Dois amigos meus estavam na fila para fazerem o teste pela primeira vez. Fiquei conversando com ambos e acabei participando também. O resultado foi uma pronação leve. Continuei usando tênis para pronador. Ainda Nike.

Há alguns meses, porém, namorava um Mizuno Wave, que todos que correm afirmam ser o melhor para a modalidade junto com o Asics Nimbus (os japoneses dominam!). Acho que, para quem decidiu começar a se aventurar em distâncias maiores (corri meia-maratona neste ano e quebrei no final), já era necessário pensar num tênis mais de ponta.

No entanto, há alguns dias, um vendedor me disse que o Wave não era o mais adequado para quem é pronador. Resolvi então me submeter a mais um teste de pisada, dessa vez na maquininha da Mizuno. Pois bem: deu pisada neutra. Era o argumento que faltava para cometer a insanidade de entrar na tecnologia das ondinhas. Vamos ver se me dou bem com ela.

sábado, 13 de outubro de 2007

Voando como Santos Dumont

Passados seis dias da Bertioga-Maresias, mais uma corrida. Agora a Corrida Santos Dumont, em homenagem ao pai da aviação. São 10 km no Campo de Marte, na zona norte, na sexta feriado de dia das crianças e nossa senhora (mas trabalhei). Mais uma prova que fiz pela primeira vez.

Percurso bom, plano, passando pelo Sambódromo e por avenidas largas. Um pouco de muvuca só na saída. Nada que prejudicasse um bom tempo (fiz em 51min29s, meu recorde para os 10 km). O sol foi um pouco escaldante, mas a organização da prova colocou bastantes postos de água para refrescar e hidratar os corredores.

Foi a 11a prova que fiz em 2007. Muito provavelmente supero as (acho que) 12 que fiz no ano passado. Até o fim deste ano pretendo correr mais umas quatro ou cinco.

O que me leva a chegar a conclusão de que, com a febre de corridas de rua em São Paulo, fica cada vez mais difícil conseguir participar de todas as provas que gostaríamos. Aliás, não consegui neste ano. E que, se é interessante fugir da mesmice Ibirapuera-USP, também é bom não exagerar. Competições na marginal Pinheiros ou no Minhocão não deixaram saudades. Há alguns lugares em São Paulo que o ar fica irrespirável para os corredores.

No alto e na ponta

O suíço Roger Federer, número um do mundo, e o diretor do Masters Series de Madri, Manolo Santana, não chegaram a jogar nos céus da capital espanhola. Os dois fariam uma partida de demonstração na cobertura da Torre Mutua, de 250 metros de altura, maior arranha-céu da cidade.

O evento seria algo similar ao que o próprio Federer havia feito com o norte-americano Andre Agassi, no heliporto do hotel de luxo Burg Al Arab, em Dubai, a 320 metros de altura.

Apesar da expectativa criada, o evento não foi realizado por dificuldades logísticas. Os elevadores só alcançavam 230 metros. Para chegar ao topo do edifício, era necessário subir por um setor em reforma, passando por escadas cheias de pó e terra. Depois, teriam que passar por baixo de andaimes e vigas, algumas situadas a um metro do chão. Finalmente teriam que subir até o topo por uma escada vertical, presa por arames, de cinco metro de altura.

Ao chegar no alto, depois desse quase exercício de Le Parkour, havia pouco espaço para os tenistas se moverem. Foi um risco considerado exageradamente alto para realizar a partida promocional.

Federer se contentou em ficar alguns andares abaixo e posar junto a uma estátua sua, imitando um guerreiro de Terracota. Nas mãos, sua arma: uma raquete de tênis.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Insanidade jornalística

As pequenas loucuras é que adoçam a vida. Não me lembro onde li isso, mas é bem verdade. Sem umas insensatez de vez em quando a rotina não tem graça. Fizemos uma no último sábado.

Há alguns meses recebi e-mail chamando para uma corrida que parecia bacana, o Revezamento Bertioga-Maresias. São 75 km a serem percorridos em equipes de três, seis ou nove atletas. Alguns malucos correm a prova individual. A maioria do percurso é pela praia, dando a chance de admirar a paisagem e respirar um ar puro, que não costumamos encontrar por aqui. A galera da editoria de Esporte da Folha -de forma até surpreendente para mim- se animou a correr. Arregimentamos seis elementos, sendo quatro do caderno, e montamos o time.

O primeiro problema encontrado é que a competição seria num sábado pela manhã, com largada em Bertioga. E quatro dos seis corredores -eu incluso- iriam fazer pescoção (para quem não conhece o jargão jornalístico é a dobra de plantão às sextas-feiras para adiantar a edição de domingo). Nada muito animador, mas nada que nos fizesse desistir da empreitada.

Tentamos adiantar ao máximo o pescoção, para podermos deixar São Paulo em um horário razoável. Partimos da Barão de Limeiras por volta das 1h30 da madruga (a largada seria às 8h). Às 3h chegamos à casa de praia do primo de um dos integrantes do time. Alguns ainda tiveram ânimo de assistir ao treino do GP da China de F-1. Eu caí na cama. Desmaiei.

Acordei quando o primeiro integrante do time já havia largado. Deixamos a "concentração", mas não conseguimos chegar a tempo de pegarmos nosso chefe -que havia sido o primeiro a largar- no posto de troca. Foi um dilema: como achá-lo? A última equipe já havia passado pelo posto de troca. Havia duas perspectivas: ou ficaríamos em último ou poderíamos até ser eliminados.

Por sorte, após alguns minutos de aflição, o segundo corredor do revezamento o encontrou, pegou o chip e aí é que conseguimos efetivamente entrar na prova e nos organizar. Fui o terceiro do revezamento e consegui ultrapassar seis equipes (pegara o chip em último lugar). Começamos aí uma corrida de recuperação. O atleta seguinte ultrapassou mais seis, o seguinte mais 11 e assim sucessivamente, até o final.

Acabamos finalizando o percurso em 266o lugar, entre 311 times. Mas o principal foi ter terminado, ganhado as medalhas e, muito mais do que técnicas de motivação infantilóides impostas por departamentos de RH, unido naturalmente o grupo. Acabamos a prova animados a participar de novo no ano que vem. Que venham novos pescoções!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Trapaça na maratona

A desclassificação de Roberto Madrazo da Maratona de Berlim, no dia 30 de setembro foi objeto de várias piadinhas dos jornais mexicanos. O ex-candidato à presidência do país, pelo PRI (Partido Revolucionário Institucional) atingiu a linha de chegada em 2h40min57s. O resultado serviu para o mexicano ganhar na categoria entre 55 e 59 anos.

Apesar disso, os organizadores descobriram que ele não havia coberto o trajeto completo e acabou desclassificado. Segundo os registros divulgados pela rede Televisa, o mexicano, que estampou no peito o número 33751, "deixou a prova no quilômetro 20 e apareceu 21 minutos mais tarde no quilômetro 35. Se tivesse corrido esse percurso, Madrazo teria feito um tempo parcial melhor inclusive do que o de Haile Gebrselassie. O etíope não só venceu a prova, como bateu o recorde mundial da maratona em 2h04min26s.

A Maratona de Berlim é uma das preferidas pelos mexicanos, que nos últimos anos conseguiram alguns bons resultados, como o recorde mundial master Andrés Espinosa em 2003 e o segundo lugar na categoria absoluta de Adriana Fernández em 2002. Apesar disso, nenhum desses triunfos tenha sido tão divulgado quanto a trapaça de Madrazo.

Para reforçar as gozações sobre ele, uma rádio local comparou os passos de Madrazo com os de Gebrselassie ao fazer uma crônica cômica da corrida. Já o diário "Milênio" divulgou uma fotomontagem em que o político exclama, à frente do portão de Brandemburgo: "Sim, eu posso! Primeiro colocado na categoria atalho livre". Atrás dele, os corredores gritam: "Herr fraude, herr fraude".

A suposta irregularidade no desempenho de Madrazo encobrem seu indiscutível mérito como corredor. Aos 55 anos, o político mantém uma excelente forma física que o permite correr os 42,195 km da maratona em cerca de 3h45min, uma média de pouco mais de 5 minutos por quilômetro.

Nascido em 1952, Madrazo desenvolveu carreira política marcada por polêmicas e altos e baixos. Em 1994, seu grupo político venceu acirrada eleição, e ele tornou-se governador de Tabasco, seu Estado natal. Aqueles comícios geraram um forte conflito pré-eleitoral com seu rival, Andrés Manuel López Obrador, que detonou protestos que chegaram até Cidade do México, a capital do país.

López Obrador o enfrentou novamente nas eleições presidenciais de 2006, na qual Madrazo acabou em terceiro, atrás do anterior e atual presidente do país, Felipe Calderón.

Palhaço no circo do futebol

Para fugir da ira da torcida vale realmente tudo. O goleiro Gianluigi Buffon, da Juventus de Turim, tido por muitos o melhor de sua posição no mundo, revelou que já usou tudo quanto é estratagema para deixar um estádio às escondidas.

No último domingo, mais uma vez Buffon deixou o gramado às escondidas, após a Juventus empatar com a Fiorentina por 1 a 1, no campo do adversário.

"Não é a primeira vez que invento um truque para sair daquele estádio. Na primeira vez, para não ser reconhecido pelos torcedores rivais, saí com uma máscara de palhaço", contou o arqueiro, na concentração da Itália, que se prepara para enfrentar a Geórgia em Coverciano (Florença).

Buffon afirma que também já deixou o estádio no porta-malas de um carro.

Há animosidade grande entre as torcidas de Juventus e Fiorentina. Para evitar distúrbios no último domingo, a polícia impediu que fossem vendidas entradas para torcedores da Juventus.

"A vez que coloquei uma máscara de palhaço foi na final da Copa da Itália que ganhei com o Parma. Havia levado uma máscara de palhaço de circo. A coloquei para caminhar tranqüilo entre torcedores fiorentinos. Eu era jovem", rememora.

A partida a que se refere o goleiro ocorreu em 5 de maio de 1999, com empate entre Parma e Fiorentina em 2 a 2. Com o resultado, os visitantes ficaram com o título, já que haviam empatado em casa em 1 a 1, tendo se beneficiado de ter marcado mais gols fora de casa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Sexo e futebol

O técnico do Dínamo de Kiev, Jozsef Szabo, "aprisionou" seus jogadores na concentração da equipe para inviabilizar qualquer contato desses com suas mulheres. Segundo o treinador, elas "não compreendem que seus homens têm que trabalhar duro". A notícia foi veiculada na página do clube.

"Nos atrincheiramos na concentração porque as mulheres são um grande desastre para o futebol. Não compreendem que seus homens devem trabalhar e que seu trabalho é muito duro", acrescentou Szabo.

O treinador do Dínamo, nomeado para o cargo em 20 de setembro, fez essa declaração à noite, em entrevista coletiva, após o final da partida pelo Ucraniano, em que sua equipe derrotou como visitante o Zariá Lugansk por 2 a 1.

"Temos bons jogadores, mas não temos equipe. Temos que trabalhar duro para conseguirmos que esses jogadores se apresentem no campo como um punho inteiro. Isso é que estamos tentando", afirmou Szabo, 67, que entre 1993 e 2005 já havia sido técnico do Dínamo.

O também ex-treinador da seleção da Ucrânia foi nomeado após a derrota do clube para a Roma, por 2 a 0, pela Copa dos Campeões.

A decisão de convidar Szabo para o cargo também se deveu à insatisfatória condição do clube no
Ucraniano. O time é o terceiro colocado, com 24 pontos em 12 rodadas. Está dez atrás do líder do campeonato, o Shakhtar Donetsk, e um a menos que o segundo colocado, o Dnipro Dnepropetrovsk.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Desculpem a nossa falha

O que uma tradução feita às pressas, baseada em noticiário das agências de notícias não pode fazer com a gente. Pois o texto Uma pena que ninguém viu que postei há alguns dias está repleto de erros. Paul Smith, goleiro do Nottingham Forest, não avançou ao ataque ao ficar sem opção de passar a bola. Ele simplesmente seguiu até o gol adversário, conforme já havia sido combinado entre as duas equipes. Foi uma maneira de o Leicester agradecer ao rival, que paralisou a partida após Clive Clarke, defensor do Leicester (e não do Nottingham), sofrer parada cardíaca.

Quando não é o dia do repórter, não tem jeito. Lembro-me certa vez que escrevi leganda de uma foto, de uma final de Mundial de xadrez, que tal enxadrista comemorava a vitória, enquanto o outro lamentava a derrota. A foto mostrava de um lado um contendor com os braços levantados, em sinal de triunfo. Do outro lado o rival aparecia cabisbaixo.

Pois teve leitor que mandou carta reclamando algo como "qualquer analfabeto percebia que fulano não festejava a vitória, mas sim a movimentação errada do adversário na jogada 15". Foi prontamente corrigido.