
Foi em algum hotel chique de São Paulo, no qual consegui pegá-lo em contradição, perguntando para qual seleção torceria na Copa, depois da Nigéria (sua terra natal). "Para o Brasil, claro", respondeu o jogador.
Em Buenos Aires, dias antes, ele havia declarado, ao diário "Olé!", que seu segundo time seria a Argentina...

Foi quando Olajuwon se encantou com o relógio do fotógrafo que me acompanhava, o Reginaldo Castro, figuraça (ele é o mesmo profissional que quase foi agredido pelo atacante Adriano em recente treino do São Paulo).
Seu pulso era ornamentado por uma coisa medonha. O objeto havia sido comprado na Rua 25 de Março, por no máximo 10 reais. Tinha um mostrador enorme, com o logo da NBA. Pirataço!
Frequentador das lojinhas oficiais da liga americana, Olajuwon não conseguia compreender como nunca tinha visto um relógio semelhante. Não teve dúvida: virou para o Reginaldo e não resistiu, fazendo uma proposta indecorosa: "One hundred dollar."
Reginaldo não entendia nada. Eu, hiperenvergonhado, traduzi que o superpivô tinha oferecido uma grana pelo mimo. Diante da recusa do fotógrafo, Olajuwon subiu a oferta para US$ 150.
Era uma bela grana para tal bagulho, ainda mais para dois profissionais do Lance!. Secretamente até invejei aquele cacareco, mostrado com orgulho pelo Reginaldo dias antes. Mas fotógrafo estava irredutível, e frustrou os planos do pivô.
De volta à redação, após perder algum tempo no trânsito, duas retrancas me esperavam. Precisava escrever um abre na página de basquete sobre a visita do pivô e outro, no caderno de Copa na parte sobre o jogo da Nigéria, falando das reações de Olajuwon diante do fiasco de sua equipe naquela tarde.
Imediatamente me comuniquei com a redação carioca. Naquele dia era o Bernardo Pires Domingues quem estava fechando no Rio o poliesportivo (termo usado no Lance! para designar tudo o que não é futebol).
Disse a ele que sabia que estava atrasado, mas que mandaria as matérias por e-mail o mais rápido possível.
Foi o que fiz. Acho que em menos de meia hora já tinha escrito os dois textos (não é mérito nenhum, já que os abres de lá eram muito pequenos). Enviei. Berna responde quase em seguida: "Demorou".
Fiquei indignado com a ironia de meu colega carioca, que aliás não era dado a isso. Respondi com um raivoso: "Vai tomar no c..." ou algo do gênero.
O coleguinha ficou totalmente sem graça diante da minha reação. Pois é, naquele tempo não tinha a menor idéia que "demorou" em carioquês queria dizer algo como "legal", "valeu".
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