sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Malandragem mongol

Destituído de número um do sumô, o mongol Asashoryu, regressou ontem ao Japão tentando resgatar seu prestígio. Ele terminou suspensão de alguns meses, devido a atitude tomada no último verão japonês, considerada incompatível com as regras do tradicional esporte japonês.

O yokozuna (grande campeão) Asashoryu, 27, cujo verdadeiro nome é Dolgorsuren Dagvadorj, chegou ao aeroporto de Narita (próximo a Tóquio) onde foi cercado por uma centena de jornalistas.

Após triunfar em um torneio em julho, Asashoryu justificou a ausência de uma jornada de caridade, com a presença de oito lutadores, por estar lesionado. Esse torneio é considerado uma obrigação, e todos os campeões são obrigados a participar.

Mas, logo após regressar à Mongólia, Asashoryu foi flagrado pela TV disputando animadas peladas de futebol com seus compatriotas.

Isso irritou os japoneses.A federação local o suspendeu, então, por quatro meses, deixando-o de fora de dois torneios profissionais.

"Sei que causei muitos problemas durante esse período e queria apresentar minhas sinceras desculpas", afirmou.

"Gosto muito de sumô", acrescentou Asashoryu, quando questionado se havia pensado em deixar o tradicional esporte nipônico.

"Houve um momento em que não podia controlar meus sentimentos e estava com a cabeça instável", desculpou-se, acrescentando que "sinto-me mais tranqüilo após haver estado com meus pais, minha mulher e filhos. Quero me sentir como se estivesse começando do zero."

O campeão deve agora participar de um giro pelo Japão, que começa no domingo, em Oita, na ilha de Kyushu (sudoeste do país).

Asashoryu deve também testemunhar ante os membros do Conselho de Promoção do Yokozuna. Alguns dos membros do conselho haviam pedido que o mongol abandonasse o sumô por conta de seu mau exemplo.

Minha aventura no fabuloso mundo econômico

Era uma dessas coletivas da BM&F de começo de ano, quando tradicionalmente a bolsa premia alguns esportistas patrocinados, que ganharam alguma medalha importante no ano anterior, com barrinhas de ouro.

Após o evento, convidaram os repórteres de Esporte para uma almoço, que teria a participação também dos jornalistas de Economia, que estavam por lá à cata de informações sobre o balanço da bolsa naquele ano. Não, não me lembro quando isso ocorreu, talvez em 2005 ou 2006.

Foi uma das raras experiências em que adentrei ao glorioso mundinho do jornalismo econômico. Confesso não entender bulhufas do assunto.

O próprio ambiente da "coletiva" me pareceu por demais incomum. Como tempo é dinheiro, as questões eram feitas no mesmo momento em que todo mundo almoçava. Os repórteres, distribuídos pelas mesas, e os dirigentes da BM&F, Manoel Félix Cintra, presidente da bolsa, à frente, num mesão central.

Os jornalistas deixavam o prato por alguns instantes de lado, faziam suas questões, anotavam no bloquinho para em seguida voltar à refeição.

Alheio aos assuntos discutidos, só ficava impressionado com o extraoordinário nível de segmentação do jornalismo de Economia. As perguntas se sucediam, mas as identificações das repórteres (sim, a imensa maioria era de mulheres, ao contrário do que convivo na editoria de Esporte) eram o aspecto mais pitoresco do acontecimento.

"Aqui é a Taís, do Canal do Boi."

"Eu sou a Roberta, da revista Soja News."

"Gostaria de fazer uma pergunta ao sr. Manoel. Fernanda, do site do milho."

E por aí seguia o evento. Já preocupado em regressar à redação, e finalizando o rango, liguei para o setor de transporte do jornal. O celular pegava muito mal por ali. Por isso, deixei o refeitório para dar as coordenadas de local e horário em que precisaria de carro.

Ao retornar à mesa, vi que a sobremesa, uma deliciosa torta holandesa, já havia sido servida. Infelizmente sou uma formiga. E formigas, assim como os peixes, morrem pela boca. Vi um garçom por perto e ergui a mão. Talvez tenha sido a pior decisão de minha ainda curta trajetória profissional.

"Antes de encerrar a coletiva, estou vendo que aquele rapazinho tem uma pergunta", apontou um dos dirigentes da bolsa. Nunca me senti tão mal ao ouvir alguém subestimar minha idade.

Prontamente, uma funcionária bem apessoada me trouxe um microfone. E num instante, estar naquela mesa lateral equivaleu ao silêncio do atacante que vai bater o pênalti na final do campeonato, com o Morumbi lotado.

Como algum sexto sentido me protege nas horas de aperto, improvisei.

"Aqui é o Adalberto, da Folha, gostaria de saber qual é a análise da BM&F a respeito da taxa de juros."

Na época, a única coisa que ouvia sobre economia, nos telejornais, era a ladainha sobre a alta taxa do Brasil, que era um absurdo, prejudicava o setor produtivo e não gerava empregos etc e tal. Muita tinta e papel eram gastos nos jornais para discutir o tema (não, nunca avancei além de um lead de uma matéria sobre isso).

"É uma boa pergunta", iniciou um dos engravatados e prosseguiu: "Nós aqui na bolsa temos como meta neste ano"...

Meu suspiro de alívio de ter deixado de ser o centro das atenções da platéia equivaleu a um grito de gol. Até esqueci da sobremesa.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Governo gasta a saliva em Pequim

Apesar de leis rígidas estabelecidas pelas autoridades, que prevêem inclusive multa a quem for flagrado, não morreu o velho costume chinês de cuspir em vias públicas (segundo uma amiga que esteve por lá, de preferência em alto e bom som).

A intenção do governo, faltando poucos meses para os Jogos Olímicos de Pequim, era mostrar uma boa imagem do país para o mundo. Ao menos neste setor, a iniciativa não obteve sucesso.
Na porta de uma estação de trem da capital, Guo Guiyu, responsável por um estacionamento de bicicletas, emite aquele ruído característico de uma boa cusparada.

"Cuspir é muito bom para a saúde", assegura o homem, completamente insensível aos apelos governamentais por bons modos ocidentais.

Para acabar com o mau costume, as autoridades estabeleceram multa de 50 yuans (cerca de R$ 15) aos flagrados pelos guardas nas ruas. A medida, por enquanto é inócua.

"A maioria das vezes, ninguém nos vê", desdenha Guiyu, escondendo discretamente o resultado de sua cusparada com a sola do pé.

O hábito é muito forte no país, como é possível vislumbrar, a olho nu, ao andar por qualquer rua em Pequim. No inverno, como agora, os cuspes acabam congelados.

Para muitos chineses, cuspir é uma necessidade física tão natural como assoar o nariz. Por isso, os pequineses cospem sem a menor cerimônia, ante o olhar de nojo de estrangeiros.

"Não posso cuspir dentro do carro, né?", justifica um motorista de táxi, após abaixar o vidro da janela e lançar outra cusparada à calçada. "De qualquer maneira, não atiro em ninguém", justifica.

Segundo médicos, as mucosas se irritam quando a pessoa sofre problemas respiratórios, mas também quando os pulmões estão irritados por contaminação, cigarro ou uma alimentação inadequada. E o ar de Pequi não é dos melhores...

Para Li Yan, pneumologista do Hospital Xuanwu, em Pequim, o hábito de cuspir se deve à contaminação e à falta de consciência da população sobre hábitos de higiene.

"Em várias cidades, o clima seco e a má qualidade do ar provocam uma acumulação de mucosidade nas vias respiratórias, o que gera o fenômeno", explica.

Li acrescenta, além disso, que a saliva de uma pessoa enferma pode propagar doenças como tuberculose, pneumonia e gripe.

"Para a maioria, é só um mau costume. Há gente que cospe quando nem seguer tem nada nas vias respiratórias e expulsam só saliva", afirma Wang Jidong, professor da Universidade de Medicina de Pequim.

"Mas a saliva faz parte de nossa secreção normal e facilita a digestão. Portanto, as pessoas têm uma idéia errada das coisas."

As autoridades reconhecem que terminar com este hábito antes dos Jogos Olímpicos, que começam em 8 de agosto de 2008, será muito mais complicado do que construir estádios para as competições.

"Não podemos negar que, atualmente, uma das dificuldades para popularizar os Jogos Olímpicos civilizados [um dos lemas do governo local] é a maneira como se comporta a população", preocupa-se Zhang Faqiang, vice-presidente do Comitê Olímpico Chinês.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Nem por milagre

O Obradoiro, de Santiago de Compostela, finalmente conseguiu, no tapetão, retornar à elite do basquete espanhol. O clube irá integrar em 2008 a ACB, uma das ligas mais fortes do planeta. E, para quem reclama da lentidão da Justiça brazuca, um alento: a batalha judicial do Obradoiro durou 17 anos.

A equipe foi eliminada da promoção à ACB na temporada 1989-90 pelo Júver, de Murcia. No entanto, o clube apresentou denúncia ante a federação espanhola alegando que o Júver havia escalado um jogador argentino, Esteban Daniel Pérez, como se fosse espanhol.

O clube da Galícia chegou inclusive a se servir de detetives privados na Argentina para obter provas da verdadeira nacionalidade de Pérez.

No entanto, 17 anos depois, a situação do Obradoiro é bem diversa. O time joga atualmente em um campeonato regional da Galícia e seu orçamento é de apenas 22 mil euros (R$ 60,4 mil) anuais. Resta saber se terá condições de enfrentar a elite do basquete do país, que é o atual campeão mundial.

Sonho do Ícaro

Foi minha primeira experiência de voar de Varig desde que a companhia quase faliu e acabou abocanhada pela Gol. Bate e volta para Brasília, a trabalho.

Em tempos de apagão aéreo, o prazer de voar tem sido superado pelos receios que acompanham o caos do setor. Há tantas perguntas envolvidas em um vôo que mais parece lead jornalístico: Será que o avião vai sair no horário? Será que vai voar? Será que terá autorização de pouso? Será que vai pousar?

Pego a revista de bordo para esquecer um pouco todo o temor que me acompanha. Nela se anuncia uma nova era na Varig. Editoriais tecem loas à nova companhia. Em um deles, destaca-se a nova pintura dos aviões, o novo logotipo, a elegância do uniforme das aeromoças e o "menu de qualidade, sem excessos". E eu que havia comido pouco no café da manhã! Será que ficarei com fome até chegar à capital?

Mais à frente, um colunista destaca o "sonho do vôo honesto". Bom, quem lá quer saber de desonestidade, em qualquer setor da vida que seja?

Mais uma vez é recheada de elogios, desta vez mais velados, à nova companhia, que "deve sempre se preocupar em oferecer aparelhos modernos a seus passageiros, com seus motores avaros em consumo de combustível". Como assim, "avaros em consumo de combustível"? Os caras estão economizando nisso? E se faltar diesel no meio da viagem? Vamos arremeter?

Uma reportagem destaca o evento preparado para anunciar os novos tempos: "Foi uma festa e, possivelmente, histórica." Possivelmente? Se até a revista de bordo tem dúvidas da importância da data, é provável que eu terei certeza de que ela não ficará nos anais (sem trocadilho!).

Lembrei-me de certa marca de cerveja, que patrocinou o Liverpool, cujo slogan muito popular na Inglaterra era algo assim: "Probably, the best beer in the world". Oras bolas, até a própria empresa não se comprometia sobre a qualidade de seu produto.

Na chegada, o comandante parece aliviado pelo sucesso de mais um pouso honesto (só para usar a terminologia deles). "Tenham todos uma boa estadia em Brasília, um bom dia. E juízo." Minha mãe não daria conselho mais sensato.

Como diriam aqueles bugueiros de Natal, a volta foi "com emoção". O avião até que saiu mais cedo _dez minutos!_, mas a chegada não seria antecipada. Durante o trajeto, o comandante deu o recado de que sobrevoávamos Barretos e ainda não tinha autorização de pouso em Congonhas.

Minutos depois, mais um recado. Desta vez mais incisivo. Iríamos dar um rolê por Rio Preto e Araraquara, porque Congonhas continuava atribulado. Pensei comigo que até que não seria má idéia parar em Rio Preto. É a cidade paulista que conheço com mais mulher bonita por metro quadrado. Ri da situação.

Mas o comandante prosseguiu dizendo que a solução poderia ser o desembarque em "Cumbica ou Viracopos". Desta vez não achei graça nenhuma. Chegada em Campinas implicaria ao menos mais umas duas horas até meu lar doce lar.

Pouco depois veio o aviso: Congonhas havia fechado. Já estávamos atrasados. O avião pousaria em Cumbica. De lá, fizemos translado de ônibus até Congonhas. Passava da meia-noite. Mais um táxi e, sem mais contratempos, pude ir para a minha honesta cama. Felizmente ela não é avara.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Gigante adormecido

Ao contrário do que ocorre no resto do mundo, os chineses não estão nem aí para o futebol. O pouco caso se traduz em uma queda galopante no número de atletas federados e vislumbra um futuro nebuloso do esporte bretão no país que mais cresce no mundo.

As cifras falam por si: atualmente só há 30 mil jovens registrados na Associação Chinesa de Futebol. Muito? Nada, para uma população de 1,3 bilhão de habitantes, a maior da Terra. Além disso, há pouco mais de dez anos havia 650 mil federados, indicando que o futuro poderia ter sido bem mais brilhante do que os tempos vividos agora. As informações foram publicadas ontem pelo diário "South China Morning Post". O número de escolas de futebol, seja de propriedade estatal ou privada (entre elas alguns empreendimentos do inglês David Beckham) passaram de 4.200 para 20 nesse período.

A China estuda a possibilidade de apresentar candidatura à sede da Copa do Mundo de 2018 (a de 2010 será na África do Sul, e a de 2014, no Brasil). Contudo, com o nível de interesse atual que o futebol tem despertado no país, seria muito difícil emplacar uma sede, ao contrário do que o gigante asiático conseguiu com a Olimpíada, que irá organizar no ano que vem.

O grande responsável por isso parecer ser a ascensão de uma geração talentosa de jogadores de basquete, capitaneados pelo astro do Houston Rockets Yao Ming. O mais recente astro é Yi Jianlian, do Milwaukee Bucks.

Além disso, há o entusiasmo que parece despertar no público em geral com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e com a possibilidade de a China superar os Estados Unidos no quadro geral de medalhas.

"Se não fizermos o suficiente para reverter essa situação, o problema deixará de ser uma mera fonte de preocupação convencional", teme Yang Yimin, vice-presidente da federação local, em entrevista ao diário.

Yang assume a responsabilidade da entidade e assegura que não soube canalizar suficientemente o apoio dos clubes. O futebol local só tem obtido visibilidade na imprensa internacional em escândalos de apostas ilegais, partidas armadas ou árbitros comprados. Isso se traduziu em uma deserção em massa da torcida chinesa. O público do Campeonato Chinês de 2006 caiu para uma média de 10.600 pessoas.

Também não ajuda a má trajetória da seleção nacional, que não dá alegria aos chineses desde que se classificou para o Mundial de 2002.

A memória é falha

Costuma se dizer que brasileiro não tem memória. Nem jornalistas. Muito menos e leitores, diria um coleguinha mal-humorado. É frustrante, às vezes, como fatos históricos não são valorizados.

Há uma frase famosa (e irônica), de Rudyard Kipling, que dizia mais ou menos assim: "O jornalismo consiste em lembrar que mister Jones morreu para um leitor que não sabia que mister Jones havia nascido".

Toda essa peroração para relembrar um texto que escrevi há alguns dias aqui. O vidente Edgar Fernández previu resultado surpreendente no jogo entre Argentina e Bolívia, em Buenos Aires, pelas eliminatórias da Copa-2010, no último domingo. Segundo boliviano, sua seleção derrotaria os hermanos por 2 a 1.

Seria uma grande previsão. Afinal seria a maior zebra das eliminatórias até aqui. Se tivesse dado certo. Mas deu a lógica. A Argentina venceu por 3 a 0 e segue líder das eliminatórias com 100% de aproveitamento (escrevo esse texto durante Colômbia x Argentina e até aqui os visitantes empatam em 1 a 1).

Será que o tal Fernández irá apregoar em seu currículo essa grave falha? Ou fará a fórmula fácil de todo vidente que é dizer que previu um montão de tragédias que já aconteceram? Quem tiver memória, que cheque isso no futuro.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Jogo roubado

Mesmo seguindo medidas de segurança severas, o Godoy Cruz, de Mendoza, foi vítima da violência pouco antes de enfrentar o Independiente Rivadavia, pelo Argentino.

Os 13 mil torcedores do Godoy Cruz que foram ao estádio Feliciano Gambarte para incentivar sua equipe na vitória por 3 a 2 mal sabiam dos apuros enfrentados pelo elenco. Para evitar incidentes violentos, só foi permitida a torcida do clube mandante.

Tanta segurança não foi suficiente para evitar contratempos. Horas antes de os jogadores ascenderem ao gramado a equipe teve seus uniformes roubados. Por isso, a diretoria foi obrigada a agir rapidamente.

Pouco antes da peleja, entre três e cinco desconhecidos arrombaram as dependências do estádio. Levaram camisas, calções, meias, caneleiras e chuteiras. Um guarda do clube, que estava no local, foi atacado e amordaçado.

Diante da iminência da partida, os dirigentes levaram os 19 jogadores que estavam concentrados até um shopping da cidade para comprar chuteiras. Além disso, tiveram que adquirir novas calças e caneleiras. Felizmente havia um jogo de uniforme velho que foi resgatado do depósito do estádio.

Tanto apuro valeu a pena. David Fernández (2) e Leopoldo Gutiérrez fizeram os gols do Godoy Cruz. Com isso, a equipe se reabilitou da derrota para o Talleres, de Córdoba, na última rodada. O time, porém, acabou de ser rebaixado. Para o Independiente marcaram Walter Ledesma e Martín Gómez.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O melhor e o pior da Mostra

Depois de ter pego 13 dias de folgas acumuladas só para acompanhar in loco a Mostra de Cinema de SP, ter comprado uma permanente integral e assistido 61 filmes, devo dizer que acabei a maratona um pouco frustrado. Não vi nenhum dos premiados por público e crítica. Alguns nem estavam na minha lista. Outros, sim, mas foi impossível assistir à tudo o que queria. Do que vi, indico abaixo os meus melhores da Mostra.

O Passado (Hector Babenco) - história envolvente do casal Rimini e Sofia, que rende DRs bacanas (se é que as existem). Parece que o romande do Alan Pauls é mais complexo do que o filme. Não li. Mas se depender do filme e da indicação de amigos, entra na minha listinha de prioridades.

Desejo e reparação (Joe Wright) - O diretor mostra de novo a que veio, fazendo outra bela adaptação literária, depois de "Orgulho e Preconceito" (2005). Dessa vez embrenha-se no universo de um autor contemporâneo, Ian McEwan, e é interesante reflexão como certos erros do passado não podem mais ser corrigidos.

A última hora (Leila Conners Petersen e Nadia Conners) - Produzido pelo Leonardo di Caprio, é uma espécie de "Uma verdade inconveniente - parte 2". Há uma série de depoimentos, de autoridades científicas, caso de Stephen Hawking, a políticos, como Mikhail Gobatchov, alertando sobre aquecimento global, poluição e outros problemas que afetam o meio ambiente e podem determinar a extinção do homem na Terra.

Dever cívico (Jeff Renfroe) - Filme cujo enredo cresce de tensão até o fim e é encerrado com fina ironia. É, lembra Hitchcock, num ano em que Brian de Palma decepcionou. Um contador desempregado espiona seu vizinho, um estudante islâmico, e alucinado pelo noticiário da CNN pós-11 de Setembro, começa a desconfiar que mora ao lado de um terrorista. A ironia final lembra o mestre do suspense.

O clube da leitura de Jane Austen (Robin Swicord) - Um grupo de mulheres da atualidade decide ler toda a obra de Jane Austen e aplicá-la às suas vidas. Dá para lembrar de clássicos da juventude, como "Razão e sensibilidade" e "Orgulho e preconceito".

XXY (Lucia Puenzo) - Filme sensível, o melhor da safra argentina da Mostra (que não foi das melhores). Explora os dilemas vividos por uma menina hermafrodita em uma comunidade provinciana. A diretora tem pedigree: é filha de Luis Puenzo, do ótimo "A história oficial".

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quem foi Alfredo Pujol?

Aliei o curso de história junto com a faculdade de jornalismo. Como pouca atividade acadêmica havia no primeiro, consegui conciliar com o segundo, em que sofria com excesso de leituras e trabalhos (não foi muito fácil). Durante a maior parte do tempo fiz os dois cursos juntos. Estudei só jornalismo apenas no primeiro ano da PUC e fiz só história em meu último semestre na USP.

Essa introdução é para lembrar da chateação que acomete todos que se embrenham no estudo da evolução política do país.

Lembro que as pessoas vinham me perguntar, com aquela curiosidade desnecessária, sobre personagens célebres (e desconhecidos) ou dias famosos (mas misteriosos) hoje rememorados graças às vias urbanas da capital paulista.

"Mas quem foi Alfredo Pujol?"

"O que fez o Domingos de Moraes?"

"Quais foram os feitos de Bernadino de Campos?"

"O que aconteceu no dia 11 de junho?"

Diante de minha confessa ignorância, a resposta, invariavelmente era a mesma.

"Mas você não faz história?"

Irritante. Como se o curso de história fosse uma decoreba de nomes e datas.

Percebi que no Brasil é meio vergonhoso dizer que não sabe. Ainda mais tendo título universitário. É só sair perguntando algum caminho no trânsito. 90% das pessoas não sabem onde fica tal rua, mas mesmo assim, dão um jeito de "ensinar" um caminho.

Perto do Ibirapuera me perdi certa vez. Perguntei por uma praça, onde havia marcado um encontro, ao porteiro de um edifício. O cara disse que não conhecia pelo nome. "Mas tá com cara de ser depois do farol, na segunda à direita." Na verdade era a praça em frente ao prédio em que o sujeito trabalhava.

Tal solução me incentivou a fazer o mesmo com os feitos históricos. A partir daí, quando me perguntavam sobre Barão de Itapetininga dizia que fora um senador no império. José Maria Lisboa? Um deputado na Era Vargas. 25 de março? Foi o dia do Fico. As pessoas ficavam satisfeitíssimas.

Vitória histórica

Há louco no mundo para tudo. O vidente boliviano Edgar Fernández assegura que sua seleção nacional irá derrotar a Argentina, por 2 a 1, em Buenos Aires, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. O jogo está programado para o dia 17.

"O resultado veio em termos de presságio favorável à Bolívia. Insistentemente me aparece um placar de 2 a 1 a favor da Bolívia", afirmou Fernández.

Segundo o vidente, haverá distúrbios entre a torcida e jogadores sairão lesionados. O vidente, porém, eximiu-se de apontar nomes.

O otimismo do vidente não faz jus à campanha boliviana até aqui nas eliminatórias para a Copa da África do Sul, em 2010. A seleção foi goleada pelo Uruguai por 5 a 0, em Montevidéu. Na segunda rodada, em casa, não passou de um empate em 0 a 0 com a Colômbia.

Fernández, que é conhecido como Ramsés, também prognosticou que o técnico da seleção, Erwin 'Platini' Sánchez, receberá amplo apoio de cartolas e torcedores após a façanha na Argentina. No entanto, a equipe pode enfrentar dificuldades nas rodadas seguintes.

De acordo com Ramsés, os próximos quatro meses serão decisivos para o treinador, que pode alegar problemas familiares ou de saúde para deixar a seleção.

O vidente afirmou ter observado o futuro de seleções tradicionais, como Argentina e... Brasil. Segundo ele, os arqui-rivais conseguirão passaporte para 2010 com facilidade. Fernández disse também que seleções de pouca tradição, como Peru, Bolívia e Venezuela, deverão completar as vagas sul-americanas.

"A Bolívia tem uma grande chance, mas terá que lutar bastante. Provavelmente só alcançará a vaga na última rodada", previu.

domingo, 4 de novembro de 2007

Gafe em Madri

Serena Williams demonstrou hoje que não entende absolutamente nada de futebol. Em Madri, onde disputa o Masters Series local, a tenista foi inquirida a dar dicas a Ronaldinho para recuperar sua melhor forma física.

Ao menos a norte-americana reconheceu não ser a pessoa mais adequada a aconselhá-lo, mas saiu-se com essa: "Ronaldinho é meu jogador favorito. Ele joga no Real Madrid, não?", disse a campeã do Aberto da Austrália.

Alheio aos conselhos da mais jovem das irmãs Williams, o brasileiro deu um grande passo ontem para espantar a má fase: fez dois gols na vitória do Barcelona sobre o Betis por 3 a 0. Em uma rodada em que o Real Madrid perdeu, por 2 a 0, para o outro time de Sevilha, até que não foi mal. O Barça agora tem 24 pontos e está a um do líder.