segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Os furos que não dei

Passei um tempo sem escrever nesse espaço por um motivo dos mais fortuitos. Fui para o Rio, para a cobertura do Pan, mas esqueci minha senha e não consegui acessar o blog. Acontece.

Motivos acidentais me colocaram muito perto de duas historinhas empolgantes do Pan. Mas, como não temos uma bolinha de cristal para saber qual será noticiário no dia seguinte, perdi boas histórias.

Vamos começar pelo início. Estava um dia sem muita história e fui para a Vila Pan-Americana para ver o que ia rolar. Na zona internacional, pelo jeito, havia muita gente sem pauta. Vários coleguinhas papeavam, meio enfastiados, por um plantão que não era dos mais promissores.

Vi um cubano deixar a Vila e passear pela zona internacional. Sozinho. Passou por nós, sumiu pelo corredor que dava para a saída. Brinquei com o Bertolotto, colega do UOL, que ele estava procurando alguma rota de fuga.

Quando ele voltou, pedi para o Bertô, que é chileno e tem um espanhol melhor que o meu, entabular conversa com o cubano. Começamos a papear, mas o jogador de handebol, de 19 anos, não rendeu muita coisa. Disse apenas que havia gostado da Vila e que não teve problema com as camas. Deu apenas um sorriso quando questionamos sobre o que havia achado do membro do Comitê Olímpico dos EUA que comparou o Rio ao Congo (era a polêmica dos primeiros dias do Pan). Outro sorriso sem graça quando perguntamos sobre a ajuda dada por Hugo Chávez ao esporte cubano.

Sem mais assunto, deixamos o jogador seguir adiante, de volta para os alojamentos. Dois dias depois, Rafael Acosta fugiu da Vila. Era o primeiro desertor do Pan.

Vais achar que foi uma coincidência. Realmente foi. Talvez ele tivesse de fato sondando o terreno e tenha se assustado com os guardas da Força Nacional, armados de metralhadora. Fugiu por outro lugar.

Passou uma semana. Sem assunto, voltei à Vila. Naquele dia, o Sérgio Rangel, colega da Folha, havia conseguido um salvo-conduto para dar um rolé (como dizem os cariocas) pelos alojamentos. Enquanto aguardava a autorização e eu caçava algum assunto, sentamos em uns pufes do estande da Oi.

Ao nosso lado estavam dois cubanos. Perguntei a um deles que esporte faziam. Surpresa: foram receptivos. Eram pugilistas. Fiquei impressionado com os implantes dentários de um deles. "Sim, são de ouro", respondeu, com certo ar de orgulho. Um dia depois, Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara deixavam da Vila, na fuga mais polêmica do Pan.

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