segunda-feira, 9 de março de 2009

No mundo virtual

Ao menos no mundo virtual Cuba não sofre com a deserção de suas estrelas. Pelo menos é isso o que se depreende no videogame de beisebol lançado no país. Nas equipes locais foram incluídos até os jogadores que fugiram do país e triunfaram nas Grandes Ligas dos Estados Unidos. É o caso dos lançadores Orlando "El Duque" Hernández e José Contreras.

No videogame MVP Cuba 1.0, uma adaptação do MVP Beisebol 2005, figuram, além de Hernández e Contreras, outros astros que brilham do outro lado do mar, como Liván Hernández e Kendry Morales.

Outro que ainda defende virtualmente equipes locais é Alexei Ramírez, que fugiu da ilha em dezembro com a intenção de atuar no beisebol profissional.

O beisebol é, ao lado do boxe, um dos esportes mais atingidos pelas deserções em Cuba, que acabou com o esporte profissional em 1961.

"É sábio incluí-los. São jogadores cubanos que, mesmo fora do país, seguem dando prestígio ao país, mesmo que tenham sido censurados aqui", diz um jovem cubano, que pede anonimato.

O videogame foi adaptado por especialistas da UCI (Universidade de Ciências Informáticas de Havana) e pela rádio esportiva Coco. O produto foi apresentado no último sábado no Palácio Central de Computação, um centro estatal destinado ao ensino de informática, segundo o diário "Juventude Rebelde".

Segundo o jornal, "trata-se de uma tentativa de fornecer uma distração eletrônica com características nacionais a crianças e jovens" e inclui cerca de 30 times, entre eles os 16 que participam do Campeonato Cubano.

Na apresentação do software, seus criadores afirmaram que "muitas dificuldades atrasaram o lançamento oficial do jogo", sem precisar quais seriam os problemas. Apesar disso, conseguiram lançar "o primeiro grande jogo de beisebol cubano para computadores".

Os cubanos esperaram cinco anos para ver, em dezembro, no cinema, o documentário "Fora de Liga", filmado em 2003 nos Estados Unidos e em Cuba em que o diretor, Ian Padrón, inclui testemunhos de jogadores desertores, entre eles "El Duque" Hernández.

Juiz sincero

Fato inédito ocorreu na partida entre La Gantoise e Tubize, pelo Campeonato Belga. O La Gantoise vencia o jogo por 1 a 0, quando, no final do confronto, o atacante Mbaye Leye, do Tubize, caiu na área em disputa com o goleiro francês Nicolas Ardouin, do time rival.

Titubeante, o árbitro Peter Vervecken marcou a penalidade. No entanto, instantes depois, reconheceu que havia errado. E pediu uma forcinha a Ardouin.

"Depois que ele apitou o pênalti, ele me disse: 'Me salve, defenda o pênalti'", contou o goleiro, que não conseguiu atender o pedido do juiz, selando a vitória do Tubize por 2 a 0. "É a primeira vez na minha carreira que acontece isso", acrescentou ele, em entrevista à imprensa belga.

As imagens de TV mostram que após apitar a falta, inexistente, de Ardouin, o juiz fica em dúvida um momento e, então, decide conversar com Ardouin.

"Somente o incentivei a reparar meu erro. Nada mais. Não me entendam mal", contou o juiz ao diário "Le Soir". "Depois de ver pela TV, admito que não houve falta. E, portanto, não houve pênalti. Mas, em campo, minha impressão era diferente", reconheceu Peter Vervecken.

Mbaye Leye, por sua vez, o outro protagonista dessa comédia de erros, também admitiu que não sofreu falta no lance que originou o segundo gol.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Marcha ré

Para mim foi uma revelação, já que não a conhecia. Estava no Ninho de Pássaro, cobrindo o atletismo olímpico em Pequim quando iniciou a execução do hino nacional russo. No telão da arena, aparece a figura da musa: Olga Kaniskina, a campeã da marcha de 20 km.

Corta para sete meses depois. A campeã e recordista olímpica, número um do ranking em sua prova, destrona a compatriota Olimpiada Ivanova. Kaniskina crava 1h24min56s, quase um minuto mais rápida do recorde anterior, obtido no Mundial de Helsinque-2005, por Olimpiada (1h25min). Que não se perca pelo nome: a russa não passou de uma prata nos Jogos de Atenas-04. Foi 11ª em Pequim-08.

Kaniskina, porém, não terá seu recorde ratificado pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo). É que a prova não atendeu a todas as exigências da entidade para ser ratificada. Houve controle antidoping (um dos graves problemas do atletismo russo há poucos anos), mas não havia três juízes internacionais para fiscalizar o andamento da competição.

"Não convidamos juízes internacionais porque essa competição é apenas parte do processo de preparação", disse Valentin Maslakov, técnico chefe da Federação Russa de Atletismo.

"Aqui, só checamos a condição dos atletas para as competições mais importantes do verão [do Hemisfério Norte]. Sempre temos árbitros internacionais no Campeonato Russo de verão. Contudo, por conta dos últimos resultados, devemos, no futuro, convidar juízes internacionais no inverno também", desculpou-se.

Mas aparentemente, o feito de Kaniskina não é inédito na história da marcha russa.

"O tempo de Olga Kaniskina não é, de fato, o melhor resultado [da história]", minimizou Alexei Melnikov, técnico chefe de marcha da federação russa. "Olimpiada Ivanova já marchou mais rápido aqui", acrescentou.