domingo, 24 de agosto de 2008

Fim de Olimpíada


Foi a primeira noite em que essa equipe aí da Folha, em Pequim, esteve reunida, todos juntos, no MPC (centro de imprensa), pela primeira vez nos Jogos. Na foto aparecem, de frente: Raul, eu, Cobos, Ferrari e Edgard. Na fila de costas, um japonês intruso, Lajolo, Seixas e Ohata. E era a nossa última de trabalho na China.

É uma sensação maravilhosa terminar uma Olimpíada. No meu caso, a segunda. Mas, sinceramente, não me lembro muito bem dos detalhes de como foi em Atenas. Só lembro que saímos muito tarde do MPC. Tirei umas duas das três ou quatro fotos que fiz durante a Olimpíada inteira e terminamos a noite na Ratoeira, local próximo à Media Village, onde sempre íamos jantar porque fechava bem tarde.

Em Pequim, a sensação é diferente. Seja pelo fato de ter sido uma Olimpíada bem mais prazerosa, tanto de cobrir quanto pelas façanhas esportivas que pude presenciar. Em Atenas não estava no basquete quando os Estados Unidos perderam para Porto Rico. Assisti à final dos 100 m, com vitória de Justin Gatlin, mas salvo engano, não a estava cobrindo. Minha participação mais empolgante foi no quiproquó que deu na maratona, com o ataque ao Vanderlei Cordeiro de Lima. Mas aí já era um dos instantes finais dos Jogos.

Em Pequim, cobri praticamente todas as provas de atletismo, tendo testemunhado as vitórias de Usain Bolt nos 100 m, 200 m e 4 x 100 m, todos com recordes mundiais. Pude ver a festa de Kenenisa Bekele, atleta que havia entrevistado no início do ano, nos 5000 m. Infelizmente, não me lembro ao certo porque, não estava na final dos 10.000 m, que deve ter sido empolgante.

Vi o momento em que Liu Xiang pôs a mão na coxa e desistiu de correr a primeira eliminatória dos 110 m com barreiras. Assisti à agonia de Fabiana Murer procurando sua vara pouco antes de ser eliminada de sua prova. E sua amiga, Yelena Isinbayeva, outra atleta que entrevistei alguns anos atrás, quebrar novamente um recorde mundial, o 24o de sua longa coleção que, acredito, ainda não está completa.

Em coletivas, conheci alguns mitos da pista e capmpo, como Michael Johnson (recordista mundial dos 400 m e, naquele dia, curtia suas últimas horas como recordista dos 200 m), Wilson Kipketer (recordista dos 800 m) e Mike Powell (recordista do salto em distância).

E, num momento surpreendente, pudemos (eu e mais uns poucos seis ou sete coleguinhas) conversar com Haile Gebrselassie no Ninho de Pássaro, em uma entrevista coletiva que virou quase uma exclusiva já que pouca gente apareceu.

Pude curtir várias partidas do torneio de vôlei de praia, esporte em que o que mais empolga o público, creio eu, são o grupo de dançarinas das Ilhas Canárias (que em Atenas usavam biquínis bem mais "brasileiros" digamos assim).

Estávamos aqui desde o início dos Jogos, quando parecia que os direitos humanos seriam um tema premente na Olimpíada. Contra todos os meus prognósticos e desejos, não foi. Quando a bola começou a rolar, de fato o que importou foi o esporte e seus personagens. Não vi nenhum atleta com pin, broche, bandeira ou declaração que soasse polêmica aos olhos do todo-poderoso Bocog (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim, na sigla em inglês).

E, contra outra previsão minha, não houve nenhuma comoção grande por conta da poluição. O céu de fato é branco. Não me arrisquei (nem tive tempo) a fazer treinos longos de corrida por aqui. Mas não vi nenhum atleta alegar asma induzida para seu mal desempenho atlético. Nem usando as mascarsa que chegaram a ser mostradas por atletas dos EUA. Mais um tema em que a imprensa ocidental gastou muita tinta e efetivamente não pegou.

Ah, em tempo, errei o vencedor da maratona (mas aí também seria um pouco demais, né?). Além disso, a Blanka Vlasic (salto em altura) também não me ajudou e protagonizou uma das maiores amareladas olímpicas, mesmo tendo nascido longe do Brasil e estando invicta havia uns dois anos.

Terminei meus prognósticos dos resultados do atletismo olímpico com o placar de 17 acertos e 30 erros (36% de aproveitamento). Pouco? Muito? Não sei. Mas foi a melhor maneira de ficar empolgado com a final do lançamento de disco masculino ou da marcha de 20 km feminina. Repetirei em outras edições dos Jogos.

Nenhum comentário: