As pequenas loucuras é que adoçam a vida. Não me lembro onde li isso, mas é bem verdade. Sem umas insensatez de vez em quando a rotina não tem graça. Fizemos uma no último sábado.
Há alguns meses recebi e-mail chamando para uma corrida que parecia bacana, o Revezamento Bertioga-Maresias. São 75 km a serem percorridos em equipes de três, seis ou nove atletas. Alguns malucos correm a prova individual. A maioria do percurso é pela praia, dando a chance de admirar a paisagem e respirar um ar puro, que não costumamos encontrar por aqui. A galera da editoria de Esporte da Folha -de forma até surpreendente para mim- se animou a correr. Arregimentamos seis elementos, sendo quatro do caderno, e montamos o time.
O primeiro problema encontrado é que a competição seria num sábado pela manhã, com largada em Bertioga. E quatro dos seis corredores -eu incluso- iriam fazer pescoção (para quem não conhece o jargão jornalístico é a dobra de plantão às sextas-feiras para adiantar a edição de domingo). Nada muito animador, mas nada que nos fizesse desistir da empreitada.
Tentamos adiantar ao máximo o pescoção, para podermos deixar São Paulo em um horário razoável. Partimos da Barão de Limeiras por volta das 1h30 da madruga (a largada seria às 8h). Às 3h chegamos à casa de praia do primo de um dos integrantes do time. Alguns ainda tiveram ânimo de assistir ao treino do GP da China de F-1. Eu caí na cama. Desmaiei.
Acordei quando o primeiro integrante do time já havia largado. Deixamos a "concentração", mas não conseguimos chegar a tempo de pegarmos nosso chefe -que havia sido o primeiro a largar- no posto de troca. Foi um dilema: como achá-lo? A última equipe já havia passado pelo posto de troca. Havia duas perspectivas: ou ficaríamos em último ou poderíamos até ser eliminados.
Por sorte, após alguns minutos de aflição, o segundo corredor do revezamento o encontrou, pegou o chip e aí é que conseguimos efetivamente entrar na prova e nos organizar. Fui o terceiro do revezamento e consegui ultrapassar seis equipes (pegara o chip em último lugar). Começamos aí uma corrida de recuperação. O atleta seguinte ultrapassou mais seis, o seguinte mais 11 e assim sucessivamente, até o final.
Acabamos finalizando o percurso em 266o lugar, entre 311 times. Mas o principal foi ter terminado, ganhado as medalhas e, muito mais do que técnicas de motivação infantilóides impostas por departamentos de RH, unido naturalmente o grupo. Acabamos a prova animados a participar de novo no ano que vem. Que venham novos pescoções!
Música para o meu pai
Há um mês
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