Depois de assoprar, a França voltou a morder a China. Um dia depois de o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pedir desculpas públicas aos chineses por conta de incidentes com a passagem da tocha por Paris, o prefeito da capital, Bertrand Delanoe, opositor do mandatário do país, entregou o título de cidadão honorário para o dalai-lama. Como se sabe, o líder tibetano é odiado por Pequim.
O governo chinês não demorou a agir, expressando sua insatisfação com o fato. "A China comunicou seu forte descontentamento e sua firme oposição à iniciativa da Prefeitura de Paris", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jiang Yu, em entrevista coletiva à imprensa.
"Essa decisão é uma grotesca ingerência nos assuntos internos da China e atenta gravemente contra as relações franco-chinesas", acrescentou. A China aconselhou o governo francês a "adotar medidas concretas para garantir as relações bilaterais".
A iniciativa do prefeito socialista, partido que se opõe a Sarkozy, anulou os esforços diplomáticos do presidente para diminuir a tensão entre os dois países.
O governo chinês havia aplaudido, horas antes, a carta de apoio do marido de Carla Bruni à chinesa Jin Jing. A atleta paraolímpica da esgrima, de 27 anos, tornou-se ícone em seu país depois de defender a tocha da fúria de manifestante pró-Tibete.
"Sarkozy solicitou ao presidente do Senado, Christian Poncelet, que entregasse uma carta a Jin Jing. Isso foi apreciado pelo povo chinês", declarou o mesmo Jian Yu.
Poncelet, em visita a Xangai na segunda-feira, dia 21, entregou pessoalmente a carta em que Sarkozy expressava consternação "pela maneira em que foi empurrada" em Paris no dia 7. "Você demonstrou uma coragem notável que te honra, e através de você, honra a todo o seu país", escreveu Sarkozy em seu esforço diplomático que acabou malogrado.
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