terça-feira, 28 de agosto de 2007

Alguém se habilita?

Sei que os protestos da torcida freqüentemente extrapolam. Achei um exagero, por exemplo, quando certa torcida organizada fez campanha para derrubar o técnico que não quis recebê-la em reunião. Acho que essa não é função do treinador.

Mas um cartola da Bulgária exagerou. Nikolay Banev, proprietário e presidente do Beroe, da primeira divisão local, decidiu colocar todas as ações do clube à venda ao preço de... 0,50 euros (cerca de R$ 1,3).

A decisão do empresário foi uma resposta às ofensas dirigidas a ele pelas arquibancadas no jogo de sábado, contra o Lokomotiv Plovdiv, que terminou empatado em 0 a 0.

Banev se dirigiu ao alto-falante do estádio para declarar que havia investido mais de 5 milhões de euros (R$ 13,3 mihões) e que havia ficado surpreso com as ofensas. Ele é dono do clube da cidade de Stara Zagora desde abril de 2003. A agremiação foi fundada há 91 anos e contabiliza um título do Campeonato Búlgaro, em 1986.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Minha mini-maratona

Cabe aqui uma explicaçãozinha: descobri as corridas de rua em 2003. Desde então foram quase 30 provas disputadas em São Paulo. Neste ano corri uma meia-maratona e junto com essa experiência do último fim de semana, me motivam a arriscar uma maratona no futuro. Esse texto já publiquei no blog de corridas de rua do Rodolfo, na Folha Online. Vale uma reprise aqui no blog...

Quando voltei da cobertura do Pan, um dos desejos mais prementes, depois de rever família e amigos, era retomar as provas de rua.

Por isso me inscrevi atabalhoadamente para todas as corridas bacanas que pintaram no meu e-mail. Mal notei que duas delas eram em dias seguidos. Quando percebi que correria a Reebok Night Run, no sábado à noite, e largaria na Corrida do Centro Histórico Corpore, no domingo pela manhã, já era tarde.

Em menos de 12 horas cobriria um percurso de 19 km. Para completar, tinha pouco mais de uma semana para a preparação (havia ficado parado durante a maior parte do Pan). Por sorte, tive companhia de um amigo nas duas empreitadas.

Encarei a minimaratona como se estivesse me preparando para a São Silvestre. Reforcei a dieta com carboidratos, fugi das bebedeiras de confraternização, enchi a cara de chá verde (li outro dia que faz bem a corredores e não custa nada experimentar) e principalmente, corri todos os dias, mas sem forçar.

Gostei de participar da prova da Reebok (ainda não havia disputado esse circuito). É bem organizada, o pessoal é animado e há um clima de balada entre os participantes.
O ruim foi se aquecer: a temperatura na largada era de 10 C. Em quatro anos em corridas de rua, foi a prova mais "fria" que participei.

O percurso foi plano em sua maior parte. Mesmo assim, não forcei o ritmo. Tanto por minha inatividade quanto pensando em me preservar. No final, uma subidinha mais íngreme. Nada que quebrasse os participantes. Forcei na reta final e terminei em 56min28s. Mas o principal foi ter chegado bem.

Não fiquei muito tempo no evento. A preocupação era voltar para casa o mais rápido possível e repor a energia perdida. Devorei um pratão de macarronada ao pesto que havia deixado pré-pronto. Tomei quase um litro de água de coco. Fui dormir pouco antes da meia-noite.

Acordei às 6h. Pela manhã, mais meio litro de água de coco, vitamina C, dois croissants grandes recheados e frutas.

A Corrida do Centro Histórico teve um pouco de muvuca na saída. A largada da Líbero Badaró é por demais estreita. Por conta da multidão, diminuí bastante o ritmo na largada. Isso não foi de todo ruim, já que guardava energia para terminar. Larguei com dois amigos, mas logo nos perdemos na multidão.

O charme dessa prova é, sem dúvida, o passeio rápido pelo Centrão, passando por Teatro Municipal, Praça da Sé, Viaduto do Chá, Largo São Bento... O percurso, cheio de idas e vindas, subidas e descidas, viradas e retas, não deixa ninguém enfadado.

Dessa vez só forcei o ritmo quando vi o sinal de que faltavam 200 m para a chegada. A bateria já estava quase toda descarregada. A idéia inicial, de terminar em 50 minutos, foi logo superada pelos fatos. Ultrapassei a linha de chegada em 53min58s. Havia cumprido os 19 km em pouco mais de 1h50min. E, afora leves dores musculares, sobrevivi à experiência.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Os furos que não dei

Passei um tempo sem escrever nesse espaço por um motivo dos mais fortuitos. Fui para o Rio, para a cobertura do Pan, mas esqueci minha senha e não consegui acessar o blog. Acontece.

Motivos acidentais me colocaram muito perto de duas historinhas empolgantes do Pan. Mas, como não temos uma bolinha de cristal para saber qual será noticiário no dia seguinte, perdi boas histórias.

Vamos começar pelo início. Estava um dia sem muita história e fui para a Vila Pan-Americana para ver o que ia rolar. Na zona internacional, pelo jeito, havia muita gente sem pauta. Vários coleguinhas papeavam, meio enfastiados, por um plantão que não era dos mais promissores.

Vi um cubano deixar a Vila e passear pela zona internacional. Sozinho. Passou por nós, sumiu pelo corredor que dava para a saída. Brinquei com o Bertolotto, colega do UOL, que ele estava procurando alguma rota de fuga.

Quando ele voltou, pedi para o Bertô, que é chileno e tem um espanhol melhor que o meu, entabular conversa com o cubano. Começamos a papear, mas o jogador de handebol, de 19 anos, não rendeu muita coisa. Disse apenas que havia gostado da Vila e que não teve problema com as camas. Deu apenas um sorriso quando questionamos sobre o que havia achado do membro do Comitê Olímpico dos EUA que comparou o Rio ao Congo (era a polêmica dos primeiros dias do Pan). Outro sorriso sem graça quando perguntamos sobre a ajuda dada por Hugo Chávez ao esporte cubano.

Sem mais assunto, deixamos o jogador seguir adiante, de volta para os alojamentos. Dois dias depois, Rafael Acosta fugiu da Vila. Era o primeiro desertor do Pan.

Vais achar que foi uma coincidência. Realmente foi. Talvez ele tivesse de fato sondando o terreno e tenha se assustado com os guardas da Força Nacional, armados de metralhadora. Fugiu por outro lugar.

Passou uma semana. Sem assunto, voltei à Vila. Naquele dia, o Sérgio Rangel, colega da Folha, havia conseguido um salvo-conduto para dar um rolé (como dizem os cariocas) pelos alojamentos. Enquanto aguardava a autorização e eu caçava algum assunto, sentamos em uns pufes do estande da Oi.

Ao nosso lado estavam dois cubanos. Perguntei a um deles que esporte faziam. Surpresa: foram receptivos. Eram pugilistas. Fiquei impressionado com os implantes dentários de um deles. "Sim, são de ouro", respondeu, com certo ar de orgulho. Um dia depois, Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara deixavam da Vila, na fuga mais polêmica do Pan.