O ala-pivô começou no Tietê, passando em seguida por Sírio e Corinthians, para o qual se transferiu em 1966 e participou de lendária equipe que contava ainda com Wlamir, Rosa Branca e Ubiratan.
Pela seleção brasileira, disputou quatro Mundiais. E, numa façanha que hoje parece irreal, subiu ao pódio em todos. Foi bicampeão em 1959 e 1963, vice-campeão em 1954 e medalha de bronze em 1967. Disputou ainda três Olimpíadas e conquistou o bronze em 1960 e 1964.
"Eu me lembro que foi o primeiro título mundial do Brasil. Foi aí que começou a melhor década do basquete brasileiro em todos os tempos. Porque naqueles anos, fizemos parte da elite do basquete. Em 1963 houve o bicampeonato mundial."
"Kanela era um líder por excelência. Não havia um jogador que era considerado o tal. Os mais conhecidos eram o Wlamir e eu. Mas o time era mais ligado na parte técnica, no conjunto. Ficamos três meses treinando. O time ficou alojado um mês e meio na Ilha das Enxadas, no Rio, uma base da marinha."
"Aos domingos, o time saía para almoçar fora e voltava. Para você ter uma idéia, o Kanela cortava a luz às 22h. A gente comprava lanterna para poder ler. Naquele tempo, defender a seleção brasileira era uma coisa romântica. Não havia verba para a gente. Só davam uma diária para lavar a roupa."
"A seleção queria conquistar títulos. O time esperava cumprir um bom papel no Chile. Tivemos algumas cobranças. Tínhamos perdido para a União Soviética por três pontos. Mas, por causa de alguns problemas políticos da União Soviética com a China, ganhamos o campeoanto."
"Até então, o Brasil sempre era o primeiro, segundo ou terceiro colocado. Por isso, esperava disputar o título no Chile. Depois daquela conquista, ainda ganhamos medalha olímpica em Roma e Tóquio."
"Sempre tínhamos em mente a disciplina tática. O jogo contra o Chile foi fácil. O estádio Nacional estava cheio. A vitória contra os Estados Unidos foi o mais difícil. Mas os Estados Unidos tinham enviado uma equipe de terceira categoria."
"Após o título, caímos na gandaia no Chile. Fizemos muito sucesso. Fomos comer churrasco, beber vinho. Varamos a noite. Na volta, o time foi de São Paulo para o Rio."
"Faltou renovação ao basquete brasileiro atual, o surgimento de bons jogadores. Até que temos alguns bons jogadores, temos potencial."
"Neste período todo da era Oscar, o Brasil privilegiou um só jogador, um arremessador de bolas. Basquete é um jogo de equipe. Ninguém vence uma equipe com um só jogador. Os resultados é a equipe que consegue. Esse tempo todo, o Oscar foi o cestinha, mas o Brasil não ganhou nada, a não ser um Pan."
"É uma imagem ruim como exemplo para os jovens jogadores. Jogar basquete não é só arremessar a bola na cesta. É preciso estar bem principalmente na defesa, colaborando, dando assistências."
"O Rosa Branca metia mais bolas de longe. Tenho amizade até hoje com os jogadores: Mical, Rosa Branca, eu, Jatyr, Edson Bispo, que depois virou treinador, inclusive da seleção brasileira. Nós ainda nos encontramos. Passei por Tietê, Sírio e Corinthians. Ainda jogo nos veteranos, participo de programas de implantação de basquete nas escolas e sou industrial."
Um comentário:
Grande Adalba,
Realmente, belas lembranças esta série de entrevistas com a turma campeã de 1959. Lembro-me bem daquela página dupla do Lance!, ficou um trabalho muito bonito mesmo. Estes caras merecem ser reverenciados sempre. E como as palavras do Amaury são lúcidas em relação ao período do Oscar na seleção!
Abração
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