Dia de cerimônia da bandeira da Rússia, na Vila Olímpica. Chego cedo. Afinal, a idéia é falar com o chefe de missão ou algum cartola local sobre os trocentos casos de doping que assolam o atletimso russo, um dos mais fortes do mundo, às vésperas do início dos Jogos (isso foi na quarta, dois dias antes da festa de abertura da Olimpíada).
Mas apesar de ter podido ficar atrás das arquibancadas na cerimônia da bandeira do Reino Unido, um dia antes, fui impedido de ter acesso sequer próximo ao local de execução do hino russo.
Um voluntário me jogava para um caminho, o outro me pedia para retornar ao anterior. Mesmo faltando cinco minutos para o início da cerimônia, os voluntários diziam que ela já tinha começado e não poderia entrar. Detalhe, estou falando da praça das bandeiras da Vila Olímpica, um lugar descampado, onde já tinha até posado para foto, dias antes.
Sem conseguir combinar nada antes da cerimônia, me resigno a esperar. Acabado o hasteamento da bandeira do time que deve ocupar o terceiro posto no quadro de medalhas aqui, me dirijo à entrada da praça das Bandeiras. Sou novamente impedido. Tenho que esperar os caras saírem de lá.
O problema é que a cartolagem ainda é convidada a entrar em um toldo para um coquetel de confaternização com os chineses. É, no caso do Reino Unido também não houve nada disso.
Adivinha se pude entrar? Pois é, após mais uma vez ter meu trabalho limitado pelos voluntários, não agüento e solto um básico: "Mas na Olimpíada de Sydney não foi assim [disse isso por puro palpite, não estava lá]. Em Atenas também não [nesta eu estava, e podíamos assistir à cerimônia de bandeira sentados com a delegação, algo inimaginável por aqui].
"São razões de segurança", justificou a voluntária, certamente me olhando como um potencial separatista georgiano pronto para agir contra a Rússia.
Essa foi demais retruquei que em Atenas já tinha havido o 11 de setembro, e nem por isso havia aquela palhaçada toda.
"Provavelmente aqui é assim porque essa será a maior Olimpíada de todos os tempos", justificou a chinesinha com seus discursos nacionalistas grandiloqüentes.
"Acho que provavelmente é porque seu país é o mais problemático de todos os tempos", retruquei, deixando a voluntária com cara de tacho.
Felizmente, consegui falar com o Vladimir Vasin, chefe de missão, pouco depois.
Música para o meu pai
Há um mês
Nenhum comentário:
Postar um comentário